62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional
A ESCOLA PÚBLICA NO ENSINO MÉDIO CEARENSE: UM EXAME CRÍTICO DA GESTÃO E PLANEJAMENTO
EXPEDITO VITAL MARINHO JUNIOR 1
ANTONIA ROZIMAR MACHADO E ROCHA 1
1. UECE
INTRODUÇÃO:
O estudo apresenta resultados da pesquisa Gestão e Planejamento da Escola Pública de Ensino Médio Cearense, examinada no período de 1995 a 2006 e desenvolvida pelo grupo Educação, Cultura Escolar e Sociedade (EDUCAS). Elegemos como objetivo geral analisar as mudanças operadas pela proposta de modernização da gestão na dinâmica institucional da escola pública de ensino médio cearense, particularmente a escola Justiniano de Serpa, mediante processos de planejamento, no período de 1995 a 2006. De forma mais específica, pretendemos: examinar os fundamentos norteadores do planejamento da escola pública de ensino médio; analisar a dinâmica institucional da escola, com base nos instrumentos e processos de planejamento; investigar as contradições que emergiram na prática do planejamento escolar. A ênfase em torno da gestão como ferramenta da Reforma do Estado Brasileiro em prol da chamada modernização administrativa, desvelou um rico objeto de estudo. O ensino médio vem recebendo atenção distintiva, a citar, a elevação das taxas de acesso, a reforma curricular e a emergência de escolas tipicamente de ensino médio. A experiência no Ceará é emblemática ao sistematizar um instrumental de planejamento e gestão que aglutina as tendências nacionais e as imputam às unidades escolares.
METODOLOGIA:
A pesquisa de campo, de natureza qualitativa, apoiou-se no estudo de caso na escola estadual de ensino médio Justiniano de Serpa, localizada em Fortaleza. Utilizou como procedimento de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas a sete sujeitos escolares, sendo 3 gestores, 2 professores e 2 servidores. A revisão de literatura alicerçou-se no estudo das reformas do Estado (BRESSER PERREIRA, 1997, BEHRING, 2003, NOGUEIRA, 2005, FIORI, 1997, OSBORNE E GLAEBER, 1994, DRAIBE, 2001, DOWBOR, 2000), da educação (ADRIÃO, 2006, ALBUQUERQUE, 2005, BUENO, 2003), seus impactos na gestão escolar (KRAWCYCK, 2002, 2004, VIEIRA, 2002, SHIROMA, 2003), bem como as influências das teorias da administração nesta área (DRUCKER, 1993, TEIXEIRA, 1996, GAULEJAC, 2007, HELLER, 2001). Realizou-se, ainda, coleta e análise de documentos, como leis, programas e projetos relacionados à modernização da gestão e do planejamento, bem como sobre a escola de ensino médio pesquisada. A intenção foi desvelar a complexa e contraditória trama social e política pela qual as diretrizes se fazem expressão da esfera socioeconômica, percebendo forças em luta no processo e estabelecendo relações com o conjunto dos dispositivos legislativos e governamentais vigentes.
RESULTADOS:
Conhecer o modelo de gestão e planejamento operado na escola pesquisada ofereceu elementos importantes para a compreensão da lógica que preside o atual projeto educativo da escola de ensino médio. Ao analisar o planejamento dessa escola, constatamos uma estreita aproximação deste com os mecanismos da proposta de modernização administrativa, eleita como premissa que funda as formas de gestão no interior da escola pública. Sob o escopo dessa proposta, a gestão passa a ancorar-se numa perspectiva pragmática, esteirada no produtivismo, atropelando o projeto educativo cuja base se funda na reflexão e na construção de uma escola que priorize a concepção de homem como centro do processo ensino-aprendizagem.
CONCLUSÃO:
Acredita-se que a análise das mudanças encaminhadas pelas propostas de modernização da gestão, mediante processos de planejamento da dinâmica institucional da escola pública de ensino médio, no período de 1995 a 2006, certamente contribuirão para orientar políticas mais centradas na melhoria da qualidade do ensino, em especial, da escola média. Nesse sentido, entende-se que a investigação apresenta potencial explicativo da realidade educacional em suas múltiplas dimensões e relações. Por conseguinte, concluímos que as reformas educacionais são conseqüências do processo de reestruturação do Estado brasileiro, cujos pilares de sustentação se apóiam, sobretudo, nas demandas do capitalismo em crise. As mudanças propostas reivindicam do gestor educacional uma postura proativa diante da necessidade de adequar a escola aos interesses econômicos internacionais. Nesse sentido, o projeto educativo da escola, particularmente a de ensino médio por nós analisada, tende a se moldar ao reducionismo do mercado de trabalho, suplantando o projeto de formação humana integral, apoiado na socialização dos saberes acumulados na história dos homens.
Instituição de Fomento: UECE
Palavras-chave: GESTAO, REFORMA DO ESTADO, ENSINO MEDIO.