62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 1. Anatomia Vegetal
ASPECTOS GERAIS DA MORFOLOGIA INTERNA DAS ANTERAS EM Schlechtendalia luzulifolia Less (ASTERACEAE BERCHT. & J. PRESL)
Missiani Ciochetta de Mello 1
Claudimar Sidnei Fior 2
João Marcelo Santos de Oliveira 3
1. Curso de Ciências Biológicas -CCNE/Universidade Federal de Santa Maria - UFSM/RS
2. Jardim Botânico de Porto Alegre, Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, POA
3. Prof. Dr. /Orientador - Lab. Botânica Estrutural, Depto. de Biologia - CCNE/UFSM
INTRODUÇÃO:
Schlechtendalia luzulifolia Less., conhecida popularmente por bolão-de-ouro, possui porte herbáceo e ereto, os capítulos possuem flores amarelas e os frutos são cipselas densamente pilosas. Ocorre no sul do Brasil, Uruguai e nordeste da Argentina. Atualmente encontra-se em perigo de extinção da flora do Rio Grande do Sul. S. luzulifolia pertence à subfamília Barnadesioideae, considerada basal para Asteraceae. A subfamília, portanto, possui grande importância para a compreensão da evolução de Asteraceae, que pode ser descrita através de aspectos morfológicos de seus órgãos reprodutivos. A embriologia, estrutura polínica, embriogênese, anatomia do fruto em Asteraceae é bem conhecida e possui uma ampla literatura, principalmente para Cichorioideae e Asteroideae. Contudo, a subfamília Barnadesioideae, não recebeu nenhuma atenção em seus aspectos embriológicos, embriogênicos ou sobre a anatomia do fruto. Cabe salientar que apenas a morfologia dos grãos de pólen possui literatura relevante na subfamília. Assim, com o presente trabalho pretende-se descrever o padrão de formação dos androsporângios e a androsporogênese como estudo básico, visando, futuramente, obter informações para melhor compreender a evolução dos caracteres morfológicos, bem como as relações filogenéticas no grupo.
METODOLOGIA:
Inflorescências de Schlechtendalia luzulifolia foram coletadas no município de Tapes, RS, com o auxílio do Jardim Botânico de Porto Alegre, em outubro de 2008 e novembro de 2009, e conduzidas para análises no Laboratório de Botânica Estrutural do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O material foi fixado em solução de glutaraldeído 1% e formaldeído 3,7%, em tampão fosfato de sódio 0,1M, pH 7,2, seguido de lavagem no mesmo tampão do fixador, lavagem em água destilada, lavagem em solução de Tween20 2ml/L. Posteriormente foi feita desidratação em série etílica, seguido de lavagens em soluções com álcool e clorofórmio. A inclusão das flores e/ou inflorescências foi realizada em 2-hidroxietilmetacrilato. Secções foram realizadas em micrótomo rotativo Jung AG, na espessura de 5mm, e coradas com Azul de Toluidina O, na concentração de 0,05%, em tampão benzoato de sódio, pH 4,4. As lâminas histológicas foram analisadas em microscópio óptico Olympus CH30, no qual o material foi fotomicrografado.
RESULTADOS:
As flores de S. luzulifolia possuem cinco estames férteis e sinânteros na maturidade. As anteras maduras possuem quatro esporângios, agrupados em pares em duas tecas. Durante a formação dos esporângios, a camada parietal primária se divide, dando origem as camadas parietais secundárias externa e interna. A primeira se divide dando origem ao endotécio e a camada média e a segunda se diferencia em tapete. Durante essa fase do desenvolvimento ocorre aumento do número de células arquesporiais por mitose. Estes aspectos gerais do desenvolvimento do esporângio são similares aos observados em outras espécies, embora a mitose nas células arquesporiais não seja comum em todas as espécies. A seguir ocorre crescimento das células tapetais e das células arquesporiais, as quais possuem densidade citoplasmática similar, embora o volume das células arquesporiais seja marcadamente maior. Ao final do desenvolvimento os esporângios possuem, além da epiderme, endotécio, uma camada média e tapete cujas células podem ser uninucleadas e binucleadas em um mesmo esporângio. O conectivo é composto por um tecido parenquimático, onde ocorre um feixe vascular colateral. Durante a maturação dos esporângios, ocorre à compressão total da camada média, a qual pode ser completamente destruída.
CONCLUSÃO:
Os resultados obtidos com este trabalho são inéditos para a espécie. Mas, de maneira geral, são similares aos já descritos para outras espécies na família. Assim, de maneira geral, o padrão de desenvolvimento dos androsporângios, na família pode ser considerado como dicotiledôneo. À compressão da camada média é provavelmente causada pelo grande crescimento do tapete e células arquesporiais. A presença, em um mesmo esporângio, de células uni e binucleadas ainda não havia sido descrita para a família. Embora a ploidia dos núcleos não tenha sido analisada em detalhe no presente trabalho; na família é usual a descrição de células tapetais com núcleos poliplóides. Por isso, a ampliação dos estudos em espécies de Barnadesioideae, que possuem poucos estudos até o momento, como as espécies de Dasyphyllum, por exemplo, ocorrentes na região sul do Brasil, podem render novos caracteres morfológicos os quais podem auxiliar a compreensão da evolução dos caracteres morfológicos em Asteraceae.
Instituição de Fomento: FIPE - UFSM
Palavras-chave: Asteraceae, morfologia interna da antera, desenvolvimento dos androsporângios.