62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
PREVALÊNCIA DA CO-INFECÇÃO DENGUE E VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA
Marcos Roberto Dias Machado Junior 1
Rayssa Yasmin Pereira Sauaia 1
Lorena Borges Duailibe de Deus 1
Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco 1
Luiz Claudio Pannuti 2
Conceição de Maria Pedrozo e Silva de Azevedo 1
1. Universidade Federal do Maranhão -UFMA
2. Universidade de São Paulo - USP
INTRODUÇÃO:

A associação entre o vírus da imunodeficiência humana e doenças endêmicas tem sido descrita com frequência cada vez mais elevada no Brasil. Em muitas dessas circunstâncias é observada uma expressiva mudança na história natural, tanto da doença endêmica quanto da infecção pelo HIV. Na co-infecção do vírus da Imunodeficiência Humana com a leishmaniose, bem como com a malária por plasmodium falciparum, há elevação significativa na replicação viral do HIV. Existem relatos na literatura de supressão da replicação desse vírus em pacientes com sarampo e tifo dos cerrados. Em 2003 um estudo observou redução transitória na carga viral do HIV durante co-infecção com o vírus da dengue. Recentemente foi comprovado que a proteína NS5 do vírus da dengue inibe a replicação do HIV in vitro. O objetivo do presente estudo é avaliar o impacto da co-infecção entre o vírus da Imunodeficiência Humana e o vírus da dengue. A escassa literatura acerca dessa co-infecção reforça o interesse pela pesquisa.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi realizada no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do Centro de Saúde Fátima. Nesta unidade de saúde são acompanhados, mensalmente, 630 indivíduos com infecção pelo HIV/AIDS. Estes indivíduos realizam controle de carga viral do HIV e de contagem de linfócitos CD4 a cada 3 ou 4 meses. Foi realizado um estudo transversal, prospectivo, analítico e descritivo sobre a prevalência de anticorpos para o vírus da dengue em indivíduos portadores do HIV/AIDS. Dados de identificação, socioeconômicos, terapia antiretroviral, contagem de linfócitos CD4 e carga viral foram obtidos através de prontuários e questionários. Concordaram em participar da pesquisa 411 pacientes que tiveram amostras de sangue coletadas por um profissional do laboratório do Centro de Saúde para pesquisa de anticorpos de classe IgG contra o vírus da dengue. Essas amostras foram encaminhadas ao Laboratório Central (LACEN) de Saúde Pública do Maranhão e enviadas ao Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) para isolamento viral e sorologia para dengue.

RESULTADOS:

Em relação ao gênero, 226 (55,2%) são do sexo masculino, 341 (83%) residem em São Luis, 337 (82%) fazem uso regular de TARV, sendo AZT+3TC+EFZ, AZT+3TC+LPV/RTV e AZT+3TC+ATZ/RTV, em 34,7%, 9,5% e 8,3% dos casos, respectivamente. Apenas 385 (93,6%) possuem registros da carga viral e 400 (97,3%) de CD4. A 1° dosagem da carga viral é detectável em 354 (91,9%) e a última em 230 (59,7%). A média da 1° e da última contagem de linfócitos CD4 é 355 e 457 células/ mm³, respectivamente. A prevalência da infecção pelo vírus da dengue é 375 (91,2%), apenas 36 (8,8%) são soronegativos. Entre os soropositivos, 301 (80,5%) fazem uso regular de TARV e estão disponíveis carga viral e CD4 em 353 (94,1%) e 366 (97,6%) pacientes respectivamente. A primeira carga viral é detectável em 322 (91,5%) e a última em 204 (57,8%). A média da 1° contagem de linfócitos CD4 é 335 e da última 457 células/mm³. Entre os soronegativos, 35 (97,2%) fazem uso regular de TARV, 32 (88,8%) possuem carga viral e 34 (94,4%) CD4. A 1° dosagem de carga viral é detectada em 31 (96,9%) e a última em 26 (81,3%). A média da 1° dosagem de CD4 é 579 e da última 455 cel/mm3. Não há, na literatura consultada, estudos de soroprevalência da dengue em indivíduos com HIV, até o presente momento.

CONCLUSÃO:

A prevalência de dengue em indivíduos infectados pelo HIV na população em estudo é de 91,2%. A soropositividade para dengue está associada uma menor carga viral do HIV e maior contagem de linfócitos CD4, o que pode refletir um melhor estado imunológico.

Palavras-chave: Dengue, HIV, Impacto.