62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
FORMAÇÃO DIFERENCIADA E GRUPOS DE PESQUISA: O QUE VEM ACONTECENDO NA UNIVERSIDADE NESSE SENTIDO?
Pedro Mansueto Melo de Souza 1
Anna Kelly Krislane de Vasconcelos Pedrosa 1
Thiago Halley Santos de Lima 1
Silvia Maria Nóbrega-Therrien 1
1. Universidade Estadual do Ceará / UECE
INTRODUÇÃO:
Os grupos de pesquisa surgidos nas universidades têm proporcionado aos alunos de graduação uma formação diferenciada. Esse tipo de formação tem se fomentado nos ambientes de vivência de ensino e pesquisa, mais significativamente nos grupos onde a teoria e a prática "atadas" encontram terreno fértil. Não se pode negar o papel dos incentivos provenientes de instituições de fomento às pesquisas e o trabalho de professores/pesquisadores na criação e condução destes grupos. Este estudo, que faz parte de um projeto maior intitulado "Pesquisa como princípio educativo: o ensino pela pesquisa e a gestão pedagógica dos saberes na docência universitária na área da saúde", teve como objetivo verificar como se encontra a política de incentivo à pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mais especificamente, buscou mapear e caracterizar os grupos de pesquisa existentes, a expansão de bolsas de iniciação científica e a identificação de estratégias de incentivo à pesquisa desenvolvidas nesta instituição nos últimos quatro anos (2006-2009).
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva e de natureza quantitativa. Foram analisados dados disponíveis nos sítios eletrônicos do Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (DGP-CNPq) e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (PROPGPq-UECE). Os dados coletados foram complementados com uma entrevista realizada com o Diretor do Núcleo de Pesquisa da PROPGPq-UECE para esclarecimentos de dúvidas sobre a política de incentivo a pesquisa nesta instituição.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos apontam que o número de grupos de pesquisa aproximadamente dobrou no País, no período de 2000 a 2008. No Brasil, o número de grupos de pesquisa saltou de 11.760 para 22.797, enquanto no Nordeste passou de 1.720 para 3.863, e no Ceará de 253 para 487. Dessa forma, o crescimento percentual foi maior na região Nordeste (124,59%) do que no Brasil (93,85%) e no Ceará (92,49%). No período de 2006 a 2009, o número de grupos de pesquisa na UECE passou de 73 para 88, representando um aumento de 20,55% em três anos. Quanto às bolsas de iniciação científica ofertadas aos pesquisadores da UECE neste mesmo período, houve um aumento de 43,58% (passando de 335 para 481). Esse aumento deve-se especialmente ao incremento substancial do número de bolsas de iniciação científica custeadas pela própria instituição (Programa IC-UECE), que saltou de 50 para 176, ou seja, mais que triplicou em apenas 3 anos. Por outro lado, a solicitação de bolsas por pesquisadores manteve-se praticamente constante (de 810 para 827, representando um crescimento de apenas 2,1%), permitindo uma redução da demanda reprimida, isto é, do número de bolsas requisitadas e que não foram cedidas, que antes era de 58,64% em 2007-2008, e agora alcançou o percentual de 43,01% no período 2009-2010.
CONCLUSÃO:
Concluí-se que o maior crescimento de grupos de pesquisa da região Nordeste demonstra uma tendência de descentralização da pesquisa, antes concentradas nas regiões Sul e Sudeste. Contudo, a pesquisa no estado do Ceará não consegue seguir essa mesma tendência de crescimento da região Nordeste, evidenciado pelo crescimento um pouco inferior ao do Brasil como um todo. A falta de dados anteriores ao ano de 2006 sobre os grupos de pesquisa da UECE nos impossibilita de fazer uma análise mais pontual no que se refere a esta tendência de descentralização. Mas os dados dos últimos três anos mostram que o número de grupos de pesquisa desta instituição cresce ao menos na mesma proporção do restante do Brasil. Mais salutar é o fato da oferta de bolsas de iniciação científica estar crescendo vigorosamente, acompanhando a expansão dos grupos de pesquisa. Concluí-se, portanto, que a grande expansão de grupos de pesquisa e de programas de bolsas de iniciação científica, evidencia a crescente importância atribuída á formação diferenciada pela universidade, servindo de estímulo á formação de estudantes/profissionais reflexivos, jovens pesquisadores capazes de articular o que aprenderam na relação ensino e pesquisa para o aprimoramento de sua formação profissional permanente.
Palavras-chave: Formação Diferenciada, Grupos de Pesquisa, Iniciação Científica.