62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
SAÚDE REPRODUTIVA: CONHECENDO PRÁTICAS DE AUTOCUIDADO DE ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM
Silvia Cristina da Silva Lima 1
Lourdes Missio 1
1. Universidade Estadual De Mato Grosso do Sul
INTRODUÇÃO:
Saúde pode ser definida como completo estado de bem-estar físico mental e social, e não a mera ausência de doenças. Neste contexto, a saúde reprodutiva implica em que as pessoas sejam capazes de uma vida sexual segura e satisfatória, que tenham a capacidade de reproduzir-se e a liberdade para decidir quando e com que freqüência fazê-lo. A equipe de Enfermagem, ao desenvolver o cuidado pode fundamentar suas ações na teoria de autocuidado proposta por Orem, a qual menciona que, o alcance do autocuidado é um processo aprendido, é uma prática da pessoa para si mesma na qual o indivíduo deve ser livre para aprender, para utilizar ou rejeitar o que lhe é oferecido. Então, a essência do objetivo do autocuidado é o autocontrole, a liberdade, a responsabilidade do indivíduo e a busca pela melhoria de sua qualidade de vida. Este estudo teve como objetivo conhecer as práticas de autocuidado de acadêmicos do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) em relação à saúde reprodutiva. Propôs, também, conhecer suas práticas de autocuidado relacionada a prevenção dos cânceres de mama, útero e próstata; prevenção de DST/AIDS e sexo seguro; aos hábitos alimentares e as práticas de atividade física e lazer desses alunos.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi desenvolvida com enfoque qualitativo, por ser uma metodologia que trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. O estudo foi desenvolvido com acadêmicos do terceiro e quarto ano do Curso de Graduação em Enfermagem da UEMS, na cidade de Dourados/MS, no período de setembro de 2008 a junho de 2009. Para a coleta de dados utilizamos um questionário auto-aplicavel, semi-estruturado com questões abertas e fechadas. Para a validação do instrumento foi realizado um pré-teste com 02 alunos de outros cursos da Instituição, e realizado os ajustes necessarios para o cumprimento dos objetivos propostos. Participaram da pesquisa 40 alunos sendo 20 matriculados no 3° ano e 20 no 4° ano presentes no dia estipulado para a aplicação do instrumento da pesquisa e que consentiram a participação no estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram tabulados, analisados e agrupados em unidades temáticas. A proposta da pesquisa foi aprovada pelos Órgãos competentes da Universidade
RESULTADOS:
Houve predomínio de acadêmicos do sexo feminino e idade média de 20 anos, com renda familiar em torno de R$ 1.000,00. A maioria possui vida sexual ativa. Entre estes, todos relataram fazer uso de algum método contraceptivo e a pílula anticoncepcional é o método mais utilizado, embora se recomende sempre a dupla proteção. Em relação ao possível contágio de alguma DST's, 87.5% afirmaram não possuir dificuldade em prevenir-se, mas quando perguntado se achavam que possuíam algum risco 60% disseram que sim, mencionando ter relação sexual sem preservativo. Possuem dificuldade em manter uma alimentação adequada, pois como o curso é integral, a maioria referiu não poder se alimentar bem por falta de tempo. Na prevenção de cânceres apenas 40% realizam regularmente exames como papanicolau, auto-exames das mamas e testículos. Relatam não praticar exercícios físicos devido ao tempo de permanência na universidade. A atividade física e a alimentação saudável estão indiretamente ligados na manutenção da saúde reprodutiva e é de muita importância que os acadêmicos de Enfermagem adquiram esses hábitos. O ensino de saúde tem sido um desafio no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida.
CONCLUSÃO:
Acreditamos que os acadêmicos da área da saúde, especialmente os da área da Enfermagem, nosso foco de estudo, na sua trajetória dentro da graduação devem se apropriar de um embasamento teórico amplo, a fim de adotarem hábitos saudáveis relacionados à manutenção da saúde e colocá-los em pratica. Por outro lado, observamos com esta pesquisa que, mesmo com o prévio conhecimento nem sempre os acadêmicos adotam as práticas de uma vida saudável. A educação em saúde é função de todos os profissionais de saúde, e devem abordar e priorizar os fatores de risco associados, mudanças no comportamento sexual, promoção e adoção de medidas preventivas com ênfase na utilização adequada do preservativo em toda relação sexual. Mesmo com todo embasamento teórico, as orientações recomendadas pelo Ministério da Saúde e repassadas diariamente à população, não são praticadas ou, simplesmente, são "esquecidas" pelos profissionais responsáveis por esse atendimento. Desta forma, como exigir que a população em geral siga essas recomendações? Afinal é preciso, antes de tudo, que acreditemos e pratiquemos, para termos respaldo para cobrar a credibilidade e a prática que julgamos necessária para a contribuição efetiva na melhoria da saúde e qualidade de vida das pessoas.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual de Mato Grosso do sul
Palavras-chave: Saúde, Educação em Saúde, Autocuidado.