62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
MATEMÁTICA EMOCIONAL: IMPLICAÇÕES PARA A APRENDIZAGEM
Tânia Gusmão 1
Humberto P. Gusmão de Moura 1, 2
Kaline de Brito Viana 1
Magna Mendes Nunes 1
1. UESB
2. FAINOR
INTRODUÇÃO:
Na atual sociedade, há uma herança cultural questionável, influência do positivismo, que concebe algumas emoções como danosas para a nossa vida. A escola, por vezes, cumpre um papel de (re)alimentar essa visão que a sociedade carrega sobre as emoções, que sob certas circunstâncias podem influenciar negativamente os processos de raciocínio. Há um desconhecimento de como funcionam os processos emocionais, qual a sua natureza e como se manifestam, e que tem levado professores e alunos a apresentarem dificuldades no trato com as emoções na sala de aula. Para mostrar que "o bicho não é tão feio quanto se pinta", este projeto tem por objetivo conscientizar professores e alunos sobre a influência das emoções no processo de ensino-aprendizagem da matemática, proporcionando-lhes ações concretas (encontros para discutir a temática e experimentar métodos e técnicas alternativas) para ajudá-los a lidar com os processos emocionais. O projeto é relevante à medida que se pretende a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem da matemática.
METODOLOGIA:
Optou-se por uma pesquisa qualitativa, ao entender que a visão cartesiana e a positivista no final do século passado e início deste é descartada pelo surgimento de novos paradigmas, em que se percebe grandes avanços nos estudos dos problemas de ordem social, político, cultural e educacional. Os dados da pesquisa foram coletados em três etapas: na primeira, foi aplicado um questionário a 17 professores do ensino básico da rede pública do município de Vitória da Conquista, na Bahia, a fim de indagar as concepções desse professorado sobre a matemática e as emoções; na segunda, foram realizados vários encontros, na modalidade de curso de extensão, com 60 professores, para instruí-los em uma matemática emocional, sendo discutida parte da teoria sobre as emoções e realizado um trabalho de vivência por meio da aplicação de métodos e técnicas alternativas, como dramatizações, desenhos e construção de poesias, para trabalhar as emoções; na última etapa, que ocorreu paralelamente a segunda, os professores aplicaram questionários a seus respectivos alunos, um total de 350 estudantes. Os resultados das análises dos dados coletados foram apresentados aos professores que também puderam expressar suas opiniões sobre as conclusões obtidas.
RESULTADOS:
Os resultados desta pesquisa parecem confirmar um estado de desconhecimento, por parte dos professores e dos alunos, a respeito da influência das emoções na aprendizagem de matemática. Embora 95% dos professores percebam a influência das emoções na matemática, esta é vista como negativa, provocadora de bloqueios e traumas, ou seja, as emoções são danosas. Essa parece ser a visão que renega as emoções no aprendizado de matemática. No desenvolvimento do curso de formação para uma educação emocional em matemática, professores manifestaram, em princípio, uma concepção ainda cartesiana da matemática, imbuída de regras e operações, a priori, que pela razão podem-se resolver os problemas matemáticos e revelaram suas carências sobre a temática, enfatizando a necessidade de um trabalho direcionado para as emoções, as crenças e as atitudes no que concerne à matemática. A avaliação final do curso parece mostrar o efeito de uma formação orientada para as emoções, uma maior clareza por parte dos professores a respeito da temática e uma consciência coletiva de que é preciso dirigir atenção a esses aspectos.
CONCLUSÃO:
A primeira etapa aponta os discursos contraditórios de professores que reafirmam uma visão cartesiana sobre as emoções. A segunda parece indicar uma aprendizagem significativa por parte dos professores que participaram do curso de formação e o seu compromisso de ajudar os seus alunos a lidar com as emoções em sala de aula. A última etapa, ainda em fase de análise, parece mostrar que as emoções influenciam a aprendizagem da matemática e que esses estudantes não têm consciência de como acontece essa influência. De modo geral, para melhor ou para pior, o fato é que, as emoções interferem na relação professor-aluno, aluno-aluno, aluno-matemática, professor-matemática e, nesse sentido, é preciso pautar essas discussões no âmbito da formação de professores e no desenvolvimento do currículo.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq
Palavras-chave: Formação de professores, Educação Matemática, Processos afetivo-emocionais.