62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DO CAPIM ELEFANTE PELO BAGAÇO DE CAJU DESIDRATADO (BCD) NA DIETA DE BORREGOS SANTA INÊS
Alline Barbosa Leal 1
Davide Rondina 2
Fabiana Vinhas Rodrigues 3
César Carneiro Linhares Fernandes 1
Igor de Lima Medeiros 1
Lucas Diniz Gonçalves 1
1. Graduando da Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará /UECE
2. Prof. Adjunto da Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará/UECE
3. Mestrando da Faculdade de Veterinária-PPGCV,Universidade Estadual do Ceará /UECE
INTRODUÇÃO:
A produção de carne ovina no nordeste brasileiro esta aquém do seu potencial, principalmente, devido à forte dependência que os sistemas de produção desta espécie apresentam em relação à vegetação nativa como fonte de alimentação. É durante a estação seca que a quantidade e a qualidade da forragem diminuem, afetando diretamente o potencial reprodutivo e produtivo de ovinos. A escassez alimentar é o principal fator limitante durante períodos críticos do ciclo reprodutivo desses rebanhos, como acasalamento, gestação e amamentação. A grande quantidade de subprodutos gerados na agroindústria, como o bagaço de caju, possibilita estratégias nutricionais que visam a utilização destes como alternativas para fundamentar a base alimentar de pequenos ruminantes. Sendo assim, a terminação de borregos em confinamento pode ser uma alternativa viável, desde que os custos com alimentação sejam compatíveis com os benefícios. Diante disto, o objetivo deste estudo foi avaliar o ganho de peso e as medidas corporais de borregos Santa Inês terminados em confinamento e alimentados com bagaço de caju desidratado (BCD), em substituição ao volumoso tradicionalmente utilizado nessa região.
METODOLOGIA:

O experimento realizou-se na Fazenda Experimental Campo da Semente, situada no município de Guaiúba-Ce. Para tanto, doze borregos machos inteiros, nascidos de parto simples e gemelares, desmamados aos 40 dias, com pesos homogêneos (8,41 ± 0,71 kg) e desparasitados, foram divididos em dois grupos experimentais e alojados em duas baias coletivas. Os animais eram alimentados duas vezes ao dia ad libitum, permitindo-se uma sobra de 20%. A dieta do grupo controle era baseada em capim Elefante (75%) e concentrado comercial (25%); no grupo tratamento, a dieta era composta de capim Elefante (25%) + concentrado comercial (25%) + BCD(50%). Os animais tinham livre acesso à água potável e ao sal mineralizado. Os borregos foram pesados e medidos quinzenalmente até a idade de 7 meses para a determinação do desenvolvimento ponderal. As medidas morfológicas anotadas foram perímetro do tórax (PT), largura do tórax (LT), altura do tórax (AT) e comprimento do corpo (CC), de acordo com metodologia descrita por Osório (1992). Para testar o efeito da inclusão de bagaço de caju na dieta foi utilizada ANOVA através do procedimento GLM do programa SAS. Os valores foram expressos como média ± EP, sendo considerados significativos quando P < 0,05.

RESULTADOS:

Todos os animais tornaram-se mais pesados e com medidas crescentes com o avanço da idade, sendo estas compatíveis com os valores descritos para esta categoria na bibliografia específica para a raça Santa Inês. Contudo, houve vantagem do grupo alimentado com BCD em relação ao grupo controle em todas as faixas etárias (P<0,001). O peso corporal é usualmente utilizado para predizer o rendimento de carne. Por outro lado, as medidas morfométricas corroboram para a determinação do peso total do animal in vivo, fazendo parte dos critérios de seleção daqueles indivíduos melhoradores para essa característica. Nesse estudo, os animais pertenciam ao mesmo tipo racial e tinham exatamente a mesma idade. Atribuímos, portanto, a diferença das dietas como fator determinante dessas diferenças. Em estudo anterior, onde comparou-se quatro grupos genéticos de ovelhas alimentadas de maneira tradicional, observou-se que com aproximadamente 1 ano de idade o peso variava entre 26,14 e 28,42 Kg, o que nos dá a indicação de que os borregos alimentados com BCD, comparativamente, atingiram pesos superiores aos verificados pelo estudo supracitado com menos de 8 meses de idade (31,70 ± 0,4 Kg), reforçando a pontencialidade de utilização desse tipo de subprodutos para borregos em fase de recria.

CONCLUSÃO:

Diante do que foi exposto, concluiu-se que a utilização de bagaço de caju desidratado em substituição ao capim elefante obteve êxito nos parâmetros referentes ao ganho de peso e medidas corporais, em todas as idades analisadas, de borregos Santa Inês terminados em confinamento.

Instituição de Fomento: Iniciação Científica / UECE (Universidade Estadual do Ceará)
Palavras-chave: Bagaço de caju desidratado, Capim Elefante, Borregos Santa Inês.