62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MODULADORA DA ISOFLAVONA SOBRE O FÁRMACO GLUCANTIME® ATRAVÉS DO TESTE DO COMETA in vivo.
Ludymila Furtado Cantanhêde 1
Ananda Regina Pereira Martins 1
Andressa Campos de Sousa 1
Jair Francisco Mendes Júnior 1
Laís Pinheiro de Almeida 1
Silma Regina Ferreira Pereira 1
1. Depto. de Biologia,Univ. Federal do Maranhão. / UFMA
INTRODUÇÃO:
Alguns compostos possuem características de proteger a célula ou agir diretamente no agente indutor de mutação, impedindo a instalação do dano no DNA. O termo antimutagênico é usado para descrever esses agentes que reduzem a frequência de mutações. As Isoflavonas, encontradas em altas concentrações na soja, são compostos fenólicos que apresentam estrutura química semelhante com o estradiol, ligando-se aos receptores de estrógeno. Possuem então a habilidade de imitar os estrógenos, apresentando propriedades fisiológicas que atraem a atenção de pesquisadores para a reposição hormonal, além das propriedades antioxidantes e também de inibir várias enzimas envolvidas na carcinogênese. O Glucantime® é o principal fármaco recomendado pela OMS e pelo Ministério da Saúde do Brasil para o tratamento das formas clínicas das leishmanioses, apesar de sua reconhecida toxicidade. Recentemente foi observado o seu potencial genotóxico in vivo, após sua redução da forma pentavalente para trivalente nos macrófagos de camundongos. Este trabalho avaliou a ação moduladora da isoflavona sobre a genotoxicidade do fármaco Glucantime® pelo teste do cometa in vivo.
METODOLOGIA:

Foram utilizados camundongos Swiss (30g) mantidos no Biotério Central da UFMA sob condições controladas de luz (ciclo de 12h), temperatura (26+2ºC), umidade relativa (44-56%) e com livre acesso a alimentação esterelizada e água. Na avaliação genotóxica, foram utilizados grupos de 10 animais (machos e fêmeas) para cada um dos seguintes tratamentos: 1) Glucantime® (425 mg/kg de SbV), 2) Ciclofosfamida, como controle positivo (50mg/kg), 3) Isoflavona (8mg/kg), 4) Isoflavona (4mg/kg), 5) Isoflavona (2mg/kg). Para avaliação antimutagênica, realizou-se o tratamento simultâneo dos animais com Isoflavona, administrada por gavagem, nas 3 doses acima descritas e injetou-se intraperitonealmente 0,1 mL/10g peso corpóreo de Ciclofosfamida (50mg/kg) ou Glucantime® (1500mg/kg) totalizando oito grupos experimentais. No controle negativo utilizou-se água destilada com o mesmo tratamento. As células foram colhidas após 24 horas após o tratamento, seguidas pelo protocolo do Ensaio do Cometa (etapas de lise das membranas, eletroforese, neutralização e fixação das lâminas). Foram analisados 100 nucleóides por lâmina em microscopia de fluorescência, separados em 5 classes de acordo com o seu nível de dano. Os dados foram avaliados pelo Teste de Kruskal-Walls seguido do teste Student-Newman-Keuls.

RESULTADOS:
O estudo constatou que a Isoflavona na dose de 8mg/kg não apresentou diferenças significativas em comparação a Ciclofosfamida, apresentando ação mutagênica. Trabalhos utilizando o teste do Micronúcleo e teste de Ames relataram a indução de aberrações cromossômicas ocasionadas pela genisteína (predominante nos alimentos que contém isoflavonas) de forma dose-dependente. Entretanto, nas doses de 4mg/kg e 2mg/kg de Isoflavonas avaliadas simultaneamente com o Glucantime® notou-se uma redução significativa de danos no DNA comparados com a dose de Glucantime® isolada. A descoberta de novos agentes genotóxicos é crucial na área da mutagênese, mas também devemos estudar os mecanismos de ação e como os efeitos podem ser reparados. Alguns compostos podem ter sua ação modificada de acordo com a sua dose, ou ainda que a utilização simultânea de um segundo agente pode amenizar danos causados ao DNA.  Idéias ajudam a pensar que somente agentes químicos manufaturados podem oferecer riscos ao DNA e que compostos naturais não poderiam nos oferecer risco algum. No campo da mutagênese ambos podem induzir danos no DNA. Drogas muito utilizadas para enfermidades podem ocasionar mutações no material genético, sendo importante o estudo de outros compostos para reparar ou proteger o material genético.
CONCLUSÃO:
Nossos dados reforçam a ação mutagênica do fármaco Glucantime® e a ação antimutagênica da Isoflavona na dose de 4mg/kg de tal maneira que esta diminui o nível de danos ocasionados pelo Glucantime®.
Instituição de Fomento: Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Isoflavona, Teste do Cometa, Glucantime®.