62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia
PSICOLOGIA EDUCACIONAL E ESCOLAR - DESVALORIZAÇÃO OU DESINFORMAÇÃO - QUAL A PERCEPÇÃO DO ACADÊMICO DE PSICOLOGIA EM RELAÇÃO A ESTA ÁREA DE ATUAÇÃO?
Andressa Silva Rebouças 1
Maria do Socorro Lacerda Gomes 2
1. Universidade Federal de Roraima (Depto. De Psicologia / UFRR).
2. Universidade Federal de Roraima (Profa. MSc./Orientadora - Depto. de Psicologia)
INTRODUÇÃO:

Tomando como referência inúmeras pesquisas que apontam o campo da Psicologia Escolar e Educacional como um dos mais tradicionais, mas um dos menos escolhidos durante a formação universitária percebeu-se a necessidade de verificar como os acadêmicos de Psicologia da Universidade Federal de Roraima - UFRR concebem as possibilidades de atuação e percebem esta área de formação. Esta pesquisa científica teve seu foco na investigação das especificidades existentes na qualificação profissional do psicólogo escolar/educacional, especialmente no que concerne à consolidação de uma identidade promotora de uma atuação que privilegie o desenvolvimento de competências tendo em vista a complexidade do sistema educacional brasileiro. Neste sentido, buscou-se conhecer como os acadêmicos de Psicologia da UFRR concebem as possibilidades de atuação dos psicólogos escolares e identificar quais as questões em Psicologia Escolar que lhes suscitam interesse de investigação, assim como, a análise da oferta curricular nesta área objetivando sugerir disciplinas quando da reformulação curricular.

METODOLOGIA:

Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza o método de análise descritivo. A primeira etapa consistiu no levantamento e revisão bibliográfica passando à elaboração dos instrumentos de coleta de dados. Em seguida procedeu-se ao sorteio aleatório de dez (10) acadêmicos por turma e solicitação de participação através da concordância por assinatura em formulário de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta dos dados foi realizada através de entrevista semi-direcionada, realizadas na UFRR ou em local escolhido pelos entrevistados, estas tiveram durações variadas e foi solicitada a cada um dos participantes a permissão para sua gravação. Participaram desta pesquisa trinta (30) acadêmicos, destes 80% foram do sexo feminino e 20% do sexo masculino, assim distribuídos: 2006.2, 2007.2 e 2008.2, correspondendo a aproximadamente 30% do total de alunos matriculados. Nesta amostra, a faixa etária média das turmas é: 2006.2, 26 anos; 2007.2, 22 anos e 2008.2, 20 anos. A entrevista contou com perguntas abertas e fechadas, divididas em tópicos denominados: à antes e após o ingresso no curso de psicologia. Esta separação objetivou especificamente verificar como e se havia modificado a percepção por parte dos acadêmicos referente a esta área de atuação após o ingresso no curso.

RESULTADOS:

Os resultados apontam para: antes do ingresso, não houve diferença entre os grupos quanto às informações e conhecimento, pois 90% não conheceram em suas escolas a atuação do psicólogo escolar; já no que se refere a após o ingresso do curso, é unânime a opinião de que a atuação na escola é muito importante e que se trata de uma atividade ampla e complexa, pois se trata de Educação, mas que, por sua vez, não é um campo valorizado. Quanto às áreas de interesse dos acadêmicos, a psicologia escolar é pouco atrativa e aparece significativamente reduzida, mesmo quando comparada a sub-áreas como a psicologia hospitalar, por exemplo. Ainda neste estudo buscou-se perceber qual a compreensão das funções do psicólogo escolar, os relatos denotam muita desinformação, visto que, até aquele momento só reconhecem o Estágio Básico II, com ênfase em psicologia escolar, como a melhor, senão a única referência sobre a área. O último dado analisado diz respeito ao interesse em trabalhar no ambiente escolar que é bastante divergente, porém, apesar de muitos dizerem não se identificar, afirmam que esta concepção pode se modificar no decorrer do curso.

CONCLUSÃO:

A forma dos acadêmicos de Psicologia da UFRR conceberem as possibilidades de atuação dos psicólogos escolares é bem semelhante, principalmente no que se refere aos acadêmicos compreendidos nas turmas de 2006.2 e 2007.2. Isso se deve ao fato de terem sido os únicos a fazer, até o momento da pesquisa, o Estágio Básico II, com ênfase em Psicologia Escolar e que tem por objetivo oferecer atividades de caráter teórico e prático. Isso denota a grande importância dos estágios para o processo de formação. Referente à análise da oferta curricular pode-se notar que as disciplinas estão bem dispostas. Salienta-se que, talvez, a única reformulação pertinente na matriz curricular seja na antecipação da disciplina 'Psicologia Escolar', oferecida somente dois semestres após o Estágio Básico dessa área. Um fator que indica preocupação é a incompreensão dos acadêmicos perante a interdisciplinaridade das disciplinas, uma vez que as áreas da Psicologia não se excluem. Em conclusão, diante dos resultados obtidos, pode dizer que há tanto a desinformação quanto a desvalorização da área, que é de acordo com vasta literatura uma última opção de atuação da maioria dos psicólogos.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Desinformação, Desvalorização, Percepção.