62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana
O PARQUE ECOLÓGICO DO COCÓ COMO ESPAÇO DE INTERVENÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS
Gleison Maia Lopes 1
1. Departamento de Ciências Humanas, Universidade Estadual do Ceará/UECE
INTRODUÇÃO:
O Parque Ecológico do Cocó é uma área verde situada na região Leste da cidade de Fortaleza que foi desapropriada com fins de interesse social pelo governo do Estado, o Parque foi juridicamente criado em outubro de 1989, pelo decreto estadual de numero 20.253. Posteriormente a área de abrangência do referido parque foi ampliada através do decreto 22.587, de 08 de julho de 1993, onde este passa a conter seu tamanho atual que é de 1.115,2 hectares que estão totalmente inseridos na malha urbana de Fortaleza. Analisar como o Parque do Cocó foi percebido e tratado historicamente, como essa visão influenciou o desenvolvimento daquela área e as formas de ocupação que são resultantes da mesma foi o objetivo deste trabalho. Tentando, assim, analisar os vários atores existentes no processo de construção daquela área da cidade de Fortaleza enquanto área de intenso valor econômico. Observando o Parque Ecológico do Cocó como um espaço de sociabilidade urbana de Fortaleza, sobretudo, simbolicamente considerado como reserva ambiental (uma das ultimas áreas verdes da cidade), parque ecológico e etc. é o ponto de partida de analise deste trabalho.
METODOLOGIA:
Inicialmente fez-se uso da pesquisa bibliográfica onde se buscou apreender um maior conhecimento acerca do objeto de estudo. Posteriormente foram feitas incursões de campo que nos ligaram diretamente ao objeto de análise, o que nos proporcionou um maior contado com a realidade cotidiana do objeto estudado. Buscou-se realizar entrevistas com alguns funcionários da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) que trabalham no Parque e, a partir da indicação destes, buscou-se conversar com alguns dos moradores, que segundo estes funcionários, são os mais antigos da região afim de melhor captar a visão destes acerca do Parque e do processo histórico pelo qual essa região passou. Documentos da secretaria acima citada, periódicos acerca do objeto de estudo e demais fontes de conhecimentos que nos proporcionassem um maior contato com o objeto dessa pesquisa foram ferramentas utilizadas no decorrer do trabalho. Fez-se uso de câmeras digitais e equipamentos que proporcionassem uma melhor qualidade e praticidade no decorrer da pesquisa.
RESULTADOS:
O Parque do Cocó é resultado de uma construção histórica que envolve vários atores que influenciaram os rumos históricos daquela área da cidade. Podemos perceber que esses atores: Estado, empresariado local, mudança de percepção social em relação ao meio ambiente foram de suma importância para o processo descrito anteriormente. Os usos do parque foram, assim como o próprio parque, construídos historicamente, desse modo a legitimidade criada acerca de determinados usos tem sua explicação fundada nas relações de poder existentes dentro da sociedade estudada. Ou seja, há formas de uso do espaço do Parque que por serem condicionadas historicamente são vistas como legitimas dentro desse determinado espaço. O espaço do Parque do Cocó representa, em certa medida, a diferenciação histórica que o configurou como espaço de segregação. Há vários modos de usos do parque que terminam por demonstrar os usos que o parque recebe e que servem como exemplo da hierarquização (leia-se concessão de legitimidade) das práticas sociais de uso do parque.
CONCLUSÃO:
Conclui-se com o seguinte trabalho que o Parque do Cocó é fruto de ações de diferentes sujeitos sociais que transformaram aquela região em um local de intenso valor econômico dentro da cidade de Fortaleza. Desse modo, podemos perceber que o referido Parque é resultado de uma junção de interesses públicos e privados que enxergaram aquela região como prioridade no que tange a investimentos de diversos tipos. Os usos do Parque refletem a condição de criação do mesmo, pois a partir de seu desenvolvimento essa região termina por ter segregados seus usos, pois cria-se uma legitimidade na ocupação e uso daquele espaço. Ou seja, o Parque do Cocó passa a reproduzir as relações sociais do qual é fruto. Entretanto, essa criação de legitimidades não se dá de maneira hierarquizada e sem resistências.
Instituição de Fomento: Banco do Nordeste/BNB
Palavras-chave: ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA, ESPAÇO URBANO, MEIO AMBIENTE.