62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 9. Desenho Industrial - 2. Desenho de Produto
A obra de escher e o movimento tradutório do bidimensional para o tridimensional
Heitor Barreto Fernandes 1
Ariane Daniela Cole 2
1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - FAU (IC)
2. Profª. Drª. - Universidade Presbiteriana Mackenzie - FAU (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
Na pós-modernidade, a maneira de produzir padrão deixa de ser o Fordismo e começa a ser a acumulação flexível, e o novo nível tecnológico fornece ao designer a possibilidade de não mais trabalhar somente com a natureza mecânica da produção, mas também com sua natureza simbólica. Conseqüentemente a distância entre o fazer artístico e o design diminuem, abrindo espaço para uma criação do designer mais próxima da arte. Partindo do princípio que é possível fazer essa aproximação, para se realizar uma experimentação na criação de jóias utilizando as obras de Escher, foi utilizada a crítica genética como um leme do processo de criação proposta nessa iniciação. Ao analisar a obra de Escher, chegou-se às conclusões: as obras que fazem referência à perspectiva não teriam suas propriedades preservadas em objetos pequenos como jóias; os sólidos geométricos abstratos possuíam características interessantes para serem reproduzidas em jóias; e os calendociclos poderiam ser utilizados na reprodução desses sólidos em jóias. Entre as jóias realizadas, foram produzidas oito peças de cerâmica que se baseiam na obra Spirals (1953) e feitos sete renders de jóias baseadas em quatro gravuras de Escher que podem ser produzidas através do processo de prototipagem em máquinas específicas.
METODOLOGIA:
Antes das jóias serem produzidas, foram analisadas as intenções de Escher ao fazer a obra para a jóia possuir características próximas as das obras. Após serem feitos protótipos em materiais alternativos, os formatos foram simulados no programa de computador Rhinoceros para depois ser feita a sua interfase com uma máquina de prototipagem. As informações do objeto tridimensional simulado nesse programa são processadas e interpretadas para que a máquina de prototipagem possa calcular a estrutura de sustentação onde é inserida cera que toma a forma da peça. Após a criação desse protótipo, ele é usado na criação de uma matriz negativa de silicone com o formato da peça. É a partir dessa matriz de silicone que podem ser produzidas as peças em metal. Na produção da peça de cerâmica produzida, percebemos as seguintes dificuldades: a peça não pode ter entradas que impossibilitem a remoção do gesso; as partes da matriz nesse material devem ser bem calculadas antes de ser executada; a peça deve possuir uma espessura de mínima de 1 cm. Assim, na criação dessas peças, primeiro analisamos as impossibilidades e depois começamos a trabalhar dentro desses limites.
RESULTADOS:
Pudemos averiguar como Salles (2001) indica que através da experimentação podemos obter informações úteis sobre o ato de criação. Dessa forma, essa experimentação gerou informações que podem ser analisadas para contribuir para o conhecimento do ato de criação. Considerando somente o projeto das jóias, podemos observar que o primeiro estágio foi a escolha das obras, seguido da interpretação delas, entendendo quais as idéias propostas nessas obras. Logo nesse primeira etapa encontramos problemas, pois ao analisarmos toda obra de M.C Escher encontramos obstáculos que prejudicariam a fase seguinte de adaptação tridimensional do sólido. As obras de estrutura da superfície como calendociclos ajudariam no preenchimento da superfície das jóias. Sendo que as estruturas forma baseadas nos sólidos geométricos que Escher tanto se interessava. Após estabelecer esse foco de obras, foi feita a adaptação tridimensional do sólido para compreender seu volume. Então, finalmente, foi feita uma adaptação dessa forma tridimensional a joalheria resultando nas peças finais. É interessante notar que a aplicação de calendociclos foi realizada na adaptação da forma geométrica a joalheria, pois esse adorno só é um preenchimento da superfície do sólido geométrico.
CONCLUSÃO:
O estudo das obras de Escher e a sua adaptação à joalheria, além de demonstrar que esse empréstimo traz um destaque especial às jóias criadas, proporcionaram uma experiência que favoreceu um crescimento pessoal. Com essa Iniciação científica, houve um aprofundamento na compreensão dos processos de prototipagem e cerâmica, e, também, um entendimento do processo de criação e da relação entre espaço bidimensional e tridimensional. Quanto à tradução do bidimensional para o tridimensional, através do estudo da perspectiva, foram percebidas as impossibilidades de tradução que podem existir por tratarmos de somente um ponto de vista quando representamos algo bidimensionalmente. Outra característica percebida dessa tradução é o caráter pessoal de interpretação quanto ao funcionamento da forma geométrica do objeto representado na obra. Após ter sido realizada a interpretação da forma tridimensional que o artista pretendeu representar na gravura, é feita uma adaptação dessa forma à jóia. Pudemos perceber que ao analisarmos as obras de sólidos geométricos de Escher, foi estabelecida uma metodologia com etapas que se relacionam a processos matemáticos. Essas etapas, apesar de terem um padrão matemático, conseguem certas variações que fazem de uma mesma obra resultar em jóias diferentes.
Instituição de Fomento: PIBIC Mackenzie/MackPesquisa
Palavras-chave: M. C. Escher, crítica genética, joalheria.