62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 11. Psicologia Social
AUTORIDADE E FAMÍLIA: PERSPECTIVAS DA FORMAÇÃO DO SUJEITO
Camila Roldão de Lelles Dantas 1
Susie Amâncio Gonçalves de Roure 1, 2
1. Universidade Federal de Goiás
2. Prof.ª Dr.ª/ Orientadora
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa vincula-se ao subprojeto Concepções de Família e de Autoridade de alunos do curso de Psicologia coordenada pela Prof.ª Dr.ª Susie A. G. de Roure e desenvolvida no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia, Educação e Cultura (FE - UFG). Em pesquisas anteriores realizadas no referido núcleo destacou-se a problemática da frequente adesão de alunos do curso de psicologia a movimentos, teorias e práticas que se sustentam em crenças de caráter místico e religioso, implicando adesão e afirmação a teorias que guardam registro na exclusão e negação da explicação racional. Segundo Resende (2006), contemporâneas a essa tendência estão as "psicologias populares" que abdicam de "des-cobrir" no indivíduo suas raízes sociais e, além disso, tratam as dificuldades objetivas como se fossem geradas no próprio indivíduo. Em se tratando deste subprojeto, tem-se por objetivo investigar como se articulam os processos subjetivos que permitem essa adesão irracional à formação teórica e profissional dos referidos sujeitos. Para tanto mostrou-se fundamental um estudo profundo acerca da família, suas novas configurações e as implicações disso na autoridade familiar, visto que esta é a primeira instancia de socialização dos indivíduos e nela se constituem relações marcadas pela afetividade.
METODOLOGIA:
A pesquisa, de caráter longitudinal, faz parte de um projeto maior coordenado pela Prof.ª Dr.ª Anita C. A. Resende, que busca investigar quais são e como se articulam os processos subjetivos que permitem aos alunos do curso de Psicologia vincular ciência, religião e crenças à sua formação teórica e profissional. Tem sido desenvolvida desde o ano de 2007 e prevê-se a finalização de suas etapas em 2011. Até o presente momento foram aplicados questionários e realizados três encontros nos Grupos Focais com pesquisadores e sujeitos da pesquisa, os alunos graduandos em Psicologia. A partir da tabulação desses dados foram realizados textos qualitativos acerca das especificidades e mediações encontradas que contribuíssem, no caso deste subprojeto em específico, ao debate acerca da relação entre família e autoridade. Em um primeiro momento foram realizados estudos teóricos, a partir do referencial adotado, qual seja, a Psicanálise. Tendo por base tais estudos, foi feita uma tabulação dos dados que permitiram apreender categorias de análise evidenciadas a partir dos discursos dos sujeitos. Desse modo, a equipe realizou estudos teóricos, também no âmbito da Psicanálise e seus contemporâneos, para melhor compreender os dados encontrados.
RESULTADOS:
A fim de compreender a relação entre os formatos da autoridade familiar e os modos de conformação e de resistência da subjetividade na sociedade contemporânea, esta pesquisa tem como objetivo identificar as concepções de autoridade e família apresentadas no banco de dados da pesquisa e, desse modo, compreender as relações entre essas categorias e os sentidos da formação cultural no embate entre autonomia e autoritarismo. O banco de dados é composto pelas tabulações dos questionários aplicado em uma primeira fase da pesquisa e de transcrições de dois encontros do Grupo Focal com pesquisadores e sujeitos. A análise dos dados no âmbito da relação entre autoridade e família permitiu delinear categorias de análise: Função Paterna, Formatos de Família e Identificação. Alguns aspectos se destacam e devem ser objetos de análise na próxima etapa da pesquisa. Dentre eles, pode-se questionar se as modificações nos papéis e nos formatos da família implicam recrudescimento ou não das relações de autoridade. E mais: se indicam a necessidade de inquirir como a função paterna se apresenta nessas representações de família. E, por decorrência, como se esboçam os processos de identificação, consubstanciados nessa perspectiva de autoridade ou de negação da autoridade.
CONCLUSÃO:
Atendo-se à tese freudiana que toma a família como instância primeira de socialização e, portanto, de estruturação psíquica do sujeito, os autores da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, especialmente Adorno e Horkheimer, elegeram a autoridade familiar como importante categoria para a compreensão do processo de internalização das relações de poder. Buscaram compreender como a autoridade se configura nos tempos modernos, e em particular na família, uma vez que a internalização das interdições e estruturação da subjetividade do sujeito acontecem, primordialmente, por meio de figuras parentais, segundo os postulados da Psicanálise. Entende-se que as modificações da realidade objetiva transformam e repercutem outras formas de vínculos sociais. Dessa forma, é importante a contribuição de Freud e seus seguidores ao debate que se propõe, qual seja, compreender as transformações da família e as novas configurações da autoridade, por esses teóricos entenderem que no bojo da dinâmica social, essas modificações interferem na constituição psíquica contemporânea, onde o individuo constrói sua subjetividade. Esse fato demonstra a importância das categorias - autoridade e família - para a compreensão da formação da subjetividade no mundo moderno.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: autoridade, família, Psicanálise.