62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática
ASPECTOS DA BIOECOLOGIA DE ELASMOBRÂNQUIOS MARINHOS: BIOLOGIA REPRODUTIVA E ALIMENTAÇÃO DA ARRAIA CHAPÉU DE COURO Dasyatis guttata BLOCH & SCHNEIDER (1801) NO LITORAL DE MACEIÓ E PARIPUEIRA, ALAGOAS.
Diego da Silva Santos 1
Vandick da Silva Batista 1
Morgana Maria Macedo 1
Thayara Laís Santos 1
Nidia Noemi Fabré 1
Heverton Alencar 1
1. Laboratório de Ecologia de Peixes e Pesca - LAEPP / UFAL
INTRODUÇÃO:

As arraias são peixes cartilaginosos que pertencem à subclasse elasmobranchii assim como os tubarões e as quimeras. Embora esses animais constituam os níveis superiores das cadeias tróficas das quais participam, possuem um grau de vulnerabilidade relativamente alto, visto que, são animais K estrategistas. Animais com este tipo de estratégia apresentam crescimento lento, maturação sexual tardia, taxas de fecundação limitadas, porém, alta longividade, o que lhes confere uma baixa resiliência diante da exploração pesqueira. No litoral alagoano o estudo com arraias tem sido muito escasso, assim, torna-se importante realizar estudos que proporcionem informações a cerca da biologia reprodutiva e aspectos da alimentação das espécies de arraias. Tais estudos em particular, propiciam a identificação dos estágios fundamentais para a perpetuação desses animais, podem caracterizar a existência de sobreposições de nichos ecológicos, além de fornecer indícios da qualidade ambiental no qual os predadores estão inseridos, por meio da riqueza e abundancia de suas presas. Neste contexto, é relevante ampliar o nível de conhecimentos na região sobre o grupo, com enfoque sobre as principais espécies capturadas.

METODOLOGIA:

As áreas de trabalho escolhidas foram à praia de Ipioca, Paripueira e a Comunidade Pesqueira do Jaraguá, Maceió/AL. No local de desembarque foram realizadas entrevistas abertas e estruturadas com os pescadores artesanais, as quais abordaram aspectos relacionados às artes de pesca, embarcações, locais de pesca, bem como a cerca dos indivíduos capturados. Os indivíduos foram fotografados, medidos, identificados, foram ainda pesados e quando necessário conservado em gelo, sendo conduzidos a laboratório para análise mais detalhada. Alguns exemplares foram fixados (formol a 10%), sendo posteriormente conservados em álcool a 70% a fim de enriquecer o acervo do Laboratório de Ecologia, Peixes e Pesca da Universidade Federal de Alagoas. Na relação espécies-habitats foram consideradas: espécie, profundidade de captura, localização geográfica e tipo de substrato. Os estômagos foram analisados, os itens alimentares foram pesados, medidos e identificados, sendo o item de maior ocorrência descriminado. Os úteros foram seccionados longitudinalmente, e nos ovários foi verificada a presença ou ausência de folículos. As fêmeas também foram classificadas quanto à fase de vida em quatro estágios diferentes, considerando os caracteres morfológicos do aparelho reprodutor.

RESULTADOS:

Foram analisados um total de 116 exemplares de Dasyatis guttata, onde 23,53% corresponderam a neonatos, 64,71% jovens e 11,76% adultos. A Largura do Disco (LD) dos indivíduos variou de 9,5 a 98,1 cm. O apetrecho de pesca mais eficaz para a captura de grandes exemplares de arraias foi o espinhel. É possível que exista uma população residente de Dasyatis guttata no litoral de Alagoas devido à freqüência de indivíduos durante o ano inteiro em várias classes de comprimento. Contudo, a escassez de indivíduos maduros e fêmeas grávidas não permitiu identificar o período exato de reprodução. Dentre alguns locais de pesca o Peixe-pau teve registro de três fêmeas maduras pos-partum indicando ser uma possível área de berçário. A maior freqüência de capturas foi registrada em ambiente lamoso. A presença de machos adultos, com clásperes totalmente enrijecidos, e de fêmeas maduras no mesmo período, sugere que julho seja um mês propício à cópula. Os principais grupos de presas encontradas no conteúdo estomacal de D. guttata, foram camarões, que corresponderam a 90% do conteúdo e polychaeta que corresponderam a 10%, outros itens encontrados: decapoda, stomatopodas, Pagurídeos e teleósteos. A amostragem foi aleatória estratifica, onde os estratos foram os apetrechos.        

CONCLUSÃO:

A pesca de elasmobrânquios no litoral Alagoano se mostrou não direcionada devido ao baixo valor comercial quando comparada a outros pescados, o método mais eficaz para captura de arraias é o espinhel e o tipo de substrato com maior ocorrência de capturas foi o lamoso. Os resultados demonstraram uma evidente relação entre a fase de vida dos exemplares coletados e os tipos de apetrecho utilizados, a maior ocorrência de captura da Dasyatis guttata esta relacionada à sua abundância na região e a baixa profundidade de atuação da espécie. O aparecimento de fêmeas grávidas e pós-partum em determinados pesqueiros indicam a presença de possíveis áreas de berçário na região. A espécie D. guttata possui uma alimentação diversificada, mas o seu alimento favorito são invertebrados destacando-se camarões, os indivíduos alimentaram-se basicamente das mesmas presas, porém alguns divergiram sua alimentação devido aos substratos em que foram coletados, pois isso influencia no tipo de alimento disponível no ambiente. A definição quantitativa de outros aspectos da reprodução e alimentação depende de mais exemplares e está em curso. Os resultados obtidos indicam que D. guttata é uma espécie com baixa taxa de fecundidade se comparada a demais dasyatidae e apresenta alimentação com espectro restrito.

Instituição de Fomento: Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Fundação de Amparo a Pesquisa de Alagoas - FAPEAL
Palavras-chave: Arraias, alimentação, reprodução.