62ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 8. Comunicação |
Álcool e Risco: A construção causal da individualização de responsabilidade |
Felipe de Carvalho Borges da Fonseca 1 Mariah Queiroz 1 |
1. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Escola de Comunicação / ECO - UFRJ |
INTRODUÇÃO: |
Pretendemos demonstrar que o fato do discurso que associa o problema dos acidentes de trânsito ao consumo de álcool ser hoje a construção causal privilegiada ilustra como o conceito de risco passa a ser usado na relação que se estabelece com o tempo, com o sofrimento e com a política.
|
METODOLOGIA: |
Investigações teóricas e análise qualitativa de notícias |
RESULTADOS: |
Ao identificar o risco como elemento à partir do qual se pensa o poder da ação humana atualmente, percebemos que ele favorece uma determinada seleção de que problemas privados passarão para a esfera pública e sob que construção causal eles serão percebidos. Essas escolhas estão acima de tudo condicionadas pelo discurso que possibilitam fazer No caso da associação entre álcool e acidente, o que está em jogo é a individualização de um problema coletivo, o que apaga outras equações causais mais complexas, mais difíceis de serem negociadas e que implicariam respostas coletivas; e a propagação de um discurso que legitima práticas punitivas pautadas em vingança e num modo de se lidar com o sofrimento marcado pelo ressentimento. |
CONCLUSÃO: |
Nossas investigações permitem argumentar que haveria uma conexão do estímulo hedonista da sociedade de consumo com o vácuo moral que necessita ser preenchido por uma moralidade baseada na acusação de comportamentos inseridos nessa própria dinâmica de estímulo. Nossa hipótese mais radical é, portanto, a de que não se pretende com a "Lei Seca" reduzir os sofrimentos de acidente de trânsito, porque eles são necessários para se fazer moralidade. |
Palavras-chave: Risco, Sofrimento evitável, acidente. |