62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
PRÁXIS E PRAGMATISMO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ELEMENTOS CONCEITUAIS
Diana Silva Monteiro 1
Maria Susana Vasconcelos Jimenez 1
1. Centro de Educação - Universidade Estadual do Ceará
INTRODUÇÃO:
A pesquisa aqui referida teve como objetivo discutir a diferença entre práxis e (neo) pragmatismo na formação docente, a partir das contribuições filosóficas oferecidas por Vázquez (1977). Fazemos, então, uma exposição da categoria práxis, nos seus nexos onto-filosóficos, a partir da obra Filosofia da Práxis do citado autor, lançando os elementos conceituais tratados historicamente pelas correntes do pensamento humano, principalmente, pelo idealismo alemão de Hegel e do materialismo mecanicista encabeçado por Feaurbach, que antecederam a concepção de práxis datada por Marx. Tentamos, ainda, demonstrar, a brutal convergência ontológica/epistemológica entre a categoria práxis e o pragmatismo, presente no discurso (neo) pragmático de autoria central de Richard Rorty. Destacamos que, hoje, no campo da educação, e, particularmente, na formação docente, podemos verificar a predominância das idéias (neo) pragmáticas, as quais reeditam uma versão deveras degenerada do pragmatismo representado por Dewey nos Estados Unidos e Anísio Teixeira no Brasil. Essa corrente, segundo Jimenez e Soares (2007), é essencialmente reformista, seus postulados corroboram com um modismo antifilosófico e praticista, não propondo uma mudança radical que alcancem os pilares da sociedade de classes.
METODOLOGIA:
A pesquisa está direcionada pelo referencial teórico marxista e, conseqüentemente, pelos pressupostos do método elaborado por Karl Marx, o materialismo histórico-dialético. Compreendemos que este caminho teórico-metodológico pode permitir uma investigação que apreenda as determinações históricas e as leis que comandam o movimento do real. A partir, então, da onto-crítica marxiana, discutimos o conceito de práxis, apartando-o do (neo) pragmatismo que domina o campo da formação docente. Esse encaminhamento metodológico exigiu que fizéssemos um recorte sobre a temática proposta, a qual se deu nos seguintes termos: a concepção de práxis a partir da matriz teórica do marxismo ontológico; os pressupostos fundamentais do pragmatismo e do neo-pragmatismo; o exame da apropriação da categoria práxis no campo da formação de professores; finalmente, o delineamento das distinções conceituais entre a efetiva formação pragmática e a propalada formação práxica dos professores. Nessa perspectiva, o estudo tem um caráter teórico-bibliográfico. Toma como referência central, a obra Filosofia da Práxis de Sanchez Vázquez (1977); apelando, ainda às contribuições dos autores Jimenez e Soares (2007); e Soares (2007), para discutir a contraposição práxis e (neo) pragmatismo na formação de professores.
RESULTADOS:
A análise aponta que as teorias que permeiam os cursos de formação docente corroboram com os postulados do (neo) pragmatismo, pois, os conteúdos são determinados por seu caráter instrumental e utilitário, além do que, institui-se a supremacia da prática cotidiana e se interdita a apropriação dos instrumentos teóricos necessários ao desenvolvimento da consciência crítica para a compreensão das múltiplas e complexas determinações que conformam o real. Desta forma, a predominância dos postulados do (neo) pragmatismo na formação de professores confirma a vulgarização e as distorções, elaboradas no nível do senso comum, do conceito de práxis, incorporando tal conceito no discurso vigente sobre a temática da formação docente. Tal conceito é referido como sinônimo de praticismo e imediatismo na cotidianidade, distanciando-se, assim, do conceito de práxis elaborado por Karl Marx, que o compreende como atividade onto-histórica, baseada numa relação de interdependência complexa entre o pensamento e a ação, detendo um caráter essencialmente revolucionário. Nessa direção, vale enfatizar, Marx contrapôs-se ao idealismo alemão encabeçado por Hegel que defendia a supremacia da idéia sobre a prática, e se diferenciou, também, do materialismo de Feuerbach, com sua raiz antropológica.
CONCLUSÃO:
Este trabalho nos revelou que os pressupostos (neo) pragmatistas atendem ao projeto do capital, por não compreenderem a teoria e o conhecimento sistematizado como ponto central da atividade humana, isto é, da práxis. Outrossim, desprezam o conhecimento que busca compreender o real em sua relação com a totalidade, aproximando-se largamente, da concepção do senso comum, ao defenderem o saber voltado para o imediatismo ,e o utilitarismo, além de privilegiarem o caráter subjetivista da prática humana. Advogamos, por intermédio do estudo aqui realizado, uma formação de professores adequada aos princípios defendidos pela Filosofia da Práxis, a qual instaura a devida unidade entre teoria e prática. Seus preceitos possibilitam aos professores em formação o acesso ao instrumental teórico necessário à leitura da totalidade social de modo que estes compreendam a prática social e possam efetivamente entender seu processo de transformação na direção da emancipação humana, para além do capital.
Instituição de Fomento: PIBIC/CNPq
Palavras-chave: Formação de professores, Práxis, (Neo) pragmatismo.