62ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 5. Teoria Literária |
OS PROÊMIOS VITRUVIANOS E A RETÓRICA EPIDÍTICA |
Milena Pereira Silva 1 Marcello Moreira 2 |
1. Departamento de Estudos Linguísticos e Literários - DELL - UESB 2. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários - DELL - UESB |
INTRODUÇÃO: |
O estudo do Tratado De Architectura de Vitrúvio, Dentre as múltiplas vertentes de estudo possíveis a partir da leitura do tratado vitruviano, dedicamo-nos à sua análise retórica e poética, especificamente dos prefácios aos dez livros que o compõem, tomando subsídios das retóricas e poéticas escritas na Antiguidade Clássica, buscando evidenciar como os discursos proemiais podem servir como dedicatória não apenas na abertura do tratado vitruviano, mas também a cada um dos livros que o constituem. |
METODOLOGIA: |
Tendo O |
RESULTADOS: |
Os resultados obtidos indicam que os proêmios ao tratado vitruviano são, para além de uma forma de introduzir os temas que serão discutidos no decorrer do livro, uma maneira de conseguir proteção e patrocínio daquele a quem a obra é dedicada. Tal benefício, no entanto, só pode ser angariado através da adequação entre preceito e técnica do autor, que, para tanto,se utiliza dos meios de enunciação da retórica, ora produzindo o encômio que é conveniente, ora deliberando a favor de sua arte. Da mesma forma, compreende-se que o Tratado de Arquitetura, como preceptiva da Ars Aedificatoria, é uma maneira de alcançar a imortalidade através da perpetuação de um monumento cuja necessidade é defendida pelo autor em favor de um bem maior, qual seja o do Estado. A constituição da arte como lugar de perpetuação da memória, lugar comum desde Homero no que respeita à poesia, é possibilitada por se a conceber como técnica que pereniza a memória do artifex e, simultaneamente, aquela do comitente, que reconheceu os usos civis da ars e a capacidade do artista. |
CONCLUSÃO: |
Pode-se concluir que os proêmios vitruvianos constituem-se não apenas como uma forma de introduzir e apresentar a obra, cumprindo a função de paratexto, como definida por Gérard Genette, assegurando a constituição deste escrito como tal no mundo, mas como um texto cuja função que se revela por detrás da simples introdução e apresentação é a de angariar benefícios de proteção e patrocínio junto ao Imperador. Outra conclusão oriunda deste estudo diz respeito ao lugar de constituição de memória ocupado pela Ars Aedificatoria. Como arte que evidencia características de determinada época e sociedade, colocando ante os olhos de outros grupos que possuem uma consciência muito diversa dos seus precedentes a dinâmica das relações que eram travadas naquele momento, a Arquitetura é um meio de instituir um monumento que por seu esplendor e pela resistência de seus materiais perpetua através dos séculos não só a dinâmica social de uma determinada época, mas também o nome dos comitentes e daquele que erigiu a obra. Todavia, para que esta função perenizadora da arte arquitetônica seja cumprida, é preciso que haja conformidade entre preceitos e técnica. Para tanto, a adequação dos tratados como o De Architectura às normas referidas nas preceptivas retóricas garantem a fidedignidade do mesmo. |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |
Palavras-chave: Ars Aedificatoria, Memória, Preceptivas Retóricas. |