62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
Caracterização Molecular dos Genótipos G e P de Rotavírus entre Crianças Menores de Cinco Anos na Região Amazônica
Darivaldo Luz Neri 1
Alexandre da Costa Linhares 1
Yvone Benchimol Gabbay 1
Luana da Silva Soares 1
Regis Piloni Maestri 1
Joana D'Arc Pereira Mascarenhas 1
1. Instituto Evandro Chagas
INTRODUÇÃO:
As doenças diarréicas agudas (DDA) representam um problema de saúde pública mundial, sendo um dos principais fatores de morbi-mortalidade infantil, principalmente em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Os rotavírus (RV) têm grande importância na etiologia das DDA causando infecções que podem ser assintomáticas ou se expressarem como gastroenterite moderada ou grave. O período de incubação é curto (um a três dias), evoluindo para o aparecimento de vômitos, febre moderada/alta e diarréia aquosa que perduram por 5 a 8 dias, podendo levar à desidratação. Eles pertencem a família Reoviridae, gênero Rotavirus, possuem o genoma dividido em 11 segmentos de RNA de dupla fita (dsRNA), sendo que cada segmento genômico codifica uma proteína, com exceção do último, que codifica duas, totalizando 12 proteínas, seis estruturais (VP1-VP4, VP6 e VP7) e seis não estruturais (NSP1- NSP6). As proteínas VP4 e VP7 são responsáveis pelos genótipos P (sensível a Protease) e G (Glicoproteína), respectivamente, sendo as combinações binárias dos genótipos caracterizadas em usuais e não-usuais. Vários estudos, com ênfase para a região amazônica, sobre a epidemiologia molecular dos RVs já foram conduzidos em todo o mundo, proporcionando importantes dados acerca dos genótipos circulantes.
METODOLOGIA:
Os espécimes fecais do presente estudo foram provenientes da rede de vigilância epidemiológica das gastroenterites por RV iniciada em fevereiro de 2006 e envolveu crianças menores de cinco anos que apresentaram quadros de diarréia aguda. As Secretarias de Saúde fizeram a seleção dos casos quando o menor foi atendido no Setor de Reidratação Oral; os espécimes fecais foram coletados e então enviados para os Laboratórios Centrais de cada Estado correspondente (LACEN), os quais fizeram a triagem dos espécimes fecais para detecção dos casos de infecção por RV pelo Ensaio Imunoenzimático (ELISA). Os espécimes fecais positivos para RV foram então enviados para os Centros de Referência correspondentes, os quais, de acordo com a sua área de abrangência foram confirmados pela técnica de Eletroforese em Gel de Poliacrilamida (EGPA) e subsequentemente submetidos à caracterização molecular dos genótipos G e P circulantes, pela técnica de reação em cadeia mediada pela polimerase precedida de transcrição reversa, seguida de Nested-PCR e seqüenciamento de nucleotídeos.
RESULTADOS:
No período de agosto de 2008 a junho de 2009, foram analisadas por Nested-PCR, 88 amostras de RV sendo identificado os genótipos G2 (59,3%), G3 (1,7%), G1 (8,5%) e G9 (27,1%), além do P[4], P[6] e P[8] em 48,4%, 19,3%, 24,2% dos casos, respectivamente. Vale ressaltar que 13,6% dos espécimes foram submetidos ao seqüenciamento de nucleotídeos e apresentaram 100% de concordância se comparados ao Nested-PCR. As amostras do genótipo G9, agruparam na linhagem 3 e as do genótipo G2 apresentaram 6 linhagens distintas, com 5 amostras agrupando na linhagem IIc e 1 amostra na linhagem IIa. O genótipo P[4] reuniu 6 amostras de forma bem coesa em um mesmo braço do dendrograma e o genótipo P[8], 6 estando todas na linhagem IV.
CONCLUSÃO:
As reações de Nested-PCR e seqüenciamento apresentaram concordância de 100% em seus resultados, corroborando com a eficiência, rapidez e precisão dos resultados obtidos rotineiramente pelo programa da rede de vigilância que realiza a Nested-PCR para a genotipagem das amostras. Os achados do presente estudo se revestem de grande importância no que se refere a circulação de genótipos usuais e não usuais de RV na região, visando o conhecimento dos genótipos circulantes, já que a vacina contra RV que foi inserida no calendário vacinal brasileiro desde 2006, embora seja monovalente e específica para o genótipo P[8]G1 deva conferir proteção homóloga e heteróloga contra as diferentes combinações usuais de rotavírus, dentre elas P[8]G3, P[8]G4, P[8]G9 e P[4]G2.
Instituição de Fomento: CNPq/Instituto Evandro Chagas/Secretaria de Vigilância Saúde/Ministério da Saúde
Palavras-chave: Rotavírus, Genótipos, Região Amazônica.