62ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina |
EFEITO DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR EM MULHERES COM SÍNDROME METABÓLICA: PAPEL DO BALANÇO REDOX E DA FUNÇÃO VASCULAR NO MANEJO TERAPÊUTICO NÃO-FARMACOLÓGICO |
Lucas José Sá da Fonseca 1 Marcos Antônio Eleutério da Silva 1 Marco Antônio Mota Gomes 2 Lucy Vieira da Silva Lima 3 Glaucevane da Silva Guedes 1 Luíza Antas Rabêlo 1 |
1. Laboratório de Reatividade Cardiovascular/ICBS/UFAL 2. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas/UNCISAL 3. Faculdade de Medicina/FAMED/UFAL |
INTRODUÇÃO: |
A Síndrome Metabólica (SMet), também conhecida como Síndrome de resistência à insulina, Síndrome Plurimetabólica ou Síndrome X, caracteriza-se pela associação de múltiplos fatores de risco cardiovascular, tais como hipertensão, resistência insulínica, hiperinsulinemia, intolerância à glicose, diabetes, obesidade central e dislipidemia. Estes fatores podem, em conjunto, culminar com disfunção endotelial, principalmente através de um desbalanço entre radicais livres e os sistemas antioxidantes. Através deste desequilíbrio, o endotélio passa a não mais exercer suas funções na homeostase vascular, contribuindo para o agravamento do processo aterosclerótico, aumentando as taxas de morbimortalidade decorrentes de doenças cardiovasculares. Na tentativa de contornar o prejuízo endotelial, além do tratamento farmacológico clássico, mudanças no estilo de vida, incluindo a reabilitação cardiovascular, são descritas como capazes de prevenir complicações cardiovasculares através do aumento na função endotelial e consequente melhora na resposta vascular. Assim, o presente estudo objetiva avaliar os efeitos de um programa de reabilitação cardiovascular por seis semanas sobre o perfil bioquímico, balanço redox, função vascular e a capacidade funcional em portadores de SMet. |
METODOLOGIA: |
30 pacientes do sexo feminino (46,68±3,43 anos) foram selecionadas do ambulatório de Endocrinologia do Hospital Universitário Prof. Alberto Antunes (HUPAA/UFAL). Uma avaliação inicial foi realizada através de exames clínicos e laboratoriais. O diagnóstico de SMet foi estabelecido segundo os critérios da Federação Internacional do Diabetes (IDF, 2005). Sucintamente, a reabilitação consistiu de seis semanas (uma hora de reabilitação por dia, três vezes por semana) de treino aeróbio ( |
RESULTADOS: |
Após a reabilitação, não houve mudanças significativas quando da avaliação dos parâmetros bioquímicos (perfil glicêmico, perfil lipídico, creatinina e ácido úrico) nas pacientes submetidas à intervenção (análise estatística através do teste t-Student pareado, considerando-se como estatisticamente significativos os valores de p<0.05). Entretanto, houve redução significativa da peroxidação lipídica sérica (TBARS), bem como aumento da atividade da SOD nos lisados eritrocitários, sem mudanças significativas na atividade da catalase após a atividade proposta. A reabilitação promoveu ainda redução das pressões arteriais sistólica (133,15±9,93 vs 112,30±2,49 mmHg, p<0,0008) e diastólica (78,42±2,67 vs 69,89±1,83 mmHg, p<0,0052), redução da pressão de pulso (54,73±4,81 vs 42,41±2,06 mmHg, p<0,05), redução do Índice de Amplificação (93,06±1,59 vs 86,27±3,76%, p<0,05), sem alterações significativas na freqüência cardíaca. A comparação entre as capacidades funcionais das pacientes permitiu constatar que a atividade proposta implicou aumento da capacidade funcional após a reabilitação (102,97±3,16% vs 109,21±3,38%, p<0,05), aspecto evidenciado pela maior distância percorrida e aumento na velocidade desenvolvida no percurso durante a realização do teste de caminhada de seis minutos. |
CONCLUSÃO: |
A reabilitação por seis semanas em pacientes portadoras de SMet foi eficaz em promover melhora nos parâmetros cardiovasculares avaliados, evidenciando-se uma resposta vascular ao fluxo sanguíneo mais efetiva, além de melhora na capacidade funcional das pacientes. O incremento na performance física reflete a congruência entre a maior solicitação da musculatura esquelética quando da prática de atividades físicas e um melhor suprimento sanguíneo tecidual. A melhor função vascular foi ainda acompanhada de uma melhora no estado redox das pacientes, reforçando a estreita relação entre os estados de desbalanço redox e a disfunção vascular. Os dados apresentados, portanto, são consistentes em sugerir que a reabilitação cardiovascular proposta pode representar uma importante terapêutica não-farmacológica em portadores de SMet, atuando sobre diversas vias do metabolismo, com significativos benefícios para o sistema cardiovascular e para a qualidade de vida dos sujeitos de pesquisa avaliados neste estudo. Em conjunto, tais implicações aparecem diretamente relacionadas à redução do risco cardiovascular, fato que projeta a atividade proposta como promissora na redução da morbimortalidade relacionada síndrome sob foco e suas complicações sistêmicas. |
Instituição de Fomento: PPSUS-2006 Ministério da Saúde/FAPEAL (PROJ_893_11388592) e PROCAD-NF/CAPES (PROCAD-NF 2450/2008). |
Palavras-chave: Síndrome Metabólica, Desbalanço Redox, Função Vascular. |