62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
UTILIZAÇÃO DA ABELHA COMO BIO-INDICADORA PARA DETERMINAÇÃO DE CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL
Maiara Alexandre Cruz 1
Elisângela Costa Santos 2
Deise Paula Santos Borges 1
Pedro Tiago Barreto de Sá 1
Raphael Leal Pimenta 1
Mauro Agildo Barbosa Guida 3
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano
2. Prof.ª Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano
3. Universidade Federal da Bahia
INTRODUÇÃO:
A cada dia, de 10.000 a 25.000 abelhas operárias fazem uma média de 10 viagens para explorar aproximadamente 7 km2 nas áreas que cercam seu habitat, recolhendo o néctar, a água e o pólen das flores. Durante este processo, diversos microorganismos, produtos químicos e partículas suspensas no ar são interceptados por estas trabalhadoras e ficam retidos nos pelos superficiais de seu corpo ou são inalados e unidos em seu aparelho respiratório. Devido a estes fatores, as abelhas podem ser usadas como bioindicadores para monitoramento de impacto ambiental causado por fatores biológicos, químicos e físicos, tais como parasitas, contaminações industriais ou pesticidas. Este trabalho tem como objetivo fazer uma avaliação da contaminação ambiental utilizando amostras de abelhas e própolis coletadas em apiários localizados em Pojuca, Catu, Alagoinhas e Inhambupe.
METODOLOGIA:
As amostras de própolis e de abelhas para análise foram coletadas em colméias de abelhas africanizadas (hibrido do cruzamento entre Apis mellifera andansoni, apismellifera mellifera e Apis mellifera capensis). Instalados nos apiários em Pojuca, Catu, Alagoinhas e em Inhambupe. As soluções utilizadas para este trabalho foram preparadas com reagentes de grau analítico e os volumes finais ajustados com água ultrapura (Milli-Q)®, Millipore, (Bedford, MA, USA). Todas as vidrarias foram previamente descontaminadas em banhos contendo 10% v/v HNO3 por 24 h. Soluções de referência foram preparadas a partir de soluções estoque contendo 1000 mg L-1 de Cr, Cu e Pb (Merck, Alemanha), no mesmo meio ácido dos digeridos. O Procedimento de digestão das amostras foram feitas utilizando 350 mg de própolis, foram adicionados 7,00 mL de HNO3 65% m/m, 1,00 mL de H2O2 30% v/v, transferidos para tubos de PTFE e submetidos ao procedimento de digestão via microondas com cavidade. Para a decomposição de abelhas aplicou-se o mesmo procedimento utilizado para decomposição de própolis. As determinações foram realizadas por Espectrometria de Absorção Atômica utilizando Chama (ar e acetileno), e as linhas primárias para Cobre, Cromo e Chumbo foram respectivamente 324.7540nm, 359.3488nm e 217.0005nm.
RESULTADOS:
Os resultados das concentrações de Cu, Cr e Pb utilizando o procedimento de digestão ácida via microondas com cavidade são em mgKg-1 2,09±0,09; 4,02±0,192; 81±0,17 respectivamente para a cidade de Pojuca. Em Catu 1,72±0,06; 1,54±0,01 e 1,02±0,07, respectivamente. Na cidade de Alagoinhas 3,02±0,22; menor LD e 1,15±0,09, respectivamente. Em Inhambupe menor LD; 0,96±0,12 e menor LD, respectivamente. A faixa de concentração para Cromo variou de 1,54±0,01 mgKg-1 a 4,02±0,19 mgKg-1 para Catu e Pojuca, respectivamente. Para as amostras de própolis coletadas no município de Pojuca também foram encontradas maiores concentrações do elemento Pb. Os teores elevados de Cr e Pb nessas regiões ocorrem possivelmente devido a presença de industrias que beneficiam ligas metálicas ferro-cromo. Para as amostras de Alagoinhas a concentração de Cr encontrou-se abaixo do limite de detecção da técnica. As amostras de apiários instalados no município de Inhambupe apresentaram maior teor de Cr 0,96±0,12 mgKg-1. Chumbo e Cu encontraram-se abaixo dos limites de detecção do método. O elevado teor de Cr em Inhambupe se deve possivelmente ao curtimento do couro, no qual o Cr é aplicado para estabilizar as fibras de colágeno da pele animal.
CONCLUSÃO:
As concentrações de Cromo em amostras de própolis em Pojuca, Catu e Inhambupe estão acima dos limites permitidos pela Anvisa, "cujo valor é 0,1 mgKg-1" de acordo com o Decreto 55871/65. No município de Pojuca, a concentração de Chumbo nas amostras de própolis, também, está acima dos limites permitidos pela Anvisa, "cujo valor é 2,0 mgKg-1" de acordo com o Decreto 55871/65. Para as amostras de abelhas analisadas há necessidade de otimizar um procedimento de determinação destes elementos, nesta matriz ou aplicar uma técnica mais sensível. Com base nos resultados, faz-se necessário um programa de monitoramento ambiental nestas regiões, visto que estes elementos mesmo em baixas concentrações são nocivos ao ser humano.
Palavras-chave: Própolis, FAAS, Contaminação.