62ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais |
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO FITOQUÍMICO DE Amaioua guianensis (RUBIACEAE) |
Aline Pereira Moraes 1 Pollyanna Laurindo de Oliveira 1 Cecília Maria Alves de Oliveira 2 |
1. Instituto de Química - UFG 2. Profa. Dra./ Orientadora - Instituto de Química - UFG |
INTRODUÇÃO: |
Estudos fitoquímicos de Rubiaceae revelaram uma grande diversidade de metabólitos secundários com alto potencial biológico. Como consequência, as espécies dessa família são amplamente utilizadas na medicina popular e na fabricação de fitoterápicos. A espécie Amaioua guianensis, pertencente a essa família, possui distribuição geográfica ampla no Brasil, ocorrendo na Floresta Amazônica, no Cerrado, no Pantanal e na Mata Atlântica. O estudo fitoquímico das folhas de A. guianensis resultou no isolamento e identificação de um alcalóide ciclopeptídico inédito, de dois triterpenos pentacíclicos e de duas proantocianidinas. Até o presente momento, o único relato sobre a espécie na literatura foi publicado recentemente pelo nosso grupo de pesquisa (IQ-UFG) em Journal of Natural Products, no qual são descritos o isolamento e identificação do alcalóide ciclopeptídeo e das proantocianidinas. O presente trabalho teve como objetivo dar continuidade ao estudo fitoquímico das folhas e galhos de A. guianensis, bem como a avaliação da atividade antifúngica do extrato das folhas e suas frações frente a espécies responsáveis por infecções fúngicas humanas, como fungos patogênicos dos gêneros Microsporum, Trichophyton e fungos patógenos oportunistas, como Candida albicans e Cryptococcus neoformans. |
METODOLOGIA: |
Partes aéreas de A. guianensis foram coletadas e identificadas pelo Prof. Dr. Piero Giuseppe Delprete (ICB/UFG), em 2006, no Parque Estadual da Serra dos Pireneus, Pirenópolis-GO. A exsicata está depositada no Herbário do ICB/UFG, sob o número de coleta # 9312. As partes aéreas coletadas foram secas, moídas e exaustivamente extraídas com etanol 95%, à temperatura ambiente, fornecendo |
RESULTADOS: |
O fracionamento do extrato etanólico dos galhos de A. guianensis resultou no isolamento de uma mistura dos esteróides β-sitosterol e estigmasterol, do 3β-O-β-D-glucopiranosil-sitosterol e da epicatequina-(4β→8, 2β→O→7)-epicatequina-(4α→8)-epicatequina (cinnamtannin B-1). A continuação do fracionamento do extrato etanólico das folhas resultou no isolamento da escoparona. As estruturas das substâncias isoladas foram elucidadas com base na análise dos dados espectroscópicos e por comparação com dados disponíveis na literatura. Os extratos bruto, hexânico, diclorometano, acetato de etila e hidrometanólico das folhas de A. guianensis foram ensaiados frente aos dermatófitos Trycophyton rubrum e mentagrophytes, Microsporum canis, Candida albicans e frente a trinta cepas de Cryptococcus neoformans. Os resultados do testes mostraram que o extrato acetato de etila foi o mais ativo inibindo o crescimento de 100% dos isolados de C. neoformans em concentração ≤ a 32 μg/mL. A resposta biológica apresentada por esta fração do extrato bruto provavelmente encontra-se relacionada à sua composição química majoritária de bi e triflavonóides, constatada através de dados de RMN unidimensionais do extrato ativo, conforme estudos anteriores que reportam a alta atividade antifúngica dessas substâncias. |
CONCLUSÃO: |
A continuação do estudo fitoquímico das partes aéreas da espécie A. guianensis resultou no isolamento de três esteróides, sendo um glicosilado, de uma cumarina conhecida como escoparona e de uma proantocianidina trimérica. O ensaio dos extratos bruto, hexânico, diclorometano, acetato de etila e hidrometanólico das folhas mostrou que o extrato acetato de etila é o mais ativo da planta. Esta atividade está provavelmente relacionada à presença majoritária de bi e triflavonóides no extrato, conforme estudos disponíveis na literatura que reportam a alta atividade antifúngica dessas substâncias. Os resultados desse ensaio confirmam o alto potencial biológico de A. guianensis e encorajam a continuação da pesquisa no isolamento e ensaio de seus metabólitos secundários isolados. |
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq |
Palavras-chave: Amaioua guianensis, proantocianidina trimérica, atividade antifúngica. |