62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
PREVALÊNCIA DE ANEMIA EM CRIANÇAS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO ESTADO DE ALAGOAS: VALIDADE DO EXAME CLÍNICO EM RELAÇÃO AO DIAGNÓSTICO PELO NÍVEL DE HEMOGLOBINA.  
Andréa Marques dos Santos 1
Haroldo da Silva Ferreira 1
Maria Laura Dias Lamenha 1
1. Aluna do Curso de Graduação em Nutrição da Faculdade de nutrição/FANUT da Univer
INTRODUÇÃO:

A anemia é definida como processo patológico no qual a concentração de hemoglobina (Hb) contida nos glóbulos vermelhos encontra-se anormalmente baixa. Embora existam diversas etiologias, a anemia ferropriva (resultante da indisponibilidade metabólica de ferro) é a que apresenta maior relevância epidemiológica, representando mais de 90% de todos os casos. Ainda que seja um agravo que atinge todas as classes sociais, as populações de menor nível socioeconômico são aquelas que apresentam as maiores prevalências. Alagoas possui 39 comunidades remanescentes dos quilombos, constituindo grande contingente populacional historicamente submetido a uma maior vulnerabilidade social e para o qual não existem estudos sobre a importância da anemia como problema sanitário. O objetivo deste trabalho foi estimar a prevalência de anemia em crianças pertencentes às comunidades quilombolas do Estado de Alagoas. Adicionalmente, pretendeu-se testar a validade do diagnóstico clínico tendo como referencial aquele efetuado por meio da determinação dos níveis de hemoglobina.

METODOLOGIA:

Estudo transversal envolvendo as 982 crianças de 6 a 59 meses localizadas na totalidade (n=39) das comunidades quilombolas do Estado de Alagoas. Entrevistadores devidamente treinados coletaram dados socioeconômicos, antropométricos e de saúde. A anemia foi diagnosticada quando a concentração de Hb era menor que 11g/dL. Para isso, utilizou-se um hemoglobinômetro portátil (HemoCue®). Para comparar freqüências utilizou-se o teste qui-quadrado e a Odds Ratio (OR) como medida de associação para um intervalo com 95% de confiança (IC95).

RESULTADOS:

A prevalência de anemia foi de 52,6%. A anemia leve (11>Hb>9,0) apresentou a maior proporção de casos (39,1%), mas as formas moderada (Hb<9,0) e grave (Hb<7,0) acometeu 11,9% e 1,6% das crianças, respectivamente. Observou-se associação inversa entre prevalência da anemia e faixa etária: crianças ≤ 36 meses: 68,4% vs. crianças > 36 meses: 31,6% (OR=2,54; IC95=1,94-3,33). O exame físico foi realizado por único examinador e compreendeu a avaliação da palidez de pele e mucosas. De acordo com este recurso, 400 (77,3%) crianças apresentaram anemia. Assumindo o exame de hemoglobina como padrão-ouro, o exame de palidez apresentou uma razoável sensibilidade (77,2%), porém uma baixa especificidade (52,6%), resultando num grande número de falsos-positivos (47,4%), sugerindo que o exame de palidez pode ser útil apenas como recurso de triagem, necessitando que os resultados sejam confirmados por procedimentos de maior validade diagnóstica.

CONCLUSÃO:

Em virtude de sua alta prevalência, dos danos causados à saúde da criança e diante da existência de medidas eficientes de prevenção e controle, a anemia representa importante problema de saúde pública para as comunidades estudadas e, portanto, deverá receber alta prioridade por parte dos profissionais e gestores de saúde do Estado.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Inquérito epidemiológico;, Sinais clínicos; , Validade diagnóstica.