62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANÁLISE DA QUALIDADE EM PACIENTES COM INCAPACIDADES FUNCIONAIS DECORRENTES DE HANSENÍASE
Nathalia Parente de Sousa 1
Maria Imaculada de Barros Silva 1
Michelli Caroline de Camargo Barboza 1
Ana Paula de Vasconcellos Abdon 1
1. Centro de Ciências da Saúde - Universidade de Fortaleza
INTRODUÇÃO:
A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica, causada pelo Mycobacterium leprae que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. Em levantamentos anteriores, o Brasil apresentou um coeficiente de prevalência de 4,46 casos por 10.000 habitantes, mantendo-se como o segundo país em números de casos no mundo, após a Índia. O diagnóstico da hanseníase baseia-se principalmente na presença de lesões de pele, perda da sensibilidade e espessamento neural. O tratamento específico do paciente portador de hanseníase se faz com a poliquimioterapia (PQT). Entretanto, a realidade nos revela a necessidade de terapêuticas mais atuantes, visto que é uma doença que leva à incapacidade física e deformidades que podem trazer problemas para uma boa qualidade de vida (QV). Atualmente, o conceito qualidade de vida (QV) vem adquirindo relevância e sendo amplamente debatido na área da saúde, relacionado aos aspectos econômicos, socioculturais, à experiência pessoal e estilos de vida. Consoante essa mudança de paradigma, a melhoria da qualidade de vida (QV) passou a ser um dos indicadores tanto das práticas assistenciais quanto das políticas públicas para a promoção da saúde e prevenção de doenças.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo transversal de natureza quantitativa, com 58 pacientes, independentes do sexo, adultos ou idosos com diagnóstico de hanseníase em tratamento no Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária Dona Libânia, no município de Fortaleza-Ceará. A seleção da amostra ocorreu informalmente e de maneira aleatória, no setor de Prevenção de Incapacidades (PI), duas vezes por semana. Foram aplicados dois questionários, por somente dois pesquisadores. A qualidade de vida (QV) foi analisada pelo instrumento medical outcomes study 36 - from health survey (SF-36 Pesquisa em Saúde). Esse questionário é composto por 36 itens, avaliando 08 dimensões (capacidade funcional; limitação por aspecto físico; dor; estado geral de saúde; vitalidade; aspectos sociais; aspectos emocionais e saúde mental. O segundo questionário abordou as variáveis características da doença, idade, sexo, escolaridade e renda. A análise estatística foi realizada pelo programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciense) versão 17.0. Foi utilizado o teste ANOVA, após aplicação do teste de normalidade K-S (Kolmogorov-Smirnov), com nível de significância de 5% (p < 0,05).
RESULTADOS:
Após análise dos dados, o estudo revela que a hanseníase acomete mais adultos com idade entre 18 a 49 anos e em menor número, os indivíduos com idade superior a 65 anos. Em relação ao sexo, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que a incidência da doença é maior no  sexo masculino, apesar da população masculina mostrar-se igual à feminina na presente pesquisa. A maioria dos pacientes (86,20%) tinha renda familiar entre um e tres salários mínimos, e apenas 54,4% possuía o primeiro grau incompleto, concordando assim com outro estudo que afirmam que a hanseníase atinge uma população com nível de instrução mais baixo. Observou-se um grande número de pacientes com forma virchowiana, o que demonstra que o diagnóstico pode estar sendo feito somente após a evolução da fase inicial, levando a acreditar que as pessoas só procuram atendimento após o agravamento da doença. Na presente pesquisa, foi detectado comprometimento na qualidade de vida dos pacientes com hanseníase, principalmente nos domínios limitação por aspecto físico, dor e saúde mental (p<0,05). Entretanto, ao classificar a média dos domínios, a capacidade funcional, estado geral de saúde, aspecto social e emocional foram enquadrados como "muito bom".
CONCLUSÃO:
Nesse estudo, o perfil dos pacientes estudados corroborou com os dados da literatura, nos quais a hanseníase ocorreu com maior prevalência no sexo masculino, na população de baixa renda familiar e nível de escolaridade. A faixa etária e a forma da doença foram também similares aos achados na literatura, apesar de pequenas divergências. A limitação dos aspectos físicos, dor e saúde mental foram os domínios que obtiveram menores valores através do SF-36, mostrando que essa patologia por causar incapacidades funcionais, diminuição da atividade laboral e restrição da vida social causa prejuízos e impactos negativos na qualidade, como desajustes e marginalização desses indivíduos, podendo excluí-lo do convívio social.
Instituição de Fomento: Fundação Edson Queiroz
Palavras-chave: Qualidade de vida, Hanseníase, Deformidades.