62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia
PRODUÇÃO E QUALIDADE DO AÇÚCAR DE DUAS VARIEDADES DE CANA ADUBADAS COM DOSES DE COBRE E MANGANÊS
Edna Vieira dos Santos Aristides 1
Vinicius Santos Gomes da Silva 1
Paulo Ricardo Aprígio Clemente 1
Rivan Júnior Estrela Pinto 1
José Cléber Tenório 1
Mauro Wagner de Oliveira 1
1. xxxx
INTRODUÇÃO:

Em várias lavouras canavieiras da região nordeste do Brasil tem-se observado deficiência de cobre e manganês, que além de diminuir a produção, resulta em caldo com maior teor de fenóis, e esses compostos durante o processamento da cana ou estocagem do açúcar se oxidam, alterando a cor do alimento ou da bebida. Essa carência nutricional deve-se a baixa disponibilidade de cobre e manganês em grande parte desses solos e, essa deficiência agrava-se ainda mais naquelas variedades de alto potencial produtivo como a RB867515 e a RB92579.  Assim, no presente projeto estudou-se o efeito da adubação com cobre e manganês sobre a produção e a qualidade do caldo das variedades de cana-de-açúcar RB867515 e RB92579.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi conduzida em área experimental do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, localizado no Campus Delza Gitaí, Rio Largo - Alagoas. Antecedendo a implantação do experimento analisou-se o solo e aplicou-se calcário e gesso e, cerca de sessenta dias após, início de agosto de 2007, implantou-se o experimento. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, no esquema fatorial 2 x 32, sendo duas variedades de cana: RB867515 e RB92579; e três doses de cobre e manganês: zero; 8,0 e 16,0 kg ha-1, tendo como fonte o sulfato de cobre e de manganês. Aplicou-se também nitrogênio, fósforo, potássio e zinco, em doses equivalentes a 100; 100; 200 e 7,0 kg ha-1. As parcelas foram constituídas de cinco sulcos de 6,0 metros de comprimento, espaçadas de 1,20 m. Na fase de crescimento máximo da cana, foi realizada a coleta das folhas +3, para avaliação do estado nutricional das plantas. Em janeiro de 2009 foi avaliada a qualidade do caldo, com base nos teores de sacarose aparente, fósforo, inorgânico e total, e fenóis. Os valores médios dos teores de nutrientes no terço médio da folha +3 e a concentração de sacarose aparente, fósforo, inorgânico e total, e fenóis foram submetidos à análise de variância e a teste de médias.

RESULTADOS:

A adubação com cobre e manganês influenciou apenas nos teores foliares de N, P, Cu e Mn. Mesmo tendo-se utilizado doses de N e P de 100 e 100 kg ha-1, quantidades maiores que as normalmente empregadas nas adubações da cana, constatou-se baixos teores foliares médios de N e de P que foram, respectivamente, de 17,53 e 1,38 g/kg de matéria seca. Na quase totalidade das plantas os teores foliares de manganês e cobre e manganês foram inferiores, respectivamente, a 21,0 e 5,0 mg/kg de matéria seca. Mesmo na dose mais alta de adubação com cobre e manganês não houve elevação significativa dos teores foliares desses nutrientes, devido provavelmente à alta adsorção do cobre e de manganês pelo solo. A qualidade do caldo não foi influenciada pelas variedades nem tampouco pela aplicação de cobre e de manganês, certamente conseqüência da não alteração do estado nutricional das plantas. Os teores de fenóis no caldo da cana foram da ordem de 800 mg/L, cerca do dobro dos relatados para a cana do centro-sul do Brasil. As concentrações de fósforo inorgânico no caldo da cana foram muito baixas, menores que 50 mg/L de caldo. Desta forma, os altos teores de fenóis, associados aos teores de fósforo inorgânico, são variáveis que estão contribuindo para que o caldo não seja de boa qualidade.

CONCLUSÃO:

A adubação com cobre e manganês, mesmo nas doses de 16 kg do elemento por hectare não a alterou, de forma significativa, o estado nutricional da cana-de-açúcar.

A produção de sacarose aparente da RB867515 foi de mesma grandeza da RB92579, cerca de 16.500 kg por hectare.

Os teores de fenóis e de fósforo inorgânico foram iguais nas duas variedades. A concentração de compostos fenólicos no caldo das duas variedades foi praticamente o dobro da verificada em outras regiões canavieiras do Brasil e do mundo. Por outro lado, o teor de fósforo inorgânico foi inferior a 50 mg/L, muito abaixo do mínimo adequado para os processos industriais. 

Instituição de Fomento: Cnpq, Fapeal
Palavras-chave: Fenóis, Oxidação do Caldo, Qualidade do Açúcar.