62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
A FAMÍLIA COMO CONTRIBUINTE NO TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO PELA ATIVIDADE FÍSICA DA PESSOA COM HIPERTENSÃO ARTERIAL
Keila de Oliveira Diniz 1
Camila Fabiana Rossi Squarcini 2
Luzia Wilma Santana da Silva 3
1. NIEFAM - Depto de Saúde - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB
2. Profa. Ms/Orientadora NEAFIS e NIEFAM - Depto de Saúde - UESB / Jequié
3. Profa. Dra/Orientadora NEAFIS e NIEFAM - Depto de Saúde - UESB / Jequié
INTRODUÇÃO:
Após o século XX as doenças de natureza multicausal, como as crônico-degenerativas passam a se destacar, sendo, atualmente, observadas 3,9 milhões de mortes anuais (SUSSER e SUSSER, 1996; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2003). Para tanto, diversas formas de tratamento têm sido utilizadas, em destaque para a atividade física regular (tratamento não-farmacológica) por reajustar mecanismos hemodinâmicos, autonômicos e de reflexos (NEGRÃO e RONDON, 2001). Evidências de um estilo de vida ativo, que minimizam riscos de desenvolvimento ou agravo no quadro de hipertensão, fazem questionar se tais conhecimentos estão presentes no núcleo da família. Esta entendida como sendo um sistema dinâmico em que as unidades estão em constantes interações. Neste caso, a família passará por reestruturações internas a fim de rearranjar-se diante dessa nova condição (SILVA, 2007). Sob essa perspectiva, como se dá a participação da família no que se refere ao tratamento da hipertensão arterial utilizando como instrumento o exercício físico? Para responder a esta questão, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da participação da família no treinamento físico aeróbio como forma de tratamento para pessoas com hipertensão arterial na cidade de Jequié-BA.
METODOLOGIA:
O estudo foi conduzido pelo NIEFAM e NEAFIS da UESB, na qual foram convidadas as pessoas com hipertensão arterial cadastradas nas Unidades de Saúde da Família localizados próximo da Universidade. Posterior a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa bem como da assinatura do Termo de Consentimento, 20 voluntários participaram do estudo após passarem por uma consulta médica antes de iniciar as atividades físicas. Foi feita uma avaliação pré- e pós-treinamento físico que consistiu na aferição da função cardiorrespiratória dos usuários. Assim, para mensurar a função cardiorrespiratória adotou-se o Teste de 12 minutos de Cooper que consiste em percorrer a maior distância possível em uma pista de atletismo durante 12 minutos (GUEDES e GUEDES, 1998). O treinamento físico consistiu de atividade física realizada três vezes por semana no final da tarde durante dois meses. Para cada uma dessas três visitas constou de aquecimento de 10 a 20 minutos, seguido de atividades de cunho aeróbio durante 20 a 60 minutos e, por fim, uma atividade de relaxamento de 5 a 10 minutos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1998). Para análise estatística foi adotado Teste T de Student para amostras dependentes, depois de verificado a normalidade dos dados, sendo o p<0.05.
RESULTADOS:
O resultado do Teste de Cooper apresentou distância média percorrida de 1,05Km antes das pessoas com hipertensão e seus familiares ingressarem no programa, ao passo que a média, após a participação no programa foi de 1,15km. Assim, após análise estatística constatou que tal aumento foi significativo (p=0,02). Quando convertido os valores percorridos para consumo máximo de oxigênio (variável que expressa o máximo oxigênio que é absorvido, transportado e utilizado) os valores também expressam aumento significativo. Na literatura os exercícios físicos aeróbios se caracterizam por promover melhora na condição cardiorrespiratória, que por conseqüência reduz os níveis pressóricos de maneira considerável decorrente do aumento da atividade parassimpática. Em estudo foi demonstrado redução média de 3,8 mmHg para a pressão sistólica e 2,6 mmHg para a diastólica. Com isso, o exercício físico influenciou positivamente no tratamento da hipertensão arterial sendo considerado por órgãos governamentais como sendo um tratamento não-farmacológico (McARDLLE et al., 1996; WHELTON et al., 2002; THOMPSON, 2004; BRASIL, 2006; BARROSO et al., 2008). Além disso, também tem sido demonstrada a importância da família para garantir a adesão e evitar complicações decorrente da doença(OMS, 2003; ZANETTI, 2008).
CONCLUSÃO:
Tendo em vista o objetivo do estudo em avaliar o efeito da participação da família no treinamento físico aeróbio como forma de tratamento para pessoas com hipertensão arterial na cidade de Jequié-BA, pôde-se concluir que os voluntários com hipertensão arterial, que tinham a família como participante ativa no treinamento, apresentaram melhoras significativas no perfil cardiorrespiratório, que por sua vez minimiza os efeitos da hipertensão arterial. Entretanto, de nosso conhecimento, os estudos que envolvem a família e a atividade física são escassos e devem ser incentivados a fim de compreender a real participação da família no processo de atenção à pessoa com hipertensão arterial.
Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Palavras-chave: Hipertensão Arterial, Família, Exercício Físico.