62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 5. Nutrição
Avaliações metabólicas induzidas por dieta hipercalóricas em modelo experimental
Gun Foi Heng 1
Patricia Fiorino 2
1. Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCBS (IC)
2. Profª. Drª. - Universidade Presbiteriana Mackenzie - CCBS (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
O padrão central de distribuição da gordura corpórea (adiposidade central ou visceral) é um importante marcador clínico para constatação de aumento da insulina circulante e das presenças do quadro de resistência à insulina, mesmo na ausência de obesidade. Dietas hipercalóricas têm sido amplamente utilizadas para produzir um quadro de obesidade e síndrome metabólica em modelos experimentais.. Ratos alimentados com uma dieta hipercalórica a partir de 3 semanas de vida apresentaram aumento no depósito de gordura dos tecidos retroperitoneal e epididimal, além de um maior índice de aumento de peso e aumento da deposição abdominal de gordura, quando comparados a dieta padrão, caracterizando um quadro de obesidade. Apesar da existência de diversos estudos realizados visando o controle da obesidade, das dislipidemias e do diabetes tipo II, observa-se que o sedentarismo associado à ingestão inadequada de nutrientes continua aumentando fortemente as conseqüências sobre a saúde da população.Portanto, o objetivo do presente estudo foi o de investigar os efeitos da administração crônica de uma dieta hipercalórica sobre o ganho de peso, adiposidade e glicemia em ratas recém desmamadas (21 dias de idade).
METODOLOGIA:
Foram utilizados ratos Wistar fêmeas, recém desmamadas, 21 dias de idade, divididas em 2 grupos: Dieta Padrão (GDP;n=6); Dieta Hipercalórica (GDH;n=6). Durante os 3 meses de protocolo experimental, acompanhou-se o peso corporal semanal e os parâmetros de consumo hídrico, ração e excreção urinária durante 24 horas, realizado em gaiolas metabólicas (24 hors) uma vez ao mês, totalizando 3 avaliações. Ao final dos 3 meses, realizaou-se o teste de tolerância a glicose (TTG), onde os animais receberam uma dose única de glicose (glicose 50%; 0,3ml/100g, ip) e, através de um corte na ponta da cauda, obteve-se uma amostra de sangue para avaliação da glicemia nos tempos 0, 15, 30, 60 e 90 minutos. Ao final do protocolo experimental os animais receberam uma sobrecarga de uma solução anestésica (Cloridrato de Ketamina,100 mg/kg, e Xylazina, 20 mg/kg) por via intraperitoneal para eutanásia dos animais e medida do comprimento naso-anal, para cálculo do índice de massa corporal através do índice de Lee, e coleta e pesagem dos depósitos de tecido adiposo branco subcutâneo e retroperitoneal, bem como de outros tecidos corporais de interesse. As médias foram comparadas através de teste-t de student para amostras não pareadas, sendo significante se p< 0,05.
RESULTADOS:
Ao final das 12 semanas de consumo de uma ração hipercalórica, observou-se redução no consumo de ração no GDH. Entretanto, não foram observadas diferenças estatíticas nos parâmetros avaliados de: peso corporal, peso das gorduras abdominal e retroperitonial e no índice de massa corporal, bem como nos demais tecidos corporais estudados (coração, rim, fígado, músculos gastrocnemio e soleum).  Com relação ao teste de tolerância a glicose (TTG), apesar da área sobre a curva não ter apresentado diferenças significativas entre as diferentes dietas consumidas, ao calcular a glicemia plasmática obtida nos diferentes tempos, foi possível observar um aumento importante da glicemia aos 15 e 30 minutos.  Esta descrição é importante, pois sugere que o valor calórico consumido pelo grupo GDH parece associada ao desenvolvimento de intolerância a glicose, sugerindo um estado pré-clínico do diabetes tipo 2, uma vez que apresentaram níveis normais de glicose plasmática. A intolerância a glicose, é um importante fator de risco isolado que pode contribuir para o desenvolvimento de outras doenças crônicas degenerativas tais como, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, doença renal crônica e diabetes mellitus.
CONCLUSÃO:
Mesmo com a alteração do padrão de consumo de ração, a dieta hipercalórica não modificou o ganho de peso corporal, a deposição abdominal e retroperitonial de gordura, quando comparado à dieta padrão. Entretanto, à dieta hipercalórica prolongada, foi suficiente para provocar alterações significativas nas alterações glicêmicas observadas no TTG, mesmo com a glicemia basal de jejum preservada, similar ao do grupo GDP, sugerindo o desenvolvimento de um estado pré-clínico do diabetes tipo 2.
Instituição de Fomento: PIBIC CNPq
Palavras-chave: obesidade, ração hipercalórica, gordura visceral.