62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 4. Jornalismo e Editoração
A EVOLUÇÃO DOS SERVIÇOS DE SMS E SUA IMPLANTAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS
Ana Paula Palazi 1
Carlos Alberto Zanotti 1
1. Centro de Linguagem e Comunicação, Faculdade de Jornalismo, PUC-Campinas
INTRODUÇÃO:

O celular, com suas dimensões pequenas e possibilidade de conexão com a internet, e propriamente a rede de computadores, com seus aplicativos múltiplos na vida cotidiana, tornaram-se o que McLuhan (1969) definiu como extensões de nossos corpos de tal forma que Souza (2003) aponta que o "próprio ambiente cria situações que exigem o uso constante deles". Isso se torna compreensível quando relacionado aos conceitos de Sociedade do Conhecimento (1990) e Sociedade da Informação (1999), sendo esta última que valoriza, antes de tudo, o conhecimento e a informação, e utiliza em larga escala as novas tecnologias. Para Monteiro e Pinho (2007), as Tecnologias de Informação e Comunicação "podem ser entendidas como a reunião dos meios audiovisuais, informáticos e comunicacionais que permitem criar, armazenar e transmitir informação em grande velocidade e em grande quantidade".

Na pesquisa desenvolvida, buscou-se levantar o surgimento e desenvolvimento da ferramenta de TIC, Short Message Service (SMS), e mapear a utilização deste serviço por jornais impressos com versões online da Região Metropolitana de Campinas. Ainda no plano de pesquisa, uma sondagem assistemática do orientador apontou que na região os meios de informação jornalística pouco ou nenhuma utilização faziam da ferramenta em suas rotinas produtivas, mas que, por outro lado, empresas sem tradição no ramo noticioso utilizavam o sistema de forma a promover suas marcas. Já na pesquisa, por meio da observação direta aos sites e entrevistas com editores dos jornais pesquisados percebeu-se que o serviço não é utilizado, seja por falta de conhecimento da ferramenta ou por falta de investimentos na área de tecnologia. A indisponibilidade do serviço de mensagens curtas para celulares, objeto principal do plano de trabalho, levou-nos a buscar uma aproximação entre SMS, conjugado com a utilização do Twitter e elementos fundantes relativo aos conceitos de jornalismo em contrapartida à alta customização e personalização do mecanismo pesquisado. Dessa forma, buscou-se aproximar o objeto central desta pesquisa a conceitos ligados à teoria do jornalismo, tomando por base os estudos acerca das características dos periódicos trabalhados pelo pesquisador alemão Otto Groth. Para essa aproximação, recorremos à obra referencial de Angel Faus Belau (1966) e ao artigo de António Fidalgo (2004), os dois relacionados a Groth.

Os resultados obtidos foram dispostos de maneira a demonstrar os três estágios, propostos pelo plano, para esta pesquisa. Primeiramente, são apresentadas ao leitor as tecnologias de SMS e Twitter, assim como historiado o surgimento destas ferramentas no Brasil. Em seguida, um levantamento das apropriações jornalísticas do microblog Twitter em conjunto com aparelhos celulares. E por fim oferecemos um panorama dos estudos de Otto Groth no jornalismo, baseados nos dois textos citados.

Procuramos nortear este trabalho pelos estudos recentes do orientador que analisam os mecanismos de financiamento dos jornais impressos da região e observa até que ponto o jornalismo se vale das tecnologias para produzir novas receitas financeiras.

METODOLOGIA:

O trabalho aqui empreendido partiu de uma revisão bibliográfica com a intenção de promover um levantamento do advento e desenvolvimento do SMS na área do jornalismo e as aplicações da atividade na Região Metropolitana de Campinas. Contribuíram para a pesquisa o trabalho de mestrado defendido na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, intitulado "Notícias no celular: uma introdução ao tema" (2005), assim como o artigo do mesmo autor, "Notícias no celular: tecnologias e experiências" (2004). Outra referência foi o artigo de Héris Arnt (2002) em que o autor expõe a evolução do jornalismo a partir do surgimento das novas tecnologias. Encontramos dificuldade em reunir bibliografia publicada recentemente a respeito do tema devido à tecnologia de envio de SMS já estar consolidada no país e as pesquisas mais recentes com celulares, tendo voltado seu foco para as tecnologias 3G e TV digital aplicadas à ambientes móveis.

Em etapa seguinte foram realizadas, juntamente com o grupo de pesquisa, observação dos sítios noticiosos da imprensa escrita da RMC, quando foram levantados aspectos técnicos, fontes de receita e exploração de nichos de público. Também foram feitas entrevistas padronizadas com os editores das empresas jornalísticas que mantém na RMC jornais impressos com versões online. Posteriormente foram realizadas entrevistas não padronizadas com desenvolvedores de softwares para ambientes móveis com o objetivo de reunir informações sobre as tecnologias disponíveis para a difusão de SMS.

A pesquisa bibliográfica levou-nos a dois textos que tratam do autor alemão, o primeiro, "La ciência periodística de Otto Groth" (1966), em que Faus Belau descreve os apontamentos de Groth sobre o advento de uma almejada, nova e independente área de estudo científico. O segundo, "Jornalismo Online segundo modelo de Otto Groth" (2004), em que o professor e pesquisador português António Fidalgo relaciona o jornalismo online com o modelo de jornalismo de Groth.

Definido novo objeto para o trabalho, diante da não utilização do serviço por parte das empresas jornalísticas na RMC, procuramos aplicar o estudo a dois fenômenos recentes de produção jornalística: o advento do Twitter conjugado à utilização de aparelhos celulares, focando nossa atenção à notícia as morte do cantor americano Michael Jackson em junho deste ano. Pretendeu-se, com isso, por meio das quatro características fundamentais do periódico, aplicá-las às novas formas de difusão de informações, buscando parâmetros para classificar estes novos suportes de transmissão de informações.

RESULTADOS:

Short Message Service

O serviço de mensagens curtas enviadas e recebidas por aparelhos móveis como celulares é considerado uma TIC consolidada no Brasil. A primeira rede de celular foi inaugurada na década de 90, trabalhando em padrão analógico. Com o surgimento do padrão digital, chamado de segunda geração (2G), foi possível transmitir e receber dados e aplicações além da voz, como texto e imagens. Os serviços de mobilidade como o Short Message Service (SMS), Multimedia Message Servive (MMS) e Wireless Application Protocol (WAP) só tornaram-se populares no país a partir de 2001. Atualmente o Brasil possui 152 milhões de aparelhos celulares, o que representa que de cada 100 habitantes, cerca de 80 possuem o telefone (RODRIGUES, 2009). Segundo Braginski (apud FERREIRA, 2005) o celular possui qualidades que o tornam singular como suporte de informações noticiosas: Instantaneidade, Permanência, Multimidialidade e Personalização.

Para transmitir as mensagens, existem dois tipos de SMS, o primeiro chamado de Short Message Service Mobile Originated permite o envio e recebimento de mensagens entre usuários de todas as operadoras que possuam a disponibilidade do serviço no aparelho. Já o Short Message Mobile Terminated são os pacotes de mensagens, adquiridos junto às operadoras, por empresas que fazem uso em comunicação interna ou venda de serviços. Devido ao fato de esta modalidade de mensagem ser um produto que atende às exigências do mercado, são cobrados impostos que a torna mais cara em relação ao modelo de mensagem convencional.

Twitter

Utilizando como símbolo um pássaro azul e o nome fazendo referência ao piado do animal, o Twitter se apresenta com o objetivo de responder a uma pergunta prosaica: "O que você está fazendo?". Na resposta é possível escrever até 140 caracteres, isso porque o site foi desenvolvido e lançado em 2006 pela empresa Obivious com uma estrutura simples que pudesse interagir com softwares e aparelhos variados, tornando possível acessar, enviar e receber conteúdos a partir de ambientes móveis. As atualizações são realizadas por meio de mensagens de texto em aparelhos celulares e via internet, no próprio site, ou a partir de aplicativos agregados a mensageiros como MSN e navegadores de internet como Mozila Firefox.

São duas as possibilidades de enviar mensagens via celular para páginas do Twitter. A primeira necessita que o aparelho possua capacidade de navegação na internet, procedendo assim da mesma maneira com que se conecta a partir de um computador: acessando o site twitter.com e informando o nome do usuário e a senha de acesso. Na segunda, as mensagens são enviadas a partir de SMS. No Brasil o serviço ainda não é disponibilizado pelas operadoras de telefonia móvel, sendo necessário enviar a mensagem para um número de destino fora do Brasil, utilizando-se o serviço de roaming internacional.

De acordo com pesquisas da consultora americana comScore (SCHONFELD, 2009), em junho o Twitter alcançou a marca de 44,5 milhões de usuários únicos. Outra pesquisa da Nielsen Wire (MARTIN, 2009) aponta o Twitter como o quarto site mais visitado entre as redes sociais, com estimativa de que 64% dos usuários têm entre 25 e 54 anos. No Brasil, segundo dados divulgados pelo Ibope Nielsen Online (LEAL, 2009), das 677 mil pessoas que acessaram o Twitter em março deste ano, 254 mil possuíam perfis no site.

Várias são as denominações para o novo fenômeno da rede. É chamado de microblog por possuir características dos blogs como publicação em ordem cronológica inversa, pessoalidade e interatividade. Também funciona como rede social na medida em que permite aos usuários cadastrados seguirem e serem seguidos por amigos, assim como acontece em sites de relacionamento, como Orkut e MySpace.

Segundo Gabriela da Silva Zago (2008), microblog é um "blog simplificado", pois apresenta limitações no tamanho dos textos publicados. Na falta de espaço "o conteúdo se sobrepõe a forma" (SILVA, 2009, pág.15) e as atualizações se transformam em "autênticos telegramas virtuais"(idem) . A ferramenta se assemelha ainda a mensageiros instantâneos, pois permite o envio de respostas ou replicações a outras pessoas, com a diferença de que as conversas na maioria das vezes são assíncronas. Para isso cada tuiteiro possui uma página própria onde pode visualizar suas atualizações e as de quem está seguindo.

Apropriações do Twitter: o caso Jackson

Apesar de seu objetivo original ser a troca de mensagens sobre o cotidiano, a arquitetura aberta do Twitter (qualquer pessoa pode utilizar o código do sistema) permite que a ferramenta seja reinventada, criando novas funções. Para a pesquisadora Raquel Recuero (2009), no Brasil "o Twitter teve uma dupla faceta em seu uso e apropriação: foi, ao mesmo tempo, uma ferramenta de conversação e uma ferramenta de informação".

A apropriação pelas empresas jornalísticas para a difusão de conteúdos noticiosos se dá a partir de "coberturas minuto-a-minuto, difusão de últimas notícias, informação sobre bastidores da publicação jornalística, envio de atualizações direto do local do acontecimento" (ZAGO, 2008, p.05) e também como fonte primária de informação e interação com o público, funcionando principalmente como reforço institucional. A consolidação do Twitter para fins jornalísticos, segundo Zago (ZAGO, 2008, p.05), é decorrente da "versatilidade do sistema de publicação".

Nos cenários nacional e internacional alguns exemplos da utilização da plataforma para difusão de notícias se destacam. Em novembro de 2008, os usuários do Twitter transmitiram, em tempo real, textos e fotos dos ataques terroristas a Mumbai, na Índia. No mesmo período, no Brasil, moradores de Blumenau, em Santa Catarina, atualizaram suas páginas com informações e prestação de serviço durante a enchente no Vale do Itajaí. Em janeiro de 2009, a primeira foto sobre o pouso forçado de uma aeronave no rio Hudson, em Nova York, partiu de um iPhone e foi postada no microblog do americano Janis Krums.

No dia 23 de maio, uma quebra no protocolo antecipou o resultado da escolha do Bundespräsident (president federal) da Alemanha. Antes do comunicado oficial, dois deputados enviaram mensagens com o resultado da votação para suas páginas no Twitter a partir de aparelhos celulares.

O maior impacto do mecanismo na rede social, no entanto, foi registrado no último dia 25 de junho, com a morte do cantor americano Michael Jackson. Apesar de a nota ter sido publicada primeiro no site especializado na cobertura de celebridades, TMZ , às 17h20, a notícia ganhou destaque internacional após ser postada, às 17h42, pelo perfil da agência BNONews no Twitter. Devido ao volume de pessoas atualizando-se com as informações, o microblog chegou a ficar fora do ar por alguns momentos.

Os usuários que multiplicaram e replicaram as mensagens no sistema buscavam confirmação em outras fontes, da informação divulgada pela TMZ; outros, como o brasileiro e blogueiro Pedro Tourinho, atualizavam suas páginas contanto o que acontecia em frente ao hospital em que Jackson foi atendido (AZEVEDO, 2009); e muitos comentavam sobre a vida e obra do cantor e desejavam os pêsames. Essas atitudes refletem as três categorias de usuários da ferramenta definidas por Akshay Java et al. (2008, p.08): information sources (fontes de informação), information seekers (caçadores de informação) e friends (amigos).

Otto Groth e a realidade ideal do Periódico

Para Otto Groth o Periódico deve apresentar quatro características para ser definido como tal. A primeira, Periodicidade se refere à repetição periódica em intervalos de tempo regulares. O homem é o ponto fixo ao qual está definido a repetição e para onde o objeto sempre volta, portanto o periódico segue o ritmo de vida de seus leitores. Além disso, segue rotinas de produção, acompanha o mercado e está baseado nas tecnologias para produção e difusão das notícias. A Periodicidade está intimamente ligada à Atualidade, na medida em que o periódico tenta aproximar o intervalo de tempo entre os fatos e a circulação do próximo número.

A segunda característica de Groth é a Universalidade. O periódico é um instrumento imprescindível para fornecer informações que orientem a vida em sociedade. Assim, para ter audiência, deve preencher os interesses das pessoas que o lêem. No entanto, para o pesquisador a Universalidade possuía barreiras que se restringiam a dois círculos concêntricos. No primeiro teríamos o universo pessoal de cada indivíduo, um mundo privado a que o periódico não diz respeito; no segundo círculo estão as informações que extrapolam o mundo objetivo dos leitores e, portanto não atendem suas necessidades.

Juntamente com a Universalidade, a Atualidade é a segunda característica ligada ao conteúdo do periódico. Atualidade denota um conceito de tempo presente. A relação temporal se dá entre o momento do acontecimento e o momento presente do homem. Portanto, não é o mesmo que novidade, pois esta é uma qualidade. "O tempo não é considerado na Novidade, algo pode ser novo sem ser atual" (FAUS BELAU, 1966, p.66). Assim como na Periodicidade, o mais alto grau da Atualidade é a simultaneidade entre o memento em que se produz o fato e a circulação do periódico. Mesmo assim, existem partes que podem apresentar elementos não atuais, desde que sejam de interesse do leitor.

A última característica do periódico é a Difusão que junto com a Periodicidade dizem respeito à forma do periódico. "A difusão está caracterizada potencial e objetivamente pela acessibilidade geral ao objeto" (1966, p.73) que deve estar disponível a todos se comunicando de maneira completa com seus leitores para que não sejam excluídos na hora de receber as informações. Assim como a Universalidade, possui dois círculos de limitação, são as distâncias sociais, físicas e espaciais. Para contorná-las "o periódico deve descentralizar-se porque somente a partir de um periodismo classificado espacial e socialmente pode ser satisfeita a demanda de presença e o mundo presente" (1966, p.76), ou seja, o jornalismo deve particularizar-se em um público e com isso negligenciar outros.

 

ANÁLISE DE RESULTADOS

Se o periódico, para Otto Groth, é uma realidade ideal firmada em diferentes suportes, podemos encontrar o objeto de estudo de Groth também em páginas dentro da plataforma do Twitter, além da possibilidade de um mesmo periódico ter diferentes materializações, como por exemplo, a utilização combinada do Twitter com aparelhos celulares. Numa sociedade baseada na economia da informação, encontramos diversos exemplos de empresas jornalísticas que mantém, sob a mesma marca ou identidade, dois ou mais suportes de difusão de notícias, com a finalidade de se manterem vivas financeiramente e, entre os diversos nichos de público, propagar seu ideal de jornal.

A seu tempo, Otto Groth não imaginava que pudesse vir a existir uma tecnologia que levasse ao extremo a busca por simultaneidade entre o acontecimento e sua publicação, nem que tais tecnologias viessem a integrar o mundo estreitando distâncias por meio da transferência de dados em tempo real. O conceito de Periodicidade é levado ao extremo de sua idealização, onde podemos perceber uma diferença estrutural entre o "Periodk" de Groth e o Twitter e SMS: as modernas Tecnologias de Informação e Comunicação não possuem intervalos de tempo entre as edições devido a não terem edições, pois se atualizam constantemente. Além disso, é o público que busca nas páginas da internet, ou assinando um serviço de SMS, a informação que deseja receber.

Outra mudança estrutural ocorre com o conceito de Difusão. Este, segundo Groth, é restrito geográfica e espacialmente, mas com o advento da World Wide Web as barreiras físicas são superadas e o conteúdo se faz acessível a todos que possuam uma conexão com a internet. Para Otto Groth, os fatores que determinam a intensidade ou extensão da Difusão dependem de circunstâncias geográficas, políticas, populacionais, sociais, econômicas, entre outras. Na internet a audiência depende também de questões culturais, sociais e econômicas, mas não mais geográficas, pois a tecnologia estreitou distâncias e transformou o tempo em simultâneo nas transmissões de dados. No Twitter, o conceito de Difusão restrita foi inovado, pois é possível relatar um assunto de relevância mundial, como a morte de Michael Jackson, para leitores de uma região e língua específicas, ou sobre um assunto regionalizado, como as enchentes de Santa Catarina, e torná-lo universalmente público, para qualquer pessoa com acesso a internet.

O Periódico deve, contudo, particularizar-se em um público, mas não mais limitado a um espaço territorial. As novas comunidades formadas na rede mundial de computadores não mais estão fixadas em determinadas áreas, mas espalhadas digitalmente na internet. Nesse cenário o Twitter, com sua característica de rede social, e o SMS, como objeto de uso pessoal, são utilizados para fins particulares, mas permitem a apropriação, como visto, para transmissão de notícias; essa última sendo assegurada pelas duas características de Groth ligadas ao conteúdo do periódico: Universalidade e Atualidade.

No entanto, também a Universalidade e a Atualidade sofrem adequações na interpretação do pensamento do pesquisador alemão. A Universalidade, por exemplo, deixa de ser territorializada e passa a ser segmentada, produzindo publicações especializadas para nichos de público. Já a Atualidade é potencializada pela facilidade de interação entre as ferramentas. O usuário passa a participar fundamentalmente para a atualização do meio, contribuindo para transformar o microblog Twitter numa espécie de rádioescuta para o jornalista. Além disso, a possibilidade de transmitir informações a partir de ambientes móveis torna simultânea a divulgação do fato e não exige que o jornalista se desloque para publicar a notícia, reduzindo assim o custo da produção.

 

CONCLUSÃO:

A simplicidade da ferramenta Twitter aliada à mobilidade e agilidade na propagação de mensagens, além de reduzir custos da produção, quando da utilização em conjunto com as funções dos aparelhos celulares, pode gerar receita para as empresas noticiosas. Hoje o modelo de negócios utilizado pelas empresas jornalísticas dentro do Twitter é apenas o de canal para reforço institucional. Grande parte dos perfis de jornais impressos e redes de televisão na ferramenta alimentam suas páginas com as manchetes das versões impressas e televisivas, muitas vezes sem qualquer edição, extrapolando o limite de 140 caracteres. Trabalhar de maneira completa com a ferramenta, aproveitando-se das suas principais características pode significar uma maior taxa de interatividade, no sentido de o usuário encontrar o que busca (NATANSOHN, 2008). E a empresa de comunicação obter receitas para manter os serviços online.

Apesar da internet e propriamente o Twitter proporcionarem e incentivarem a criação de conteúdos de forma coletiva, ainda assim o papel de gatekeeper (McCOMBS e SAHW, 1972) desempenhado pelo jornalista é importante, com a finalidade de selecionar e hierarquizar os acontecimentos de interesse público. Otto Groth acreditava que o universo particular das pessoas não deveria ser fonte de informação para o jornalismo. Para ele, existe uma linha tênue que separa o privado do público; esta linha se confunde no microblog, devido à sua característica de rede social, sendo, portanto, função do jornalista dar credibilidade ao seu discurso dentro da ferramenta e uma oportunidade de trabalhar com o crescente consumo do "produto notícia" (MEDINA, 1998).

Este trabalho não tem a intenção de encerrar o assunto, mas gerar possíveis discussões sobre a utilização da ferramenta por parte dos jornais impressos como elemento a integrar e alimentar financeiramente sua produção.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Palavras-chave: Cultura Digital, Jornalismo e Customização, SMS e Twitter.