62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE DE ESTAQUEAMENTO INTER- E INTRA-ESPECÍFICOS EM P. cincinnata MAST E P. setacea DC (PASSIFLORACEAE)
Marivane Silva Rocha 1
Venâncio Bonfim Silva 1
Danilo dos Santos Lemos Filho 1
Thayse França Tosto 1
Antonio Carlos de Oliveira 1
1. Depto. de Ciências Naturais, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
INTRODUÇÃO:

O Brasil é um dos grandes centros de diversidade da família Passifloraceae. Das 420 espécies existentes desse gênero cerca de 150 espécies são encontradas no país. Dentre elas, sessenta são comestíveis (NETO, 2002).

Um dos grandes problemas enfrentados pelos passicultores é a enorme perda de seus campos de produção devido a ocorrência da morte prematura de plantas causadas por patógenos do solo (RONCATTO et al, 2004). Nesse contexto, faz-se importante estudos de caracterização e melhoramento de espécies nativas de Passiflora, já que muitas delas apresentam resistência a patógenos do solo (RONCATTO et al, 2004; ARAÚJO, F.P. et al, 2004). Uma das alternativas viáveis para se conviver com a presença de fitopatógenos de solo é o emprego de espécies nativas como porta-enxerto. Muitos trabalhos preconizam a utilização dessa técnica com espécies de P. cincinnata e P. setacea, devido a sua elevada resistência a patógenos do solo (Melette et al, 2002; ARAÚJO, F.P et al, 2004; Braga et al., 2006; Roncatto et al, 2008). O objetivo desse trabalho foi o de comparar a capacidade de estaqueamento inter- e intra-específico em P. cincinnata MAST e P. setacea DC (PASSIFLORACEAE).

METODOLOGIA:
 As estacas foram coletadas de plantas de P. cincinnata e P. setacea, no período de setembro de 2009 a fevereiro de 2010, localizadas em distritos e povoados do município de Vitória da Conquista, BA e, ainda, próximas ao campus da UESB desta cidade. As plantas-matrizes foram selecionadas em função da sanidade, vigor, produtividade e qualidade de frutos.

Um montante de 104 genótipos (setenta de P. setacea e trinta e quatro de P. cincinnata) foi amostrado, dos quais foram originadas de 5 a 10 estacas de 10 cm de comprimento cada, oriundas da região mediana dos ramos, contendo duas ou três gemas e duas meias-folhas. As estacas de cada genótipo foram plantadas em sacolinhas individuais de pequeno porte, preenchidas com substrato areia lavada, e mantidas em condições de telado, na UESB.

Decorridos 30, 45 e 60 dias após o plantio das estacas, as mesmas foram avaliadas quanto a capacidade de pegamento, i.e., as estacas eram classificadas se estavam vivas ou mortas. A capacidade de estaqueamento inter- e intra-específico entre/de P. cincinnata e P. setacea foi determinada via teste qui-quadrado de contingência 2x2 e 2xn, respectivamente; empregando-se o software Bioestat v.5 (AYRES et al., 2008).

RESULTADOS:
Contrastando-se estatisticamente a capacidade de pegamento de estacas destas duas espécies de Passiflora nativos, tem-se que P. setacea apresenta, independente da época de avaliação, uma maior estaqueamento, se considerar número total de genótipos cujas estacas foram pegas (0,0001 ≤ p ≤ 0,024). A seu modo, ao se comparar a capacidade de estaqueamento intra-espécie, detectou-se a existência de variabilidade genética em ambas as espécies no que tange a capacidade de pegamento, independente da época de avaliação [P. cincinnata (0,0024 ≤ p ≤ 0,001) e P. setacea (0,0001 ≤ p ≤ 0,0003). Em termos percentuais a taxa de pegamento, aos 30, 45 e 60 dias foi de 56,2%, 70,2% e 55,1% para P. cincinnata e de 23,3%, 29% e 41,2% para P. setacea, respectivamente. Ou seja, os genótipos de P. setacea apresentaram maior nível de pegamento, se não se considerar o número de estacas vivas/genótipo; ao passo que P. cincinnata apresentou melhor estaqueamento, ou seja, a sobrevivência de estacas/genótipo foi mais elevada. Isso evidencia a existência de variação genética útil que pode vir ser explorada em termos de genética e melhoramento quanto ao futuro emprego de genótipos destas espécies enquanto porta-enxerto. Genótipos superiores quanto a característica estão sendo preservados para futuros estudos.
CONCLUSÃO:

Passiflora cincinnata apresentou as melhores taxas de estaqueamento, quando comparada com Passiflora setacea.

Instituição de Fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Palavras-chave: Estaquia, Passiflora, Variabilidade.