62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
CASOS NOVOS DE HANSENÍASE ENTRE OS CASOS SUSPEITOS ENCAMINHADOS PARA O AMBULATÓRIO DE HANSENÍASE DA FUNDAÇÃO ALFREDO DA MATTA
Ívila Mesquita Tupinambá 1
Rossilene Conceição da Silva Cruz 2
1. Faculdade de Medicina - FM, Universidade Federal do Amazonas - UFAM
2. Msc./Orientadora - Amb. de Dermatologia Tropical, Fundação Alfredo da Matta-FUAM
INTRODUÇÃO:
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae; afeta pele, sistema nervoso periférico e, ocasionalmente, outros órgãos e sistemas. É caracterizada por alteração de sensibilidade cutânea, podendo ocorrer ainda engrossamento de nervos periféricos. O Brasil é o segundo país em números de casos registrados, estando apenas atrás da Índia. Em 1991, foi assinado pelo governo brasileiro um termo de compromisso mundial, para eliminá-la até 2010. Em face disto, diversos estudos vem sendo realizados como o "Estudo independente para avaliação da eficácia do esquema único de multidrogaterapia (MDT-U) para tratar pacientes com Hanseníase" no qual está inserido o presente projeto aqui relatado e desenvolvido na Fundação Alfredo da Matta, objetivando conhecer o número de casos confirmados de hanseníase entre os casos suspeitos encaminhados ao Ambulatório de Dermatologia Tropical da Fundação Alfredo da Matta, no estado do Amazonas.
METODOLOGIA:
Estudo retrospectivo que utilizou-se de dados secundários, realizado com pacientes atendidos no Ambulatório de Dermatologia Tropical da Fundação Alfredo da Matta, faixa vermelha, referente ao período de março de 2007 à março de 2009. Para a execução do plano de trabalho e a coleta de dados foi utilizada a planilha screening log, que continha o nome de cada paciente acrescido de seu respectivo número de prontuário, data da primeira consulta, idade, acesso - se era da capital (Manaus) ou proveniente de outras localidades, aceite ou declínio da participação no MDT-U e, em caso de não inclusão no MDT-U justificativa da mesma; dados estes que foram preenchidos no momento da chegada dos pacientes ao Ambulatório e com coletas complementares nos prontuários dos mesmos. Foram inclusos pacientes confirmados como casos novos de hanseníase participando ou não do projeto MDT-U e foram excluídos aqueles que não retornaram para a consulta e/ou com dados insuficientes nos prontuários. Após isso, foi elaborado um banco de dados digitalizado que foi analisado mediante uso do programa Epi Info.
RESULTADOS:
Foram coletados dados de 1555 pacientes suspeitos, dos quais foram diagnosticados como casos novos de hanseníase 593 (38,30%). Desse total, 7 não continham informações suficientes para análise, conformando-se em 345 pacientes do sexo masculino (58,2%) e 248 do sexo feminino (41,8%), dos quais foram cruzados dados em relação à idade, à forma clínica, ao índice baciloscópico (IB), à prevenção de incapacidades (PI) e ao acesso. Seguindo os critérios de classificação operacional para as formas clínicas, da Organização Mundial da Saúde (OMS) houve predomínio das formas mutibacilares (52,8%) sobre às paucibacilares (47,2%), evidenciando uma demanda passiva de doentes já antigos. A despeito da PI, 71,8%, 18,5% e 9,7% apresentaram, respectivamente, grau 0, 1 e 2, demonstrando a eficácia das campanhas realizadas para que a procura pelo diagnóstico ocorra precocemente antes de ser gerada qualquer incapacidade. Em relação ao IB ocorreu a maior taxa nos índices entre 0 e 3 (85,5%). Quanto ao acesso, 71,4% eram provenientes de Manaus. Inferindo-se sobre a faixa etária, 89,7% possuíam idade superior a 15 anos; em países endêmicos, a população infantil entra precocemente em contato com pacientes portadores de hanseníase.
CONCLUSÃO:
Com base nos resultados e em comparação aos resultados obtidos em estudos anteriores realizados em São Paulo (1997), Brasília (2002), Maranhão (2003) e Alagoas (2006) pode-se confirmar a maior proporção de casos entre homens que entre mulheres, muito embora essa diferença venha sendo diminuída, com aumento da prevalência de hanseníase em mulheres, devido às mudanças de hábitos e atividades ocupacionais. Além disso, há a necessidade da implementação de melhorias no sistema de saúde para que a verificação de casos novos em serviço de triagem seja de maneira mais específica, haja vista a quantidade de casos tidos como suspeitos em relação aos que foram realmente evidenciados como casos novos confirmados de hanseníase. Entretanto, foram constatadas alterações positivas em relação às medidas de controle e diagnóstico da afecção no estado do Amazonas, visível pelo elevado percentual de acometimento em indivíduos com idade superior a 15 anos e à procura por auxílio e orientação médica e/ou de profissionais capacitados antes da ocorrência de incapacidades decorrentes da doença.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM
Palavras-chave: Hanseníase, Casos novos, Fundação Alfredo da Matta.