Lesões térmicas são uma das principais causas de morbidade e mortalidade tendo em vista a destruição tecidual e o risco de infecção, com implicações significativas nos cuidados de saúde. A laserterapia de baixa intensidade e a estimulação elétrica com microcorrentes são recursos que aceleram o processo de reparo tecidual quando aplicados separadamente, melhorando a qualidade do tecido lesionado. No entanto, não está bem estabelecido se esses recursos poderiam apresentar resultados mais rápidos e eficazes se aplicados de forma combinada, ou se a ação física de um deles poderia anular a ação benéfica do outro. Objetivamos analisar o uso da laserterapia associada à terapia com microcorrentes como recurso terapêutico no processo de reparo tecidual de queimaduras em ratos Wistar, estudando a presença de regeneração epitelial, presença de fibroblastos e neoangiogênese. 

Os animais evoluíram sem qualquer complicação durante o período de tratamento. Observamos que o uso associado das terapias promoveu melhora na produção de fibroblastos (p=0,0237) e neoangiogênese (p=0,0145). Observamos aumento moderado no número de fibroblastos e na presença de novos vasos. Não houve diferença significativa em relação à regeneração epitelial (p=0,2575), processo inflamatório (p=0,8086), colágeno (p=0,1605) e anexos cutâneos (p=0,7222) entre os grupos estudados. Ambos os grupos evoluíram com presença de processo inflamatório com grande número de neutrófilos e descontinuidade do epitélio com ausência de regeneração epitelial. Parecem claro os benefícios que a terapia laser e a eletroterapia por microcorrentes pode fornecer na formação de um reparo tecidual mais adequado mediante o aumento do metabolismo celular local, formação de novas células (mitose) e a maior síntese de substancias responsáveis pela regeneração do tecido lesado. No entanto, as melhorias da multiterapia foram consistentes, mas menos notável em comparação com os trabalhos anteriores com protocolos de modalidade única.

Utilizando um modelo de queimadura em ratos Wistar, observamos que a associação, do laser visível de AlGaInP (660nm e potência de 30mW) e da microcorrente (160μA e freqüência de 60Hz) promoveu melhora significativa na produção de fibroblastos e formação de novos vasos sanguíneos. Apesar do laser e da microcorrente separadamente produzirem resultados melhores que no presente estudo, a combinação das modalidades parece diminuir a ação terapêutica. Estes resultados recomendam atenção durante o tratamento de lesões dérmicas por queimadura, e a sugestão do uso dessas modalidades de modo isolado pode ser o melhor curso de ação.