62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
AGROECOLOGIA E GÊNERO NORTEANDO CAMINHOS NO ASSENTAMENTO MULUNGUNZINHO EM MOSSORÓ-RN
Zildenice Matias Guedes 1
Jacqueline Cunha de Vasconcelos Martins 2
1. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
2. Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA
INTRODUÇÃO:

O modelo de agricultura convencional tem se mostrado insustentável do ponto de vista socioambiental. Predomina a maximização do lucro e da produção, em detrimento dos aspectos sociais e da capacidade dos agroecossistemas naturais. As preocupações com os impactos da agricultura convencional intensificaram-se após a Revolução Verde. O uso intensivo de insumos e a extração excessiva dos recursos naturais, além de minar a capacidade destes, acarretaram sérios problemas de saúde e desequilíbrios ambientais. Diante da necessidade de novos caminhos para as famílias rurais, a agroecologia dispõe da base tecno-científica de estratégias para o desenvolvimento rural sustentável. A agroecologia contribui para a permanência das pessoas no campo a partir do manejo sustentável dos solos, da valorização dos saberes locais e da independência dos pequenos agricultores que comercializam seus produtos sem a presença do atravessador. Um outro elemento que merece destaque é a discussão de gênero em torno dos esquemas produtivos das áreas rurais, comumente machistas. O objetivo desta pesquisa é evidenciar os impactos socioambientais e econômicos das práticas agroecológicas vivenciadas pelas mulheres do Assentamento Mulunguzinho, em Mossoró-RN.

METODOLOGIA:

A pesquisa classifica-se quanto à finalidade como exploratória. Quanto à coleta de informações, classifica-se como qualitativa. A obtenção dos dados se deu através de levantamento bibliográfico, documental e por visitas realizadas ao assentamento Mulunguzinho, em Mossoró-RN. Além da realização de entrevistas semi-estruturadas, com as mulheres do grupo "Decididas a vencer", moradoras da comunidade que atuam na produção de hortaliças orgânicas, com assistência técnica, gerencial e social de ONGs - Organizações Não Governamentais.

RESULTADOS:

As mulheres do grupo "Decididas a vencer", por meio da produção orgânica de hortaliças, estão contribuindo para a segurança alimentar de suas famílias, conseguindo uma condição de renda, que antes do projeto era exclusividade dos homens da comunidade e, além disso, contribuem para a sustentabilidade ambiental, uma vez que não se utilizam de insumos convencionais, como agrotóxicos e fertilizantes químicos. O desempenho das atividades no espaço da horta orgânica gera ainda um clima de solidariedade entre as mulheres assentadas e um sentimento de inclusão social. Através de redes de economia solidária, comercializam diretamente seus próprios produtos em localidades do entorno. Por meio de práticas que têm como princípio as técnicas agroecológicas de produção, as mulheres em seu espaço rural, que adotam esta filosofia de produção sentem-se livres para usufruírem os seus conhecimentos e fixarem-se no campo de modo que sua permanência não seja sinônimo de atraso, nem tampouco exclusão social. A própria realidade socioambiental e econômica determina as técnicas necessárias para que a Agroecologia promova a sustentabilidade local.

CONCLUSÃO:

As práticas agroecológicas vivenciadas pelas mulheres do grupo "Decididas a vencer", no Assentamento Mulunguzinho em Mossoró-RN, apresentam características de que tem contribuído para a sustentabilidade socioambiental e econômica da comunidade. É possível combater a fome e reduzir a pobreza presente no campo e a agroecologia dispõe dos mecanismos necessários para tal mudança. A agroecologia está voltada para as condições locais de cada região, valorizando os conhecimentos e saberes das pessoas do campo. No Assentamento Mulunguzinho, em Mossoró-RN, a experiência que vem sendo desenvolvida pelo grupo de mulheres "Decididas a Vencer", no cultivo de horta orgânica, tem contribuído para que haja uma maior preocupação com o manejo adequado dos recursos naturais. Com base na própria experiência, as assentadas apontam que devem cuidar bem do solo que dispõem, pois dele retiram parte do sustento para suas famílias e não devem torná-lo impróprio para o uso, pois se o perderem não terão onde manter seus cultivos. As mulheres envolvidas com a horta, além de produzirem alimentos saudáveis, sentem-se mais valorizadas por terem ocupação e participarem da renda familiar.

Palavras-chave: agroecologia, horta orgânica, gênero.