62ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 1. Língua Portuguesa
QUEM RI POR ÚLTIMO...NÃO CONHECE O CONTEXTO
Marta Helena Feitosa Silva 1
1. Prof.ª Esp. Língua Portuguesa e Literatura Brasileira IFRN/ Campus Currais Novos
INTRODUÇÃO:
O conhecimento do contexto tem sido a porta de entrada para a construção de uma leitura de mundo eficiente. Entretanto a prática em sala de aula leva-nos a constatar que uma parte significativa dos educandos possui uma visão superficial em relação aos acontecimentos que os cercam. Essa superficialidade traz, entre outras consequências, dificuldade de aprendizagem em várias áreas do conhecimento, notadamente naquelas que exigem familiarização com diversidade de textos advindos das mais diferentes práticas sociais, tais como a história e a geografia, sem esquecer a própria língua portuguesa. Partindo do princípio de que os textos humorísticos - anedotas, charges, tirinhas, histórias em quadrinhos, entre outros - são extremamente atrativos para o aluno e exigem a identificação dos fatores de coerência para sua compreensão, este projeto foi desenvolvido a fim de que, em sua prática cotidiana, os professores promovessem atividades de leitura e interpretação desses gêneros textuais, buscando ressaltar a importância, entre outros fatores, do conhecimento do contexto entre seus alunos. A proposta de incentivar a utilização desses textos em sala de aula pretendeu contribuir para que o educando ampliasse a compreensão da realidade, ajudando-o a tornar-se um leitor mais competente.
METODOLOGIA:
O projeto foi desenvolvido com professores da rede estadual de ensino do município de Currais Novos/ RN, a partir da leitura de textos humorísticos de gêneros e modos de organização variados, retirados de sites da Internet - anedotas, tiras e HQ's, charges e cartuns - confrontados com anúncios publicitários, notícias e reportagens jornalísticas escritas e televisivas, a fim de que se reconhecesse o suporte contextual bem como os demais fatores de coerência na sua construção. Os temas dos textos foram variados - esporte, política, religião etc., além da abordagem das representações sociais - negro, mulher, advogado, nordestino, entre outros. As aulas foram do tipo expositiva, com utilização do projetor multimídia. Ao longo do curso, foram aplicadas atividades orais e escritas, para que os professores se sentissem desafiados a trabalhar com os textos e também como proposta de recurso didático em suas aulas. Os encontros aconteceram no Campus do IFRN, em Currais Novos, num período de dez semanas, entre agosto e novembro de 2009, uma vez por semana, durante três horas, totalizando uma carga horária de 30 horas/ aulas.
RESULTADOS:
Durante o curso, o olhar dos professores para o texto humorístico foi sendo transformado, desvinculado das propostas limitadoras impostas pelos livros didáticos e, ao final, os participantes reconheceram como é possível agregar esses textos aos demais - que tradicionalmente já se utilizam em sala de aula - como um excelente aporte para o desenvolvimento da compreensão leitora e, consequentemente, para a construção de diferentes saberes.
CONCLUSÃO:
O curso possibilitou verificar que ainda há resistência por parte dos professores em utilizar textos humorísticos, em virtude do desconhecimento das múltiplas possibilidades de explorar as informações neles contidas, tomando como ponto de partida, principalmente, os fatores de coerência que os constituem. Também se constatou que o material didático disponível no mercado não dedica a esses textos a relevância adequada, visto que têm sido utilizados meramente como suporte para apresentação de conteúdos gramaticais.
Instituição de Fomento: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Currais Novos
Palavras-chave: Leitura , Textos humorísticos, Fatores de coerência textual.