62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
ANÁLISE ESPACIAL DA EVOLUÇÃO TEMPORAL DE ÓBITOS DECORRENTES DE ACIDENTES DE TRÂNSITO NO VALE DO PARAÍBA, 1998 A 2002 E 2003 A 2007
Marcela Neves Nunes 1
Luiz Fernando Costa Nascimento 2
1. Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté - UNITAU
2. Prof. Dr./Orientador - Depto. de Medicina, Universidade de Taubaté - UNITAU
INTRODUÇÃO:
Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes de trânsito são uma das principais causas de internações e óbitos no Brasil. Alcançaram patamares próximos ao ocupado por doenças cardiovasculares, que lideram o principal grupo de causas de morbimortalidade no Brasil. A violência no trânsito tem determinado um amplo impacto nos gastos do Sistema Único de Saúde, sendo considerada como um grave problema de saúde pública. O objetivo deste estudo foi comparar o padrão espacial de óbitos decorrentes de acidentes de trânsito em municípios do Vale do Paraíba paulista, entre dois períodos, 1998 a 2002 e 2003 a 2007.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo do tipo ecológico e exploratório. A região analisada, sob administração da Direção Regional de Saúde de Taubaté, é constituída por 35 municípios, com população estimada de 2 milhões de habitantes. A análise temporal foi dividida em dois períodos de cinco anos, sendo o primeiro de 1998 a 2002 e o segundo de 2003 a 2007. A variável estudada foi óbitos decorrentes de acidentes de trânsito, que englobam as categorias V01-V09 (pedestre), V10-V19 (ciclista), V20-V29 (motociclista) e V40-V49 (automóvel) da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-10); as informações foram obtidas do portal DATASUS. Foram criadas taxas de óbito por 100 mil habitantes para a análise. A estatística espacial utilizou um banco de dados georreferenciado dos municípios e foi aplicada a abordagem de análise por área, obtendo-se o Índice de Moran Global com o p-valor, pelo programa computacional Terraview disponibilizado pelo INPE.
RESULTADOS:
No primeiro período de estudo foram 347 óbitos, variando entre 0 e 159. Foi observado um aglomerado (Lavrinhas, Queluz e Silveiras) na região leste do Vale do Paraíba, próximo à divisa com o estado do Rio de Janeiro, com altas taxas de óbitos. Ao longo do eixo leste-oeste, onde se encontra a rodovia Presidente Dutra, a maioria dos municípios apresentou taxas de óbito com valor intermediário; o índice de Moran Global (I) e o respectivo p-valor (p), para a taxa de óbito, no primeiro período foram I=0,22 (p=0,03) o qual indicou correlação espacial. No segundo período, foram 356 óbitos, variando entre 0 e 179. Foi observada uma melhora com a queda da taxa de óbito dos três municípios anteriormente citados na região leste. Paraibuna se destacou com a maior taxa de óbito e, não foi observada uma continuidade de municípios com altas taxas ao redor da via Dutra. Teve destaque de três aglomerados com taxas de óbito de valor intermediário; neste período o índice de Moran Global (I) foi I=0,05 (p=0,28), sem associação espacial. A queda da taxa pode estar relacionada com a melhora da conscientização da população e da sinalização, assim como a piora observada em outros municípios pode ser atribuída a uma possível falta de sinalização e infra-estrutura para atendimento hospitalar.
CONCLUSÃO:
A análise espacial da evolução temporal permitiu identificar o padrão de óbitos por acidentes de trânsito que se modificou na comparação entre os dois períodos. Estas alterações podem permitir a implantação de ações de políticas públicas para a redução dos óbitos e também de acidentes viários nessas regiões.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (Processo nº 2009/09477-9 )
Palavras-chave: Geografia médica, Causas externas, Acidentes de trânsito.