62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 6. Ciência Política
A AGENDA POLÍTICA DOS MOVIMENTOS NEGROS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DO ENEGRESER-DF
GUSTAVO DOS SANTOS CANTUÁRIA 1
1. INSTITUTO DE CIÊNCIA POLÍTICA- IPOL
INTRODUÇÃO:
A adoção do sistema de cotas para negros e índios na Universidade de Brasília (UnB) foi um momento ímpar na história da instituição e contou com a participação de vários atores, como toda política pública, ela é resultado de uma demanda social e de uma pressão política. O objetivo desse trabalho é analisar a contribuição do coletivo de negros e negras do Entorno e do Distrito Federal- EnegreSer-DF na instauração dessa política no período de 2002 a 2004 e as estratégias adotadas pelo coletivo para combater o racismo e a discriminação racial dentro da Universidade. As políticas afirmativas, pós-redemocratização, começaram a serem vistas pelo movimento negro como uma forma de reduzir o preconceito, discriminação e as desigualdades raciais. Na agenda política do governo brasileiro começaram a ser adotadas depois da marcha de 300 anos da morte de Zumbi, em 1995, e principalmente depois da III Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e a Intolerância Correlata realizada em Durban, na África do Sul em 2001.
METODOLOGIA:
O estudo da análise da atuação do EnegreSer é feita a partir de uma perspectiva analítica que estabelece um diálogo com a dinâmica mais ampla de desenvolvimento e atuação dos movimentos negros no Brasil, pensando na composição da agenda e nas posições assumidas pelo movimento negro. Houve uma análise documental de publicações de integrantes do coletivo em jornais e revistas, textos postados no grupo eletrônico, documentos e vídeos sobre a implementação das cotas na UnB. O último passo foram as entrevistas com membros do coletivo.
RESULTADOS:
O sistema de cotas na UnB, como toda a política pública, é resultado de uma demanda social e de uma pressão política. Os resultados da pesquisa apontam para uma contribuição substancial do coletivo EnegreSer-DF para fomentação do debate, formulação e implementação de cotas na UnB no período de 2002 a 2004. Os casos de discriminação racial na UnB: destacando-se o caso Ari; a Conferência de Durban, a marcha de 300 anos da morte de Zumbi e a constante luta do movimento negro no Brasil, que sempre questionou as ideologias raciais dominantes, primeiro a do embraquecimento e depois o da democracia racial, também foram fatores colaboradores para a adoção dessa política.
CONCLUSÃO:
O EnegreSer-DF levou o debate sobre o sistema de cota para a UnB e também as demandas da população negra e do movimento negro, pois o coletivo entende que a política de cotas é uma das formas mais efetivas de inclusão, de redução da discriminação e das desigualdades raciais. O coletivo democratizou o tema no intuito de conscientizar o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), o corpo docente e discente da importância da adoção dessa política. Espero que essa pesquisa possa contribuir para a melhor compreensão da questão racial, das políticas afirmativas, da política de cotas, do movimento negro no Brasil, do coletivo EnegreSer-DF e que ela possa elevar o nível de consciência dos alunos negros cotistas da universidade para que contribuam para o desenvolvimento da população negra.
Instituição de Fomento: Universidade de Brasilia
Palavras-chave: Política de cotas, EnegreSer-DF, Universidade de Brasília.