Trata-se de um estudo documental, que descreve, analisa e classifica os trabalhos apresentados segundo uma matriz analítica dos tipos de metodologia. A matriz utilizada estabelece um conjunto de oito possibilidades de desenhos metodológicos: i) pesquisa bibliográfica; ii) ensaio teórico; iii) estudo descritivo; iv) estudo etnográfico; v) pesquisa participante/ação; vi) análise de produto da mídia; vii) abordagem histórica; viii) outros (resenhas, breves relatos, etc.). O corpus de pesquisa é constituído por um total de 171 comunicações orais e pôsteres cujos textos encontram-se disponíveis na íntegra, nos anais dos CONBRACEs do período. Para a classificação da metodologia dos trabalhos de foi adotado o seguinte procedimento: primeiramente, buscava-se observar se o(s) autor(es) declarava(m) a metodologia utilizada; nestes casos, fazia-se uma leitura buscando confirmar a opção metodológica sugerida, buscando classificá-la no item correspondente da matriz analítica. Nos casos em que não havia a informação específica sobre a metodologia adotada, o texto era analisado mais detalhadamente e buscava-se sua classificação segundo a matriz analítica, considerando o objeto de estudo, as formas de abordá-lo, a existência ou não de trabalho de campo, a coleta e tratamento dos dados, etc.

A primeira constatação que a observação dos textos possibilita é de uma tendência atual de estabilização no número de trabalhos apresentados no GTT. Se nos 3 primeiros eventos foram respectivamente 11, 11 e 14 trabalhos, em 2003 esse número passou para 29 e, na sequência, 35, 35 e 36 comunicações e pôsteres nos últimos 3 CONBRACEs. Considerando o total dos trabalhos analisados, figuram como hegemônicos os estudos de análise de produto da mídia (n=54 ou 31,57%), seguidos dos estudos descritivos (n=34 ou 19,88%) e das pesquisas bibliográficas (n=23 ou 13,45%). Observando-se o movimento dos perfis metodológicos ao longo da série, percebe-se que os estudos considerados de análise de produto da mídia apresentam uma curva inicialmente ascendente, seguida de ligeira queda e uma tendência de estabilidade verificada nos últimos 2 eventos. Já os estudos descritivos tiveram franco crescimento a partir de 2003, alcançando em 2007 e 2009 praticamente os mesmos valores que o tipo hegemônico (análise de produto da mídia). Enquanto isso, os demais tipos de abordagem mantém tendência de menor presença ao longo da série, alternando-se a cada evento, com queda mais acentuada das pesquisas bibliográficas e um pequeno aumento dos ensaios teóricos, observado em 2007 e confirmada no CONBRACE de 2009.

Por tratar-se de um tema relativamente novo e transversal à Educação Física/Ciências do Esporte, parece coerente que os pesquisadores do campo tenham privilegiado, no inicio, os produtos da mídia (programas televisivos, jornais, revistas, etc.) como seu objeto de análise, visando melhor compreende-los. Associado a isso, o crescimento dos estudos descritivos verificado nos últimos 3 eventos, estabelecendo um empate técnico com a metodologia líder, parece demonstrar que, superado o estranhamento inicial, os pesquisadores passaram a realizar mais experiências pedagógicas tematizando aspectos da Mídia-Educação Física na escola e na formação acadêmica inicial e continuada de professores de Educação Física. Neste sentido, pode-se destacar como lacuna a ser superada a pouca expressão representada pelos estudos de pesquisa-ação, pesquisa participante e estudos etnográficos, que seria de se esperar tivessem maior ênfase por serem desenhos metodológicos mais pertinentes com a prática pedagógica, essencialmente participativa. Resta ainda reconhecer os esforços dos pesquisadores da área no sentido de trazer para o campo de investigação o tema da mídia/comunicação, tão presente no cotidiano social e, por extensão, no âmbito da Educação Física/Ciências do Esporte.