62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
Associação da malacofauna com três espécies de algas marinhas nos recifes de Cabo Branco, João Pessoa - PB
Iapoema Cardins de Sousa Almeida 1
Thelma Lucia Pereira Dias 1
Rafaela Cristina de Souza Duarte 1
1. Universidade Estadual da Paraíba
INTRODUÇÃO:
As algas marinhas exercem um importante papel no ambiente marinho, pois representam um hábitat ideal para muitos organismos, servindo de abrigo, refúgio contra predação, local de reprodução e ainda fonte de alimento. Para a determinação dos padrões de abundância e composição das espécies animais associadas, diferentes atributos das algas podem influenciar. As diferentes formas da alga são de extrema importância, de modo que a superfície, a morfologia, o tipo de ramificação, a forma de crescimento e rigidez do talo, o grau de sedimentação, a exposição às ondas, à profundidade e as condições hidrográficas do habitat, estão entre os fatores conhecidos que afetam a distribuição e composição da macrofauna bentônica e dos inquilinos que compõem o fital. Dentre os organismos associados às algas, destacam-se pequenos moluscos como bivalves, poliplacófaros (quítons) e, principalmente pequenos gastrópodes incluindo opistobrânquios. Trabalhos abordando este tipo de relação são escassos, especialmente na Paraíba, o que justifica a necessidade de se fazer este estudo que visa inventariar os moluscos que vivem em associação com macroalgas marinhas. Foram estudadas algas com diferentes estruturas morfológicas, tais como: Sargassum sp., Lobophora variegata e Caulerpa racemosa.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada com coletas nos meses de Janeiro, Maio e Dezembro de 2009 nos recifes da praia de Cabo Branco (07° 08' 50" S e 34° 47' 51" W) localizada em João Pessoa - PB. Tufos das diferentes espécies de algas foram colhidos aleatoriamente através de mergulhos livres no período de maré baixa com profundidade variando entre 0,5 e 1,5 m. Os tufos coletados foram acondicionados separadamente em sacos plásticos contendo água do mar, levados a laboratório e submetidos à aeração antes da triagem. Já em laboratório, tendo sido feita a triagem, os moluscos foram anestesiados com cristais de mentol em água do mar, fixados e conservados em álcool 70%. A identificação das espécies foi feita através de literatura especializada.
RESULTADOS:
Foram analisados 28 tufos de algas, sendo: 8 de Caulerpa racemosa, 8 de Sargassum sp. e 12 de Lobophora variegata. Coletados 310 indivíduos distribuídos em 34 espécies e 19 famílias, dezoito delas pertencem à classe Gastropoda, duas a Bivalvia e uma a Polyplacophora. Dentre as famílias encontradas em associação, as que ocorreram nos três tipos de alga foram: Phasianellidae, Rissoidae, Columbellidae e Caecidae. Haminoeidae ocorreu apenas em Sargassum sp. Ischnochitonidae e Tellinidae apenas em Lobophora variegata. Placobranchidae e Oxynoidae foram registradas apenas em Caulerpa racemosa. Estas duas últimas famílias merecem destaque pela presença de espécies consideradas raras do grupo Opistobranchia. Elysia subornata (Placobranchidae), Petalifera sp. (Aplysiidae) e Oxynoe antillarum (Oxynoidae), por exemplo, estão sendo registradas pela primeira vez para o litoral paraibano. Foi possível observar que as espécies registradas, são, em sua quase totalidade, formas diminutas, que não excedem 1 cm em tamanho. Mesmo para as poucas espécies que podem exceder 1 cm na fase adulta, os indivíduos registrados estavam na fase jovem. Isso sugere que o microhabitat fornecido pelas algas é de especial relevância para espécies pequenas e/ou formas jovens de espécies que atingem maior porte.
CONCLUSÃO:
As algas Caulerpa racemosa e Sargassum sp. apresentaram maior número de espécies associadas quando comparadas à Lobophora variegata, o que se leva a crer que principalmente suas estruturas morfológicas podem influenciar na distribuição dos indivíduos, visto que estruturas mais ramificadas e complexas abrigam maior quantidade de espécies quando comparadas às folhosas.
Instituição de Fomento: UEPB/CNPQ
Palavras-chave: macroalgas marinhas, associação, malacofauna.