O eletrocardiograma (ECG) é um exame complementar que pode ser feito em todos os pacientes que chegam as clínicas necessitando ou não de avaliação cardíaca (FOX, 1995). É relativamente barato e extremamente útil para os clínicos e/ou cirurgiões, quando necessitam de informações sobre o "status" cardíaco. Ademais, este exame permite a avaliação preliminar de quase todas as patologias cardiovasculares (SMITH Jr e HADLOCK, 1995), que poderão ser detectadas previamente através de exames eletrocardiográficos. O objetivo deste estudo foi verificar as principais alterações eletrocardiográficas encontradas nos laudos de pacientes atendidos em um ambulatório de eletrocardiograma no município de Parintins-Am, realizados no ano de 2009, procurando ressaltar a importância desse exame para o diagnóstico precoce das possíveis afecções cardiovasculares.

Foram estudados 1396 pacientes atendidos no ambulatório de eletrocardiograma do Hospital Regional Jofre Cohen (HRJC), no período de janeiro a dezembro de 2009. O HRJC é um hospital de referência no Baixo Amazonas, que presta atendimento ao município de Parintins e municípios vizinhos. Ao paciente foi solicitado ficar em decúbito dorsal, palmas viradas para cima, com a posição das derivações precordiais (V1 a V6) corretas, sendo aplicado o gel de condução nos locais pré-determinados, como sendo a zona precordial, e membro, então conectados os elétrodos do aparelho de eletrocardiograma e assim registrado o electrocardiograma de repouso. Em seguida, enviados via internet para o Serviço de Telemedicina do Hospital Francisca Mendes, em Manaus-Am, os quais eram analisados por médicos cardiologistas que emitiam os respectivos diagnósticos médicos. Os laudos que apresentaram alterações eletrocardiográficas serviram de base para o referido estudo.  

Dos 1396 laudos analisados 658 apresentaram alterações eletrocardiográficas, desses 321 (49%) eram homens e 337 (51%) eram mulheres, sendo 78% acima de 50 anos. A doença cardíaca inclui inúmeras anormalidades anatômicas e fisiológicas de etiologias diversas. Os casos diagnosticados como Alteração da Repolarização Ventricular foram os que tiveram um número maior, com 44%, seguido de Atraso de Condução no Ramo Direito com 22%, Bloqueio Divisional Antero Superior Esquerdo 10%, Taquicardia Sinusal 7%, Hipertrofia do Ventrículo Esquerdo com 6%, Área Eletricamente Inativa em Parede Inferior e Fibrilação Atrial com 2% cada. Alterações como Sobrecarga de Câmaras Esquerdas, Extra Sístole Supra Ventriculares, Extra Sístole Ventriculares foram registrados apenas 1%. Alterações eletrocardiográficas foram mais freqüentes em pacientes do sexo feminino e acima de 70 anos de idade com 29% dos casos. Em dois pacientes, menos de 1% observou-se sinais sugestivos de infarto. A identificação do infarto no ECG se baseia na incapacidade do seguimento muscular cardíaco em conduzir impulsos elétricos, já que o infarto consiste na morte de um seguimento muscular cardíaco.

O acompanhamento dessas alterações serve para mostrar sua magnitude em termos de números, visto que os resultados demonstraram um elevado percentual de pacientes com alterações eletrocardiográficas. As principais alterações eletrocardiográficas sugerem uma alta incidência de Alteração da Repolarização Ventricular, Atraso de Condução no Ramo Direito e Bloqueio Divisional Antero Superior Esquerdo. Pôde-se observar também que, ocorreu uma maior prevalência de alterações eletrocardiográficas em pacientes do sexo feminino. Além disso, o ECG se mostrou como um exame complementar simples, seguro e de baixo custo. Baseado nesses resultados, o presente estudo mostrou a grande importância de realizar o ECG para um diagnóstico precoce das cardiopatias, onde estas informações contribuirão para o planejamento de tratamentos precoces adequados.