62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais
CARATERIZAÇÃO ENERGÉTICA DA BIOMASSA E RENDIMENTO DA CARBONIZAÇÃO DA TORTA PROVENIENTE DA FABRICAÇÃO DO BIOÓLEO DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas)
Marcela Regina Siqueira Amorim 1
Ailton Teixeira do Vale 1
1. Universidade de Brasília - UnB
INTRODUÇÃO:
O Brasil tem hoje um modelo energético baseado no petróleo.Entretanto, nosso país tem uma alta diversidade que possibilita alternativas energéticas. Entre as renováveis, encontra-se a biomassa. A biomassa é constituída no Brasil em grande parte pela madeira, cujos resíduos formam uma categoria interessante que pode ser explorada. Estudos que visem conhecer as características desses resíduos propõem a busca de alternativas confiáveis para o uso sustentado da vegetação nativa. A geração de energia a partir de hidrelétricas gera impactos socioambientais sendo uma opção insustentável e a produção e uso do biodiesel vêm sendo incentivados pelo Governo Federal. O Pinhão-Manso, Jatropha curcas L., é uma planta oleaginosa nativa do Brasil e suas sementes possuem um albúmen rico em óleo e está sendo considerado uma opção agrícola viável para a obtenção de biodiesel. O resíduo, torta, gerado na extração de seu óleo para fabricação de biodiesel, apresenta propriedades tóxicas. Uma alternativa que se apresenta para a utilização da torta é na geração de energia que se baseia no conhecimento do seu poder calorífico. O objetivo deste trabalho é determinar as características energéticas da biomassa da torta de Pinhão-Manso e o rendimento de suas carbonizações.
METODOLOGIA:
Todo o material foi fornecido pela Granjatec Internacional, Itirapina-SP, empresa que realiza a extração do óleo de Pinhão-Manso. As carbonizações e os ensaios de análise imediata (AI) realizaram-se no Laboratório de Propriedades Físicas e Energéticas de Biomassa da UnB, localizado na Fazenda Água Limpa (FAL - UnB), Núcleo Rural Vargem Bonita, Brasília - DF. Os ensaios de poder calorífico (PC) foram realizados no Laboratório de Energia da Biomassa - SFB (Serviço Florestal Brasileiro). A fim de homogeneizar o material, a torta foi misturada e seguiu, posteriormente, para carbonização e caracterização. As carbonizações foram realizadas com a torta in natura na condição natural em que esta chegou ao laboratório. As cinco carbonizações foram realizadas em mufla modelo Quimis a uma temperatura máxima de 450±10°C, durante 3,5 horas. Após cada carbonização, o licor e o carvão foram pesados para determinação dos rendimentos: gravimétrico, licor pirolenhoso e gases não condensáveis. Os ensaios foram realizados para as amostras in natura e carbonizadas. AI e PC seguiram as normas NBR 8112 da ABNT/86 e NBR 8633 da ABNT/84, respectivamente. Para isso as amostras foram trituradas, classificadas em frações intermediárias, entre 40 e 60 mesh para AI e abaixo de 60 mesh, para PC.
RESULTADOS:
Os resultados dos rendimentos das carbonizações encontrados são aproximados aos valores encontrados por Vale et al. (1996) para Eucaliptus grandis, 33,21%. O que da mesma forma acontece para o rendimento do licor pirolenhoso: para Eucaliptus grandis o RLP é de 39,55% segundo o mesmo autor, confirmando os altos valores encontrados para a torta do Pinhão-Manso. Os teores de material volátil apresentaram valores diferentes in natura e carbonizados, 77,84% e 18,27%, respectivamente, refletindo que os componentes volatilizáveis são liberados durante a carbonização, tendo relação com o alto ter de carbono fixo. Os teores de cinzas para a torta in natura (7,95%) e carbonizada (10,43%) se devem a adubação já que esta característica está relacionada com a presença de minerai. O teor de carbono fixo está indiretamente relacionado com os teores de material volátil e cinzas. Dessa forma confirma-se o esperado, pois o teor de carbono fixo na torta carbonizada foi de 71,29% e na torta in natura foi de 14,21%. Valor semelhantemente alto foi encontrado por Santiago e Andrade (2005) para lenho de Eucalyptus urophylla, 79,4% e por Andrade & Carvalho (1998) para Eucalyptus grandis, de 77,89% o que pode ser associado a altos teores de lignina, componente resistente a decomposição química.
CONCLUSÃO:
De acordo com as avaliações realizadas, a torta de Pinhão-Manso e seu carvão possuem potencial possibilidade para serem usados como insumos energéticos, uma vez que apresentam valores de carbono fixo e rendimento de carvão aproximados de valores encontrados para Eucalyptus grandis; apesar de seu carvão ter um valor menor para poder calorífico superior (PCS) quando comparado à mesma espécie (este valor para a torta in natura é maior). É necessário um estudo detalhado de parâmetros de ordem técnico-econômico ligado a produtividade, adequação de equipamento e outros fatores relacionados.
Instituição de Fomento: CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Palavras-chave: caracterização, torta, pinhão manso.