62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O SENTIDO DE ÁSKESIS COMO EIXO DO PROCESSO FORMATIVO NO ÚLTIMO FOUCAULT
Sidcléia da Silva Santos 1
1. Secretaria de Educação de Olinda - SEDO
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho aborda o sentido de áskesis (ascese) como prática fundamental para formação do sujeito ético. Na medida em que formar o humano, nesse aspecto, implica um processo em que experiências de si sobre si mesmo modificam nossa visão de mundo, estando em relação conosco e com o outro, ligando o sujeito à verdade. Foucault se reporta aos séculos I e II de nossa era, período compreendido como a "idade de ouro da cultura de si", entre os clássicos grego e romano, para nos trazer uma percepção de askesis como exercício da verdade, parte pedagógica central na preparação do sujeito para a vida. Com base nesses pressupostos, o objetivo principal da reflexão aqui proposta é: ampliar o diálogo sobre formação humana, tendo como fundamento as técnicas ou experiências pelas quais nos tornamos sujeitos de ação ética. Esse objetivo geral desdobra-se em dois objetivos específicos: 1) Problematizar o cuidado de si como processo indispensável para a formação no último Foucault; 2) Apresentar a idéia de áskesis como experiência pedagógica por excelência. As técnicas de si são "jogos de verdade" que permitem ao sujeito efetuar transformações sobre si a fim de estabelecer sua subjetividade sem o controle dos mecanismos disciplinares, mas a partir da relação que estabelece consigo.

METODOLOGIA:

A pesquisa é de base teórica, na qual os dados coletados aconteceram por meio de pesquisa bibliográfica em livros, revistas especializadas, artigos, teses e periódicos. A partir dos quais foram reunidas informações através de leituras, fichamentos, resumos, onde os elementos essenciais foram analisados criticamente. O campo de análise se concentrou nas obras publicadas da fase tardia do Michel Foucault. Principalmente o curso intitulado A Hermenêutica do Sujeito, uma investigação reconhecida por apresentar a noção de cuidado de si, através de procedimentos e técnicas de autogoverno, problematizando os modos de subjetivação antigos na constituição do sujeito ético. A forma de analise foi uma escolha motivada pelos estudos Foucaultianos, nos últimos anos de sua pesquisa, em que ele utiliza o termo problematização, que implica suscitar questões em que os resultados dessas questões possibilitarão novas perspectivas a serem analisadas e reformuladas, ou seja, um envolvimento constante com a realidade.

RESULTADOS:

Com base nos resultados da pesquisa, constatamos que a formação humana entendida como processo de cuidado, se constitui como princípio ético, de coerência entre o que somos e as funções que exercemos, sem com isso nos apegarmos aos papeis sociais que desenvolvemos na vida. Deste modo, a configuração do sujeito Foucaultiano se dá pela movimentação dos saberes das ciências sobre nós mesmos, numa trama complexa de ora aceitação, ora negação dos padrões culturais. O sujeito que mantém relação com a verdade é aquele que não se identifica com suas identidades, superando-as, mediante o exame de si mesmo, através de práticas de si, transcendendo a noção de indivíduo que é o sujeito ligado a uma identidade própria. Diferentemente da compreensão moderna que toma o acesso a verdade apenas na questão teórica do conhecimento, dissociada do agir ético, porque a verdade não depende mais de um desenvolvimento interior conseguido na dependência de um trabalho sobre si.

CONCLUSÃO:

Por fim, dentro dessa perspectiva, áskesis aparece como condição pedagógica e ética para a constituição do sujeito, pois, a formação não poderia proceder de uma lei civil nem de uma prescrição externa, uma vez que se trate de uma escolha de vida, tendo como meta a felicidade na presença de si mesmo.

Palavras-chave: Áskesis, Formação Humana, Foucault.