62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
COMPREENDENDO CONCEITOS RELACIONADOS À ÁGUA E REFLETINDO SOBRE OS PROBLEMAS AMBIENTAIS: O EXEMPLO DE UMA ATIVIDADE EXPERIMENTAL.
Carolina de Lima Alves Belo 1
Rodolfo Paranhos 1
1. Lab. de Hidrobiologia, Inst. de Biologia, UFRJ
INTRODUÇÃO:

A água é essencial à vida de todos os organismos vivos. A poluição das águas coloca em voga diversas questões, entre elas as da balneabilidade e da potabilidade. O primeiro termo indica a qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário, onde a possibilidade de ingerir quantidades apreciáveis de água é elevada. Já o segundo termo, de acordo com a portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde, denomina-se água potável aquela destinada ao consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão e não ofereçam riscos à saúde. Dessa forma, a balneabilidade das praias e rios e a potabilidade constituem pontos importantes para a qualidade de vida. A conscientização da sociedade e a sua participação na preservação dos recursos hídricos são relevantes para evitar problemas com este recurso nos próximos anos. Uma maneira de promover essa mudança de comportamento está relacionada ao ensino, principalmente relacionado à educação ambiental. A reflexão sobre essas questões permitiu a elaboração de uma atividade experimental para ser realizada durante as aulas de Ciências e de Biologia em escolas.

METODOLOGIA:
Os alunos responderam a um questionário para avaliação das concepções prévias sobre o assunto. Em seguida, foram perguntados sobre a diferença entre dois aquários com água, uma límpida e outra escura. Após anotar as respostas sobre as diferenças entre os aquários, a atividade experimental foi iniciada. Foi utilizado um kit de análise de água desenvolvido pelo Laboratório de Hidrobiologia da UFRJ que permitiu a análise de Nitrogênio total, Fósforo total, pH e Turbidez. Os outros parâmetros que compõem o Índice de Qualidade das Águas foram explicados enquanto as reações ocorriam. Durante a explicação sobre os parâmetros, os seres marinhos, como peixes, cnidários, algas, moluscos, plâncton, formaram os exemplos para o desenvolvimento da atividade. Para a demanda bioquímica de oxigênio e o oxigênio dissolvido, foram feitos desenhos de tais seres e discutidas as relações entre eles e a quantidade de oxigênio presente na água e o seu consumo. A eutrofização dos ambientes marinhos também foi discutida, principalmente durante as explicações sobre nitrogênio total e fósforo total. Após a atividade, um novo questionário foi aplicado para verificar a aprendizagem dos alunos. Os dados qualitativos foram analisados por porcentagem, já os qualitativos pela metodologia da análise de conteúdo.
RESULTADOS:

Após a análise dos resultados, verificou-se que a maioria dos estudantes considerou que nem toda água é potável e que, para saber se ela é mesmo potável, é necessário fazer uma análise. Os conteúdos apresentados também foram compreendidos por eles. Os estudantes manifestaram a presença das discussões sobre os outros parâmetros do Índice de Qualidade das Águas em suas respostas sobre o que haviam aprendido, como pode ser visto nos seguintes exemplos: "Aprendi o que é fitoplâncton", "Aprendi sobre a fotossíntese", "Sobre a relação entre o nível de oxigênio e a quantidade de seres vivos presentes nela", "A importância da luz para os seres vivos". Atividades experimentais são ferramentas preciosas para o ensino de Ciências. É fundamental que o aprendiz perceba os fenômenos científicos no seu cotidiano e que o "fazer ciência" possa fazer parte do seu pensamento. A demonstração pode se tornar um elemento eficaz para promover o desencadeamento de interações sociais dentro da sala de aula. Isso foi notado, durante as apresentações, pelo envolvimento dos estudantes não só com a atividade em sim, mas também com a curiosidade e surpresa diante dos experimentos.

CONCLUSÃO:

Ainda que atividades experimentais apresentem limitações inerentes à sua própria característica, acredita-se que quando conduzidas adequadamente elas também podem contribuir para um aprendizado significativo, propiciando o desenvolvimento de importantes habilidades nos estudantes, como a capacidade de reflexão, de efetuar generalizações e de realização de atividades em equipe, bem como o aprendizado de alguns aspectos envolvidos com o tratamento estatístico de dados para algumas séries. A atividade descrita anteriormente foi desenvolvida não só para que os estudantes pudessem aprender conceitos relativos à água, mas também para que eles refletissem sobre os temas que permeiam seu dia-a-dia. Além disso, com a prática realizada, buscamos a possibilidade de relacionar um conceito (água) abordado em vários anos da educação e em várias disciplinas do ensino formal, e também trabalhado em espaços não formais, objetivando assim formar cidadãos críticos capazes de sensibilizar a comunidade onde vivem sobre a problemática ambiental. Dessa forma, a educação ambiental resulta em boas ações para toda a comunidade em que o trabalho é executado.

Instituição de Fomento: Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ.
Palavras-chave: Análise de água, Divulgação científica, Experimentação.