62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
DIAGNOSTICANDO UM CURRÍCULO DE FÍSICA DO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO
Reynaldo Lopes de Oliveira Junior 1, 2
Gustavo Affonso de Paula 1
João Monteiro de Figueiredo Neto 1
1. Escola SESC de Ensivo Médio
2. Instituto de Física/UFRJ
INTRODUÇÃO:
Quando o professor de física se propõe a trabalhar algum conceito que fuja do tradicional, logo ocorre a pergunta por parte dos alunos: quando é que o professor vai começar o conteúdo de verdade? Por que os próprios alunos reforçam a idéia de uma física enfadonha e tradicional? Este trabalho se desenvolveu ao longo de 2009, com alunos de 13 a 16 anos, em 11 turmas de 15 alunos cada. O pano de fundo deste trabalho é a grande heterogeneidade dos alunos. Todos os Estados brasileiros mais o Distrito Federal estão representados nestes 165 alunos. A heterogeneidade é percebida quando se observa que neste grupo encontram-se aqueles que nunca tiveram contato com a física até aqueles que já tiveram três aulas semanais desta disciplina. Neste trabalho propomos analisar o currículo e o ensino de física da 1ª série do ensino médio na Escola SESC de Ensino Médio/RJ, com abordagem em conteúdos temáticos de mecânica, por intermédio das repostas dos alunos a uma série de avaliações.
METODOLOGIA:
Analisaremos as respostas dos alunos a uma avaliação diagnóstica, individual,realizada no início do ano letivo de 2010, quando os alunos já estão ingressos no 2º ano do ensino médio. Foi escolhido aleatoriamente uma amostra de alunos entre 6 turmas. Nossa avaliação diagnótica foi composta de 5 questões, sendo a primeira questão objetiva e composta por dois itens e a segunda questão também foi objetiva, as demais foram questões discursivas. Quais seriam os assuntos e/ou conceitos mais relevantes, mais citados pelos alunos? Na primeira questão, objetivamos a leitura, interpretação, cálculo e manipulação de dados físicos fornecidos por um texto introdutório relacionado à tranportes e ao consumo de combustível. A análise dimensional também foi fonte de análise. Na segunda questão objetivamos verificar qual era o entendimento do aluno a respeito da conservação da energia. Na terceira questão observamos qual era a visão de ciência e de seu alcançe que os alunos adquiriram durante o ano de 2009. Na quarta questão abordamos a relação entre a física e alguns esportes como atletismo, natação e ginástica. Também na quinta questão abordamos a relação entre a física e o esporte, só que desta vez perguntamos qual sua relação com o futebol.
RESULTADOS:
Eis os dados. Na questão 1 observou-se grande desenvoltura dos alunos em associar a unidade apresentada a grandeza energia. Ainda nesta questão foi observada uma boa capacidade por parte dos alunos em efetuar cálculos lógicos a partir da análise dimensional. Na questão 2 tivemos poucos acertos. As opções de maior escolha foram aquelas que sugerem quando há dissipação de calor e/ou envolvem energia química não há conservação de energia. Na questão 3 observou-se um bom entendimento do que é e o que diferencia a ciência do senso comum. Na questão 4 os conceitos de impulso, empuxo e atrito foram muito bem utilizados. Os esportes contextualizaram nosso 3º bimestre. O conceito abordado naquele bimestre foi o teorema do impulso. Não por conincidência, o atletismo e a natação também foram objetos de estudo no 3º bimestre da equipe de educação física da escola. Percebemos na escrita de alguns alunos alguns conceitos estudados nas aulas de educação física, por exemplo, o conceito de centro de massa, assunto que não foi visto pela equipe de física. Por fim, na questão 5 observamos certa dificuldade dos alunos em associar corretamente os conceitos de física à prática do futebol.
CONCLUSÃO:
Esta breve avaliação mostrou como foi a execução currículo de física de 2009. Os alunos mostraram-se capazes de ler e interpretar dados, apesar de uma parcela associar a unidade Tep (tonelada equivalente de petróleo) à grandeza massa. Um importante dado no foi mostrado: a associação errônea, da dissipação da energia com a não conservação da energia. A natureza da ciência se mostra bem compreendida e assimilada. Na A importância da contextualização e da interdisciplinaridade de conceitos também foi mostrada. Algumas situações foram bem significativas. Por exemplo, o tênis usado pelos atletas. Este tópico apareceu em diversos textos. Por outro lado, poucos alunos conseguiram aplicar corretamente e de maneira satisfatória os conceitos vistos a uma situação nova. O futebol não foi uma modalidade abordada por nenhuma das equipes. Assim, uma maior abstração dos conceitos deve ser o foco dos professores do 2º ano do EM. Vemos nos alunos uma excelente disponibilidade para o trabalho ser continuado e uma postura madura, revelando que a base para o ensino de calor e fenômenos climáticos, tópicos do 2º ano, poderá se desenvolver sem maiores problemas. Tratar a ciência como construção humana e introduzir os alunos a assuntos cotidianos foram os conceitos norteadores de nosso currículo.
Instituição de Fomento: Serviço Social do Comércio - SESC/DN
Palavras-chave: Currículo de Física, Análise Diagnóstica, Interdisciplinaridade.