62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PORTADORES DE HIV/AIDS SOBRE O TRATAMENTO COM ANTI-RETROVIRAIS.
Thaise Soares Dantas de Araújo 1
Ana Gabriella Medeiros de Araújo Lima 1
Ilnahra Araruna de Farias 1
Marcela Fernandes de Araújo Batista de Morais 1
Romanniny Hévillyn Silva Costa 1
Richardson Augusto Rosendo da Silva 2
1. Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA/ UFRN.
2. Profº. Dr./Orientador - Fac. de Ciências da Saúde do Trairi - FACISA - UFRN.
INTRODUÇÃO:
O uso dos anti-retrovirais no tratamento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) trouxe uma melhora significativa na qualidade de vida dos soropositivos, contribuindo para que essa doença passasse a ter características de uma doença crônica, mas apesar do grande beneficio gerado por esta terapêutica, restam ainda dificuldades a serem superadas, dentre elas, a adesão da pessoa portadora ao tratamento. A literatura tem apontado diversos fatores preditivos para a não-adesão ao tratamento com anti-retrovirais que podem ser agrupados em: fatores relacionados à pessoa sob tratamento; à doença; ao tratamento; aos serviços de saúde e suporte social. Frente a estes indicadores é necessário que sejam preparadas intervenções para que a adesão seja construída, em um processo contínuo entre o profissional e o cliente, de forma que este se aproprie de seu tratamento, compreendendo e comprometendo-se com a execução das orientações. Assim, o objetivo deste estudo foi conhecer as representações sociais dos portadores do HIV/Aids sobre o uso de anti-retrovirais e analisar sua relação com a motivação para aderir a ela.
METODOLOGIA:
Trata-se de estudo descritivo de cunho qualitativo. A pesquisa foi realizada no Hospital Giselda Trigueiro (HGT), referência para o tratamento da Aids no Rio Grande do Norte. Os sujeitos do estudo foram vinte portadores do vírus da imunodeficiência humana que iniciaram o tratamento com as drogas anti-retrovirais no ambulatório do referido hospital. Os critérios de inclusão foram: terem o diagnóstico médico confirmado de portadoras de HIV; serem maiores de 18 anos; usuários que tenham no mínimo um período de 6 meses que estejam sendo acompanhados no serviço; estarem em consulta no ambulatório do Hospital, no dia da entrevista. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para garantir o anonimato dos participantes, seus nomes foram substituídos por números. Os dados foram coletados entre setembro e dezembro de 2009, utilizando-se de uma entrevista semi-estruturada. Posteriormente, o material transcrito obtido através das entrevistas permitiu a definição do tema de análise: a adesão ao tratamento medicamentoso em seus aspectos dificultadores e as motivações para a gestão do tratamento. A análise está ancorada nos autores que discutem a dinâmica das representações sócias sobre o tratamento com os anti-retrovirais.
RESULTADOS:
As categorias que emergiram do próprio discurso dos entrevistados relacionados à adesão ao tratamento medicamentoso foram: os aspectos dificultadores e as motivações para usar os anti-retrovirais. As representações sobre a doença e seu modo de enfrentamento ressaltam a adesão aos anti-retrovirais como fator relevante, mas também trazem as repercussões dos efeitos colaterais causados como um obstáculo de difícil, mas necessária superação. Apesar dos avanços na elaboração dos medicamentos, os efeitos colaterais dos anti-retrovirais são cada vez mais frequentes e, em grande parte, são os principais responsáveis pela descontinuação da terapia. Outro ponto encontrado para a adesão ao tratamento medicamentoso foi a vontade de continuar a viver, de lutar pela vida, pois embora haja dificuldades na adesão ao tratamento, para os sujeitos a luta vale a pena. A religião é referida como um fator importante de motivação para a adesão, pois a busca da espiritualidade fornece uma base de apoio para que as pessoas vivam suas vidas e até mudem sua forma de levar a vida.
CONCLUSÃO:
Este estudo possibilitou perceber que a Aids é uma doença que traz para a vida da pessoa transformações, novos sentimentos, desesperança, medo, preconceito e incertezas. Nesse contexto, o tratamento medicamentoso se apresenta como uma esperança de prolongar a vida. No início do tratamento, os usuários depositam a esperança nos anti-retrovirais, como se fosse algo que pudesse resolver seus problemas. Com a utilização dos remédios específicos, começam a sentir que, por traz dos benefícios, existem dificuldades que precisam ser superadas. Diante dessa nova realidade, necessitam descobrir estratégias de enfrentamento para que continuem a busca pela vida. Assim, aderir ao tratamento passa por uma relação entre usuário, serviço de saúde e profissionais de saúde, na qual o usuário deve ser colocado como sujeito dessa ação, porque o tratamento, na maioria das vezes, é conduzido no domicílio.
Palavras-chave: AIDS, Anti-retrovirais, Participação do paciente.