62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
IMPACTOS DOS EFEITOS GENÉTICOS DE DOMINÂNCIA EM POPULAÇÕES SELECIONADAS E SUBMETIDAS A ACASALAMENTOS NÃO-ALEATÓRIOS
Déborah Galvão Peixôto Guedes 1
Ricardo Frederico Euclydes 2
Elizângela Emídio Cunha 3
1. Depto. de Zootecnia, UFRN
2. Depto. de Zootecnia, UFV, Viçosa/MG
3. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Biologia Celular e Genética, UFRN
INTRODUÇÃO:
O ganho genético por seleção está associado à existência de variabilidade genética da característica quantitativa a ser melhorada. O crescente interesse pelos efeitos genéticos não-aditivos de dominância baseia-se no uso de modernas biotecnologias reprodutivas, bem como no uso de sêmen de poucos reprodutores de mérito genético comprovado, ampliando o grau de parentesco na população dentro e entre gerações. Isto se justifica pelo aumento no número de progênies de irmãos completos, que compartilham 25% da variância de dominância. Segundo Ishida & Mukai (2004), quando as características sob seleção são afetadas por esse tipo de ação gênica, a inclusão dos efeitos de dominância, além dos efeitos aditivos, nos modelos de avaliação genética contribui para aumentar a acurácia das avaliações. A aplicação de sistemas de acasalamentos não-aleatórios é considerada uma alternativa para reduzir as taxas de endogamia, em populações selecionadas. A redução da endogamia está relacionada ao controle do grau de parentesco na população, concorrendo para o aumento da resposta genética nas características sob seleção. Este estudo teve por objetivo avaliar os efeitos de dominância sobre o ganho genético e a endogamia média em populações selecionadas e submetidas a diferentes tipos de acasalamentos.
METODOLOGIA:
Por meio do programa Genesys (Euclydes, 1996) foi simulado um genoma-padrão com as seguintes características: 4.000 cM de comprimento total; 36 pares de cromossomos autossômicos; 600 locos quantitativos bialélicos distribuídos ao acaso pelos cromossomos; freqüência inicial do alelo favorável com média de 0,50, independente do sexo; efeitos aditivos dos genes seguindo a distribuição normal e efeitos de dominância completa (d/a=+1) com distribuição uniforme. Foram avaliadas duas características quantitativas: uma de baixa (0,10) e outra de alta (0,50) herdabilidade. Sequencialmente foram obtidas: uma população-base, uma população inicial e as populações de seleção fenotípica ao longo de 10 gerações consecutivas e discretas considerando-se 30 repetições por geração. Os reprodutores selecionados para pais da geração seguinte foram acasalados segundo quatro esquemas: acasalamentos ao acaso (AA); exclusão de acasalamentos entre irmãos-completos e meios-irmãos (EICMI); acasalamentos dos melhores machos com as melhores fêmeas ou acasalamentos ordenados positivos (OP); e acasalamentos dos melhores machos com as piores fêmeas ou acasalamentos ordenados negativos (ON). Foram avaliados a endogamia média e o ganho genético por seleção, geração por geração, para todas as populações estruturadas.
RESULTADOS:
Sob alta herdabilidade, a endogamia média foi mais elevada nos acasalamentos ordenados positivos (OP) e mais baixa nos de exclusão entre irmãos completos e meios irmãos (EICMI). Os acasalamentos ordenados negativos (ON) resultaram em endogamia média similar à do tipo EICMI a partir da oitava geração. Na maioria das gerações, o ganho genético foi mais alto e semelhante entre os acasalamentos ao acaso (AA) e ordenados positivos (OP), apresentando-se reduzido nos acasalamentos ordenados negativos (ON). Neves et al. (2009), simulando seleção baseada no BLUP, herdabilidade 0,40 e modelo genético aditivo, obtiveram melhor progresso genético com uso de acasalamentos OP associados a sêmen sexado. Sob baixa herdabilidade, os acasalamentos AA, OP e ON resultaram em coeficientes de endogamia média próximos e superiores aos resultantes com uso dos acasalamentos EICMI, em todas as gerações, corroborando com Wang (1997). Quanto ao ganho genético, os resultados oscilaram bastante em todos os esquemas de acasalamento ao longo das gerações, sendo que os acasalamentos OP resultaram em maior ganho genético pelo menos nas primeiras gerações. Na seleção fenotípica e BLUP, os acasalamentos não-aleatórios teriam como principal objetivo reduzir as taxas de endogamia na população (Caballero et al.,1996).
CONCLUSÃO:
Os acasalamentos com exclusão entre irmãos completos e meios-irmãos mostraram-se mais eficientes em conter a elevação da endogamia média, independentemente da herdabilidade da característica, enquanto os acasalamentos ordenados positivos tenderam a proporcionar maior ganho genético.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Efeito genético não-aditivo de dominância, Endogamia média, Ganho genético.