62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 3. Pastagem e Forragicultura
DIVERGÊNCIA GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE SORGO FORRAGEIRO POR MEIO DE ANÁLISE DE AGRUPAMENTO
Renata Georgia Lima de Araújo 1
Elizângela Emídio Cunha 2
João Maria Pinheiro de Lima 3
1. Departamento de Zootecnia, UFRN
2. Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Biologia Celular e Genética, UFRN
3. Pesquisador da EMBRAPA/ EMPARN
INTRODUÇÃO:
O uso do sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) na alimentação animal vem sendo investigado em função do seu elevado potencial produtivo e tolerância à seca e altas temperaturas, o que é importante nos sistemas de produção de regiões sujeitas a secas e que não dispõem de irrigação (Oliveira et al., 2002). A avaliação da divergência genética entre um grupo de genitores tem por objetivos: identificar as combinações híbridas de maior efeito heterótico e maior heterozigose, de sorte a aumentar a chance de recuperação de genótipos superiores em suas gerações segregantes; e fornecer informações sobre os recursos genéticos disponíveis auxiliando na localização e intercâmbio dos mesmos (Cruz et al., 2001). Na predição da divergência genética, primeiro são estimadas as distâncias ou medidas de dissimilaridade entre os genótipos, para o que a distância generalizada de Mahalanobis é muito apropriada. Na etapa seguinte, os genótipos são reunidos por meio de técnicas multivariadas de agrupamento, levando-se em conta a matriz de suas distâncias. Uma técnica bastante usada no melhoramento genético tem sido o método de otimização de Tocher. Neste estudo foi avaliada a divergência genética entre genótipos de sorgo forrageiro por meio de análise de agrupamento com uso do método de otimização de Tocher.
METODOLOGIA:
O experimento foi realizado entre abril e agosto de 2006 na Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte, em Canguaretama, RN. Foram avaliados 29 genótipos de sorgo forrageiro oriundos da EMPARN e do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), dispostos em delineamento experimental de blocos ao acaso com três repetições. Cinco características agronômicas foram avaliadas: florescimento inicial (em dias); altura da planta (m); matéria verde (t/ha); matéria seca (t/ha); e porcentagem de sobrevivência (%). Utilizando-se análise estatística multivariada foram obtidas as matrizes de (co)variâncias e correlações genotípicas, fenotípicas e residuais. A distância generalizada de Mahalanobis (Rao, 1952) foi adotada como medida de dissimilaridade entre os genótipos que, na sequência, foram agrupados com uso do método de otimização de Tocher, segundo o qual a média das medidas de dissimilaridade dentro de cada grupo deve ser menor que as distâncias médias entre quaisquer grupos. A adequação da partição dos grupos foi testada por meio da análise discriminante de Anderson (1958); e a importância relativa dos caracteres para a divergência, por meio da metodologia de Singh (1981). Todas as análises foram feitas por meio do programa computacional GENES (2001).
RESULTADOS:
O valor máximo das distâncias de Mahalanobis foi de 203,625 entre os genótipos 80Ca84-01Ca87-B1SB88-BCa89 e IPA 10-11; e o mínimo de 0,124 entre os genótipos 43-70-02 e 18-Ca84-B1Ca87-SB88B-Ca89. Foram formados três grupos de genótipos: (I): 43-70-02; 18-Ca84-B1Ca87-SB88B-Ca89; 24Ca84-B1Ca87-B2SB88-BCa89; 41-Ca84-BCa87-B1SB88-BCa89, 25Ca84-B1Ca87-B1SB88-BCa89; ST87-18;ST88-01;ST89-01;ST90-01;ST91-13;Vit91-B;Ca92-B; 41-Ca84-BCa87-B2SB88-BCa89; 25-Ca84-B2Ca87-B1SB88-BCa89; 52Ca84-BCa87-B1SB88-BCa89; 41Ca84-BCa87-B1SB88-BCa89; 25Ca84-B2Ca87-B1SB88-BCa89; 46-Ca84-B2Ca87-B2SB88-BCa89; 63Ca84-B1Ca87-B2SB88-BCa89; 10-Ca84-B1Ca87-B1SB88-Ca89; 38-Ca84-B2Ca87-B2SB88-BCa89; 68-Ca84-BCa87-01SB88-01SB89; FORRAGEIRO CHOCOLATE; 02-03-01; FORRAGEIRO VERMELHO; 80Ca84-01Ca87-B1SB88-BCa89; IPA 467-4-2; T6 (467-4-2 R1); SF 25 e 10-Ca84-B2SB88-BCa89; (II): FORRAGEIRO TESE-25; T 34 (SUDAN 4202 R1); FORRAGEIRO TESE-33 e BRS PONTA NEGRA; e (III): IPA 10-11. As médias dos caracteres nos respectivos grupos I, II e III foram: 73,04; 73,67 e 83,33 dias (floração inicial); 3,46; 2,14 e 1,33 m (altura da planta); 49,16; 40,10 e 15,40 t/ha (matéria verde); 17,12; 10,01 e 4,50 t/ha (matéria seca); e 92,71; 89,29 e 30,57% (sobrevivência). Os genótipos foram mais divergentes entre si quanto à altura da planta.
CONCLUSÃO:
Os genótipos mais divergentes entre si foram 80Ca84-01Ca87-B1SB88-BCa89 e IPA 10-11, enquanto os mais semelhantes foram 43-70-02 e 18-Ca84-B1Ca87-SB88B-Ca89. Os genótipos foram separados em três grupos mutuamente exclusivos, sendo que os genótipos do grupo I foram geneticamente mais semelhantes entre si do que os do grupo II. Isto sugere que as recombinações entre genótipos do grupo I podem proporcionar menor variabilidade se comparadas às recombinações entre materiais do grupo II. Os cruzamentos entre os genótipos do grupo I com o genótipo do grupo III podem proporcionar genótipos superiores em gerações avançadas. A característica que mais contribuiu para a divergência genética entre os genótipos estudados foi a altura da planta; enquanto o número de dias para o florescimento inicial foi pouco relevante.
Instituição de Fomento: Banco do Nordeste do Brasil - BNB
Palavras-chave: Divergência genética, Distância generalizada de Mahalanobis, Método de otimização de Tocher .