62ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 4. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca - 5. Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca
REDUÇÃO DA PROTEÍNA EM DIETAS PARA A TILÁPIA DO NILO, PELA SUPLEMENTAÇÃO DE AMINOÁCIDOS COM BASE NO CONCEITO DE PROTEÍNA IDEAL  
Ana Carolina Quibao 1
José Sergio Righetti 1
Themis Sakaguti Graciano 1
Wilson Massamitu Furuya 1
1. Departamento de Zootecnia UEM
INTRODUÇÃO:

A tilápia do Nilo é uma das espécies mais importantes para a piscicultura devido à rápida taxa de crescimento, adaptação a diversas condições de criação, possuir carne com boas características organolépticas ".

A formulação de dietas com excesso de proteína para atender a exigência de aminoácidos é economicamente inviável, além de causar impactos negativos ao meio ambiente, uma vez que o nitrogênio é considerado a principal fonte de poluição na piscicultura, podendo resultar em eutrofização excessiva, com produção de compostos tóxicos que irão prejudicar as características organolépticas da carne dos peixes. A possibilidade de redução da proteína da dieta já foi demonstrada em dietas para tilápia do Nilo (Furuya et al., 2005; Botaro et al., 2007).

Apesar da importância econômica da espécie em diversos países, poucas pesquisas foram realizadas com objetivo de reduzir o conteúdo de proteína por meio da suplementação de aminoácidos em dietas para peixes. Assim, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a redução da proteína da dieta por meio da suplementação de aminoácidos sintéticos L-lisina, DL-metionina, L-treonina e L-arginina, sobre o desempenho produtivo, digestibilidade aparente e diâmetro da fibra do músculo branco da tilápia-do-nilo.

METODOLOGIA:

O trabalho foi realizado no Laboratório de Aquicultura-DBI/UEM, durante dezembro durante 110 dias. Foram utilizados 160 peixes, distribuídos em 16 tanques (1m3 cada) de recirculação, em um delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições. Os peixes foram alimentados com dietas contendo 26,74; 25,82; 23,09 ou 22,16% de proteína digestível.

A taxa de eficiência protéica, retenção de nitrogênio e retenção de lipídios na carcaça inteira dos peixes foram calculadas de acordo com Jauncey e Ross (1982).

Foram coletadas amostras da porção mediana superficial do músculo dorsal direito de três peixes de cada tanque para mensuração do diâmetro das fibras (Pullen, 1977). Os cortes foram submetidos à técnica Hematoxilina e Eosina (HE) (Lillie, 1954) e o diâmetro das fibras musculares foi determinado segundo Dubowitz e Brooke (1973). A digestibilidade foi realizada conforme Pezzato et al. (2002). Os coeficientes de digestibilidade da energia e nutrientes das dietas foram determinados de acordo com a expressão proposta por Nose (1960).

As análises químico-bromatológicas das dietas e da carcaça foram realizadas segundo Silva e Queiroz (2002).. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão polinomial, utilizando-se o programa SAEG da UFV (1982).

RESULTADOS:

Não foi observado efeito dos níveis de PD sobre o ganho de peso diário, índice hepatosomático, gordura visceral, rendimento de filé, umidade, proteína bruta e cinzas na carcaça, cinzas no filé, sobrevivência, diâmetro das fibras brancas do músculo dorsal e disponibilidade do cálcio. Com a redução dos níveis de PD foi observado redução linear sobre os coeficientes de digestibilidade aparente da energia bruta, proteína bruta, extrato etéreo e fósforo das dietas. Foi observado efeito quadrático dos níveis de proteína sobre a conversão alimentar, taxa de eficiência protéica, retenção de nitrogênio, nitrogênio excretado, umidade no filé, gordura na carcaça e no filé e proteína no filé, em que os melhores valores foram estimados com 24,53; 24,25; 24,04; 25,15; 24,67; 24,14; 24,34; 25,11% de proteína digestível, respectivamente. Concluiu-se que é possível reduzir a proteína em dietas para a tilápia-do-nilo de 26,74 para 24,53% (Tabela 1).

Foram obtidos valores médios de 71,21 ± 5,71; 69,05 ± 3,74; 66,15 ± 3,15 e 66,40 ± 3,93 µm de diâmetro das fibras brancas para os peixes alimentados com dietas contendo 26,74; 25,82; 23,09 e 22,16% de proteína digestível, respectivamente.

 

CONCLUSÃO:
Concluiu-se que é possível reduzir o conteúdo de proteína digestível de 26.74 para 24,53% em dietas para a tilápia-do-nilo, para melhores resultados sobre a conversão alimentar, utilização do nitrogênio, composição química da carcaça e do filé, sem efeitos negativos sobre os demais parâmetros de desempenho produtivo.
Instituição de Fomento: IC, Fundação Araucária/SETI
Palavras-chave: aminoácido, digestibilidade, tilápia.