62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE Tabebuia avellanedaei SOBRE EXSUDATOS DE ÚLCERAS POR PRESSÃO
Emiliana de Omena Bomfim 1
Giani Maria Cavalcante 1
Marcileide da Silva Santos 1
1. Centro Universitário CESMAC - Faculdade de Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO:
Úlceras por pressão são definidas como áreas de morte celular que se desenvolvem quando o tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura, por um período de tempo duradouro. A contaminação bacteriana de úlceras crônicas é uma ocorrência universal e inevitável. A contaminação bacteriana de úlceras crônicas é uma ocorrência universal e inevitável. Por envolver a pele e tecidos adjacentes, a UP ocasiona a má circulação sanguínea local, gerando necrose, ulceração da pele e demais tecidos e infecção secundária crônica, tornando-se um excelente meio de cultura para o desenvolvimento de muitas espécies bacterianas, graças ao material exsudativo, seroso, crostoso ou hemorrágico presentes na superfície da mesma. Para combater esse e outros agravos, 80% de uma população de 4 bilhões de pessoas  utilizam as plantas medicinais como fonte terapêutica para seus cuidados primários de saúde, dado que legitima a necessidade do fomento a pesquisas capazes de refutar ou corroborar o senso popular no que tange a medicina tradicional. O ipê roxo (Tabebuia avellanedaei) é um conhecido produto nordestino utilizado no combate a infecções em feridas crônicas, como por exemplo, as úlceras por pressão (UP). Nesse sentido, este estudo teve o escopo de investigar o potencial antimicrobiano da espécie vegetal Tabebuia avellanedaei, ipê-roxo, sobre colônias bacterianas do exsudato de úlceras por pressão.
METODOLOGIA:
As amostras clínicas foram coletadas de úlceras por pressão de 6 pacientes atendidos pela Associação de Deficientes Físicos de Alagoas (ADEFAL) sob aprovação do comitê de ética com protocolo nº440/08. Os inóculos foram feitos com o auxílio de Swab de algodão estéril em placas de Petri contendo nutriente Ágar Sangue e posteriormente incubados em Estufas Bacteriológicas por 24 horas à uma temperatura de 35 °C. Procedeu-se a suspensão em solução fisiológica 0,9% (p/v) até obter-se a turvação equivalente a 0,5 da escala de Mac Farland. Uma alíquota dessa suspensão foi semeada em placas de Petri com Mueller-Hinton, espessura de aproximadamente 4 mm. O material vegetal testado consistiu em folhas e lascas de casca-tronco da espécie Tabebuia avellanedaei, provenientes do Viveiro Florestal do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Estas foram submetidas a secagem, inicialmente em temperatura ambiente e completada em estufa a 50 °C até obter-se um teor-padrão de umidade de 20%. Os vegetais (caule e folha do ipê-roxo) foram reduzidos ao estado de pó através de moagem e padronizados com auxílio de tamises de 150 e 75 μm. O pó resultante foi misturado a água destilada na proporção de 10% (m.v-1). Para avaliar a atividade antimicrobiana foram utilizados discos de papel de filtro estéreis com 6 mm de diâmetro saturados com10 µg de cada extrato (caule e folha). Como controle positivo foram utilizados discos de Gentamicina e como controle negativo água destilada.
RESULTADOS:
 Após 24 horas de incubação a 36 °C a leitura dos antibiogramas evidenciou inatividade antimicrobiana de ambos os órgãos da planta, dado este que torna inócua a utilização desta planta no tratamento de UP: prática bastante comum na cultura terapêutica brasileira, em especial nordestina. O levantamento literário elaborado por diversos autores constataram a presença de ação antimicrobiana do extrato de Ipê-Roxo (caule). Cumpre ressaltar, contudo, que apesar das assertivas literárias desfavoráveis, os mesmos autores, ao avaliarem experimentalmente o extrato de Ipê-roxo (caule) constataram, em consonância com esta pesquisa, inatividade  antimicrobiana do caule de Ipê roxo contra 10 bactérias, das quais, 4  gêneros foram testados nesta pesquisa, fato que autentica com maior precisão a inatividade do caule de Ipê-roxo contra as bactérias de úlceras por pressão. Quanto a atividade antimicrobiana da folha de Ipê-roxo, é desconhecido algum estudo que tenha avaliado esta característica deste órgão específico, restando apenas a constatação de que o  seu emprego contra bactérias de exsudatos de UP é inapropriado.
CONCLUSÃO:

A inatividade antimicrobiana do Ipê-roxo (folha e caule) torna inócua a utilização destas plantas como fonte terapêutica de úlceras por pressão. Constatações como estas se revestem de particular importância porque assumem um caráter de alerta a população que faz uso do ipê-roxo no tratamento de infecções. Os resultados desta pesquisa revelam ainda necessidade da persistência em aprofundar os experimentos de determinação da atividade antimicrobiana do Tabebuia avellanedae (ipê-roxo), em especial, pesquisas que determinem a Concentração Inibitória Mínima (CIM) dessa substancia, ou seja, a concentração ideal para uso eficaz das mesmas contra bactérias patogênicas, haja vista que a concentração utilizada neste estudo pode ser inferior aquela necessária para que o Ipê-roxo demonstre potencial antimicrobiano.

Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL)
Palavras-chave: Tabebuia avellanedaei, Atividade Antimicrobiana, Úlceras por pressão.