62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS LÚDICAS E ANALOGIAS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM EM CIÊNCIAS DA NATUREZA. UMA ANÁLISE DO ENSINO DA TEORIA DA ENDOSSIMBIOSE SEQUENCIAL.
Luiz Rafael Silva da Silva 1
Alessandro de Sant'Anna 1
1. Escola SESC de Ensino Médio/ ESEM
INTRODUÇÃO:
Dentro do currículo de Biologia, o papel da abstração na construção dos conhecimentos é fundamental. Muitos dos componentes curriculares não se mostram acessíveis materialmente aos alunos do Ensino Fundamental e Médio. Desta forma, o processo transicional de uma ruptura com a única utilização do concreto necessita do uso de ferramentas lúdicas, evitando assim uma passagem abrupta de conceitos exercidos cotidianamente pelo aluno antes de ingressar no ensino Médio. O assunto Endossimbiose surge em Biologia frequentemente como um anexo abordado de maneira a apenas prestar contas nas escolas, traduz a impressão da impossibilidade de aplicação deste conteúdo no viver do aluno, ou mesmo da dificuldade de levá-lo a compreender, por meio de uma analogia todo o sistema de formação dos seres eucariontes. Analogias fazem parte de nosso cotidiano na medida em que comparamos sistemas similares entre si. Este trabalho tem por objetivo mostrar a utilização de mídias lúdicas no ensino de Biologia, utilizando o assunto "Endossimbiose", levando a associação de conceitos abstratos por meios concretos, mostrando a aplicação destas ferramentas em sala da aula, discutindo-se as possibilidades de modificações no método do ensino de Ciências, no que tange ao aprendizado de teorias.
METODOLOGIA:
O trabalho se realizou durante as aulas de Biologia do 1º ano do Ensino Médio, na Escola SESC de Ensino Médio. Foram dedicadas à esta prática um número de três aulas, divididas em: Aula expositiva em forma lúdica; confecção de uma própria história em quadrinhos que expressasse a teoria da Endossimbiose; e leitura da história feita pela turma, com comentários críticos dos próprio alunos. Na primeira parte do trabalho, foram utilizados slides com imagens lúdicas, utilizando analogias, para que o aluno pudesse associar a idéia com algo contextual. Logo em seguida, foram mostradas imagens expressando o processo real para que o aluno pudesse fazer as associações necessárias. Na segunda parte, os alunos foram divididos em cinco grupos, responsáveis pela elaboração de uma página de quadrinhos, que contasse a história proposta, utilizando argumentos de prosa. Foram distribuídas folhas com alguns modelos de desenhos para cada grupo. Para que a história tivesse sentido, os grupos deveriam se comunicar e estabelecer acordos, observando o andamento dos outros grupos. Na terceira parte, cada grupo deveria ler a sua página da história para toda sala, com o intuito de corrigir a história geral. No final, a turma deveria analisar se a história estava coesa e com as informações reais.
RESULTADOS:
Dentro da metodologia empregada em oito turmas, foram obtidos resultados acima do esperado. Esperávamos dentre os resultados, uma maior interação das turmas, proporcionando melhorias no trabalho em equipe, além de um bom entendimento da endossimbiose. Examinando todo o processo, vimos que os alunos de todas as turmas integrantes procuraram se aprofundar no assunto, pesquisando em livros que não fossem apenas didáticos, e sim em livros e artigos científicos, até mesmo em inglês. Além disso, pôde-se notar que as histórias elaboradas em cada turma, por mais que fossem condizentes com o assunto empregado, depois das correções feitas pelas próprias turmas, diferiam no teor acadêmico e no teor lúdico. Algumas turmas apresentaram maior rigor e seriedade nas histórias preparadas, enquanto outras mostraram maior preocupação com o envolvimento do leitor, colocando trechos cômicos na história, sem perder o critério científico. As turmas foram posteriormente avaliadas de duas formas, a primeira com uma avaliação em debate, colocando as possibilidades da ocorrência da endossimbiose dentro dos tempos atuais e a segunda de forma lúdica, com uma prova utilizando somente analogias. Em ambas os resultados foram acima do que é considerado satisfatório qualitativamente.
CONCLUSÃO:
Dentro da proposta de trabalho, pôde se observar um interesse maior dos alunos em relação à disciplina de biologia e o assunto abordado. A utilização das ferramentas lúdicas, como as histórias em quadrinhos, proporcionou uma aprendizagem mais agradável, já que muitos estudantes nesta faixa etária têm um contato maior com esse tipo de mídia. Nota-se também que este tipo de trabalho gera certa autonomia do aluno quanto à manutenção de seu aprendizado, podendo ele exercer um trabalho mais aprofundado em relação às pesquisas para a realização do projeto, além disso, o mesmo pode definir uma linha de trabalho visando atingir um público alvo e também exercitar questões de relacionamento e trabalho em grupo. O projeto também foi uma boa maneira de promover a integração das turmas, podendo este, ser utilizado logo no início do ano letivo, ainda mais com o assunto abordado, já que o mesmo é matéria introdutória de vários assuntos em biologia. Considerando tais benefícios, conclui-se que a busca por metodologias que envolvam a ludicidade como ferramenta principal, traz ao aluno uma forma de aprendizado eficiente e não traumática.
Instituição de Fomento: Serviço Social do Comércio - SESC/ Departamento Nacional
Palavras-chave: Ensino de Biologia, Ferramentas lúdicas, Endossimbiose.