É bem estabelecido que a atividade física contribui com efeitos positivos na saúde e na manutenção de uma elevada qualidade de vida em idosos. Embora, a mensuração da atividade física possa ser realizada por meio de questionários, esta avaliação é mais complexa em idosos do que em outras populações, pelo fato destes deixarem de executar atividades laborais e se ocuparem, na maior parte do tempo, em realizar atividades domésticas, o que torna necessário o uso de instrumentos específicos para esta população. Neste sentido, este estudo objetivou avaliar a reprodutibilidade e a validade do questionário de atividade física habitual Baecke Modificado (QBM) em idosos saudáveis.

Noventa idosos saudáveis responderam o QBM em duas visitas: teste (QBM1) e re-teste (QBM2), com um intervalo de 15 dias, aplicados pelo mesmo observador. Após a aplicação do QBM2, foi realizado o teste de Shuttle (TS) para avaliação da capacidade física destes indivíduos. A reprodutibilidade do teste e re-teste foi avaliada por Wilcoxon, análise dos coeficientes de correlação intra-classe (CCI) e disposição gráfica de Bland-Altman. A validade foi testada pelo coeficiente de correlação de Spearman entre o QBM2 e a distância percorrida no teste de Shuttle.

Os domínios de atividade de vida diária (AVD), esporte e lazer mostraram elevada concordância entre o teste e re-teste (CCI: 0,76; 0,77 e 0,79, respectivamente, p≤0,001 para todos os domínios).  Da mesma forma, o escore total do QBM mostrou excelente reprodutibilidade (CCI: 0,76, p≤0,001). De acordo com nossos resultados, diferentes estudos analisaram a reprodutibilidade do questionário de Baecke versão original, o qual à exceção do domínio AVD, apresenta questões de atividades de lazer e atividades esportivas idênticos aos do QBM em idosos.  Foram obtidas correlações significantes entre a distância percorrida no TS e os escores de lazer (r = 0,20; p ≤ 0,05), esporte (r = 0,43; p ≤ 0,05) e total (r = 0,53; p ≤ 0,05) do QBM. Assim, sugere-se que o TS associa-se melhor com atividades dinâmicas do que com atividades funcionais. Um ponto de destaque do nosso estudo consiste no fato de que baseado na mediana (μ=9,16) do escore total do QBM foi possível estratificar dois grupos de idosos (ativos e sedentários) de acordo com o nível de atividade física.

A versão em língua portuguesa do QBM proposta no presente estudo demonstrou ser reprodutível e válida em idosos, e ainda pode classificar esta população como sedentários e ativos, sendo mais uma opção para avaliação e classificação do nível de atividade física habitual da população idosa brasileira. Adicionalmente, profissionais clínicos poderão conhecer melhor o idoso a respeito de suas atividades habituais, o que pode contribuir para direcionar estratégias de intervenção.