O problema do uso e conservação dos recursos naturais é objeto de debate e conteúdo das escolas de educação básica. Por isso, o presente trabalho teve como objetivo verificar a compreensão dos estudantes do modulo II, da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola pública estadual no ano de 2009, sobre sobrevivência humana  em dois municípios (Jatobá e Tacaratu) Sertão Submedio do São Francisco, no Estado de Pernambuco. O principal foco, a existência de estudos governamentais, sobretudo, no Nordeste para desvendar os impactos desenfreados do uso humano seja na flora, na fauna e nos meios hídricos a fim de potencializá-los de informações para uma relação sadia entre sobrevivência e aspectos ambientais saudáveis.

A investigação privilegiou a pesquisa qualitativa, por contar com sujeitos reais e foi organizada em três atividades pedagógicas em torno das quais o estudo foi desenvolvido. Primeiro, em sala de aula, cujos conteúdos foram: localização geográfica, clima, relevo, vegetação (reflorestamento); historicidade e identidade dos moradores (escolaridade, cidadania), intervenção do ser humano; problemas estruturais e saúde enfrentados pelos trabalhadore(a)s;  educação e  sobrevivência  no uso dos recursos explorados. Em seguida, a formação de uma equipe de estudo com realizações de conversas e discussões periódicas; construção de banco de dados e finalmente a excursão didática aos municípios. O fechamento do trabalho foi concluído na escola de origem dos estudantes  com exposição de fotografias, seminários, produção das experiências observadas; criação de uma literatura que permitisse aos leitores perceberem o valor do produto pelo trabalho. A escolha dos municípios pernambucanos, em estudo, ocorreu por estarem na divisa com outro Estado (Bahia). O primeiro (Jatobá), por conter uma hidrelétrica; o segundo (Tacaratu), por destacar-se na confecção de redes, fonte de exploração e sobrevivência entre compradores e produtores.

Os resultados obtidos mostraram, por comparação, uma contradição entre as informações veiculadas pela mídia e os depoimentos e interpretações dos moradores: estes não conseguem perceber a presença do governo local, nas políticas públicas locais. Com relação ao uso da água, sentem-se excluídos do seu direito  de usufruí-la por serem obrigados a comprá-la diariamente em carros pipas. No que se refere à depredação da natureza (flora), pelos moradores, para confecção de redes, são utilizados para fins de sobrevivência por conta do desemprego. O roteiro de depoimentos foi realizado mantendo a fidelidade das informações. As observações efetivadas foram bastante satisfatórias possibilitando detectar em diversos momentos, situações que problematizaram questões referentes  a realidade dos moradores.

Ressalta-se em termos de conclusão que, as concepções prévias dos estudantes foram ao longo do estudo sendo alteradas no  confronto entre o conhecido e o vivido a partir de fatos, mediados por uma consciência reflexiva e compartilhada capaz de questionar  o cenário atual  construído a partir de duas realidades distantes das suas. Frente a esse desafio, foi oportuno verificar que os educandos, na identificação da complexidade do estudo, compreenderam que, as alternativas para minimizar os impactos desenfreados no aspecto ambiental, acontecem nos espaços sociais do diálogo, na inquietação da consciência reflexiva dentro e fora da escola, na vontade política de alterar os modelos políticos vigentes.