62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
CASA PADRE MELOTTO - PIA SOCIEDADE DE PADRE NICOLA MAZZA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE QUÍMICA
Ciele Ribeiro Lins 1
Ivan Mendes Dionízio 1
Alfredo Arnóbio da Gama 2
1. Depto.de Química Fundamental, CCEN - UFPE
2. Prof. Dr./Orientador - Depto.de Química Fundamental, CCEN - UFPE
INTRODUÇÃO:
A Pia Sociedade de Don Nicola Mazza, Casa Padre Melotto é uma instituição que desenvolve um programa de formação integral para jovens de famílias de baixa renda que cursam o ensino médio em escola pública, atuando em parceria com a Secretaria da Educação do Estado e escolas estaduais. Tal entidade traz a esses jovens a complementação do ensino e reforço escolar, encontros de formação humana e atividades culturais. Os currículos tradicionais de Química têm enfatizado aspectos mais conceituais dessa disciplina, desvinculando tais conceitos dos seus contextos de criação e aplicação. Há uma ênfase maior à memorização do que ao estabelecimento de relações entre os conceitos e o contexto de aplicação desses conteúdos. O desafio pelo qual se deve passar é a objetivação de um ensino de Química que possa contribuir para uma visão mais ampla do conhecimento, trazendo uma união entre a compreensão do mundo físico e a construção da cidadania, para que o conhecimento adquirido seja socialmente relevante, para o aluno. Este relato de experiência mostra como as atividades nesta organização não-governamental são realizadas de forma a contemplarem estas necessidades no ensino específico da disciplina de química para o ensino médio.
METODOLOGIA:
No início de cada atividade ou conteúdo são explicados para os alunos o que se espera deles, o que será abordado e com que objetivos. Procura-se estimular a participação oral dos alunos com suas experiências de vida e os conhecimentos prévios que utilizam em seu dia a dia, permitindo ao monitor introduzir conhecimentos científicos que possam ser relacionados a esses saberes cotidianos. São utilizadas aulas expositivas ou textos de uma forma explícita, apresentados como transparência ou slide, elaborados com o objetivo de propiciar aos alunos a oportunidade de entrar em contato com diversos fenômenos físicos e químicos e buscar compreendê-los à luz da realidade deles. Aulas com práticas químicas também são realizadas, sendo interessante destacar que, ao realizar essas atividades envolvendo teoria e prática, além de observarem os fenômenos, anotar dados e comparar os resultados obtidos com o que se esperava obter, os alunos respondem a questões preliminares relacionadas aos fenômenos que serão estudados, bem como discutem as causas de divergências e formulam novas explicações. Após a realização das atividades sempre é organizada a conclusão do assunto abordado com os alunos, a fim de observar se houve compreensão dos princípios científicos estudados.
RESULTADOS:
A explicitação das metas a serem alcançadas na aula é necessária em um processo de ensino - aprendizagem que exige formas diferenciadas de organização da mesma, tentando não centrar a aula apenas na figura do professor. A forma de abordagem visando uma maior participação oral dos alunos possibilita-nos, na sala de aula, a construção de conhecimentos significativos num processo comunicativo e de compartilhamento de conhecimentos. Vale ressaltar que uma aula expositiva não quer dizer que não se tenha a participação do alunado, assim como aulas com atividades práticas ou em grupo não garantem o envolvimento de todos os alunos. Com a frequência de aulas com práticas os alunos adquirem uma melhor compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, na construção de atitudes para o interesse pelo conhecimento científico. Desenvolver junto aos discentes uma conclusão para o assunto explanado na aula permite aos mesmos ter mais segurança sobre que conceitos foram desenvolvidos e quais as dificuldades ainda por superar. Através de avaliações discursivas, é observado que realmente com esta forma de abordagem são atingidos os objetivos propostos no início das aulas, contribuindo de maneira significativa para o aprendizado dos alunos sem que seja exigida a mera repetição de conceitos.
CONCLUSÃO:
O ensino de Química, assim como das demais ciências, jamais deve ser mostrado como acabado, pronto e finalizado. Deve ser colocado como um processo contínuo que garante a participação conjunta de todos, sempre aberto ao diálogo, à construção e a novas perspectivas. Perceber a necessidade em assumir uma postura não só crítica, mas também reflexiva da nossa prática educativa diante da realidade e a partir dela, para que possamos buscar uma educação de qualidade de acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) nº 9394/96 é uma necessidade para a formação docente no Brasil. O professor deve exercer o papel de um mediador entre a sociedade e a particularidade do educando, despertando no mesmo a consciência de que ele não está pronto ainda, aguçando nele o desejo de se complementar, capacitá-lo ao exercício de uma consciência crítica de si mesmo, do outro e do mundo, como dizia Paulo Freire. Tais atividades na Casa Padre Melotto servem para mostrar que aprender química pode ser prazeroso ao alunado, e ainda contribuir na formação humana e cidadã de cada um, ao buscar respostas aos problemas e aspirações do ser humano na contemplação, formação e superação de novos horizontes.
Instituição de Fomento: Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Superior - MEC/ Sesu.
Palavras-chave: Aulas de monitoria, Experiência Pedagógica, Ensino de Química.