A dependência e o abuso de álcool e o consumo do tabaco representam um grande problema de saúde pública; desempenham papel importante em uma série de problemas sociais, pessoais e de saúde, especialmente nas últimas duas décadas. É comum os jovens intensificarem o uso dessas substâncias ao ingressarem no ensino superior, talvez por conta do livre acesso ao álcool e ao cigarro no grande número de bares e barracas instaladas ao redor dos estabelecimentos de ensino. O fato dos alunos da área de saúde serem aqueles que levarão noções de saúde básicas para a população - sendo eles também os maiores conhecedores das conseqüências orgânicas, psíquicas e sociais das drogas - torna interessante saber como eles se comportam em relação ao uso do tabaco e álcool. Este trabalho teve como objetivo geral analisar a prevalência do uso do álcool e tabaco nos estudantes da área de saúde de uma faculdade de Maceió.

Trata-se de um estudo transversal e descritivo, composto por 300 estudantes da área de saúde dos cursos de medicina veterinária, odontologia, enfermagem, psicologia, fisioterapia e nutrição.

Na coleta de dados foi utilizado um questionário de autopreenchimento, composto por questões referentes ao álcool e ao tabaco, retiradas do questionário utilizado no primeiro Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil; além de um questionário psicossocial, com intuito de colher mais informações sobre a vida dos estudantes. Utilizou-se o teste-t de duas amostras, presumindo variâncias equivalentes.

Verificou-se que a maioria dos participantes da pesquisa é do gênero feminino: 72,67%. 27,33% são do gênero masculino. A média de idade dos participantes é de 23,34 anos (DP = 5,45). Em relação às bebidas alcoólicas, 75,66% dos estudantes afirmam ter usado, enquanto 24,34% afirmam que nunca fizeram uso. Em relação ao tabaco, 27% dos estudantes assinalaram já ter feito uso, enquanto 73% afirmam nunca ter usado.

Em relação ao gênero e ao uso das substâncias lícitas, o estudo apontou que, no universo pesquisado, dos que fizeram uso de álcool, 52% são mulheres e 23,67% são homens. Dos que fizeram uso do tabaco, 16% são mulheres e 11% são homens. É importante destacar que, em relação ao uso dessas substâncias, o percentual de mulheres foi maior que os dos homens, já que o número de participantes mulheres foi maior que o de homens. Mas, quando se analisa o uso de tais substâncias proporcionalmente, os homens usam mais álcool e tabaco que as mulheres. Referente à idade que tinha quando fumou e bebeu pela primeira vez, os estudantes possuem uma média de 15,5 anos (DP = 3,69). A fim de analisar se havia relação entre a idade de início do uso de tabaco e do álcool, os dados obtidos confirmam que não existe diferença significativa entre as idades dos estudantes que fazem uso de tabaco e álcool (Stat  t = 1,668; P (T<=t) bi-caudal = 0,097).

Conclui-se que, de modo geral, mais mulheres usaram álcool e tabaco que os homens. Porém, analisando o uso de tais substâncias proporcionalmente, os homens usam mais álcool e tabaco que as mulheres. A partir dessa análise, fica mais nítido que os homens, apesar de serem minoria na pesquisa, usam mais drogas lícitas que as mulheres. Há um consumo elevado de bebidas alcoólicas (75,66%) entre os estudantes da área de saúde. Diferente do tabaco, que apresentou consumo relativamente baixo (27%). É preciso haver um projeto que vise à promoção de saúde dentro das faculdades, alertando sobre as conseqüências do uso sem limites do álcool e dos prejuízos causados pelo tabaco.